quarta-feira, 13 de abril de 2005

Medo

Para encerrar minha noitada de atualização do blog, mais uma de minhas poesias que concorreu à Semana da Poesia de alguns anos atrás, ficando entre as finalistas, mas conseguindo o prêmio de melhor intérprete (ou declamador), para o amigo Carlos Miranda. Mais uma vez usei um de meus pseudônimos:
Degredo
Augusto Teixeira

Tenho medo de ter medo
do medo que não sei ter.
(O segredo é o arremedo
do medo de dizer)

- Teria eu, medo de ser?
- Medo de perecer no degredo?
Meu medo é o arremedo
do medo de não medrar...

[Narciso não nasceu indeciso.
No siso de seu sorriso,
refletiu-se o medo
de sua coragem,
por não saber que sua miragem
no espelho refletida,
seria o fim de sua vida]

Não tenho medo de espelhos!
Tenho medo, sim,
dos olhos vermelhos,
que choram lágrimas virginais
e projetam a loucura plácida
dos voyeurs e débil mentais

Não me cedo tão cedo
ao desejo de fenecer.
Nem me excedo ao ledo
engano de renascer.

Meu medo é o enredo
do medo de me olhar
no fundo do espelho
dos olhos vermelhos,
de menstruar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Jota, tudo bem?
Muito boa a iniciativa de criar um blog.
Gostei muito, principalmente, dos teus comentários e das tuas "crias". A última então,Degredo, é maravilhosa.Tua veia poética é sensacional!Sempre gostei dos teus textos, agora tenho a oportunidade de lê-los madrugadamente.Acesso todos os dias, quer dizer, todas as madrugadas.Não vou pra cama, sem antes 'zapping'pelo blog do Jota.
Um grande abraço,
Carla