Os bastidores da disputa pela
prefeitura
a poucos dias da definição de candidaturas para 2012
Uma Rocha caiu e o Tapajós se expandiu alagando as ruas da política santarena.
Essa é a síntese nos bastidores
partidários peemedebistas, às vésperas das grandes definições sobre os
candidatos que disputarão a sucessão de Maria do Carmo (PT), em 07 de outubro. O
deputado Antonio Rocha (PMDB), como foi anunciado ontem no Blog do Jeso (e que já
vinha sendo antecipado em outros blogs e jornais locais nos últimos dias),
acabou renunciando à sua candidatura. E depois de uma conversa com o morubixaba
de seu partido no Pará (Jader, aquele) liberou a assunção à candidatura do
vereador José Maria Tapajós em seu lugar, ele que há muito aguarda uma chance
para voos mais altos que suas seis legislaturas desde 1988!
A renúncia do deputado se deveu
ao fato de seu filho José Antonio Rocha, vice-prefeito de Maria do Carmo (PT),
ter assumido a prefeitura e assinado documentos como prefeito, em abril,
inviabilizando a candidatura do pai, como informou o jornalista Alailson Muniz (leia AQUI).
Mas afinal, a atitude de José
Antonio foi um mero descuido ou uma grande armação?
Pai e filho: traição? |
Uma fonte do PMDB me disse ontem
que o deputado reuniu a família em fevereiro para anunciar sua pretensão de
concorrer à Prefeitura. José Antonio, segundo a fonte, teria aproveitado para
dizer que queria ser candidato a vereador. Mas o pai afirmou que o escolhido da
família para esta função seria o suplente de vereador Erlon Rocha. José Antonio
teria sido avisado que à partir de então não poderia mais assumir a prefeitura.
Isso indicaria que não foi um mero descuido do bacharel em Direito José Antonio
Rocha. Vingança por ser esnobado pelo pai?
Outras versões indicam que a boa
relação entre José Antonio e Maria do Carmo, teriam sido a base da decisão de
assumir o mandato fora do prazo, numa armação contra o pai (talvez pelos mesmos
motivos já mencionados), como forma do PT puxar o tapete do líder peemedebista em
sua pretensão de repetir o feito de 2004, quando Rocha separou-se do grupo de
Lira Maia e Alexandre Von, lançando sua candidatura e contribuindo com a vitória
de Maria.
Sorriso de prefeito, finalmente? |
Há ainda quem diga que houve má fé
dos petistas com José Antonio fazendo-o assumir o mandato, ou até alguma
recompensa pecuniária no meio de tudo...
Todas as especulações citadas
podem estar erradas. Aí nos sobraria a imagem de um vice ingênuo que se esqueceu
da recomendação e aceitou ser prefeito, sem se dar conta das conseqüências de
seu ato? Difícil acreditar. Contra isso corrobora outra informação que recebi
de dentro do PMDB: José Antonio vai tentar eleger sua sogra, ex-agente
penitenciária, como vereadora...
E a indicação de José Maria Tapajós,
acende as esperanças da Martilândia (família Martins, do PT), de se reaproximar
dos peemedebistas....
Enquanto isso na Martilândia, a
bateria de Inácio quase pegou fogo...
A prefeita Maria do Carmo amarga índices
de rejeição, no final do mandato, que só não superam a ex-governadora Ana Júlia,
pole position nesta modalidade. Mas isso nunca abalou a confiança da Martilândia
(família Martins, do PT), que comanda a tendência petista conhecida por Unidade
na Luta (UL). De forma atabalhoada, depois que seu irmão Carlos Martins foi
derrotado nas eleições de 2010, Maria quis dar uma de Lula de saias e anunciou
que seu candidato era o micro empresário Inácio “das Baterias” Corrêa. Talvez
fosse a energia que o mandato precisaria. Ao invés disso, o PT se envolveu numa
disputa interna, principalmente com o ex-vereador Pedro Peloso, que fez muito
barulho em 2011, até desistir e voltar a cuidar de sua tentativa de retornar à
Câmara.
O que os irmãos Martins – à frente
o todo-poderoso Everaldo – não esperavam era um início de motim de suas bases
da UL, cansadas do despotismo Martiniano. Tendo à frente o sociólogo Antonio
Bentes, iniciou-se uma conversa à boca pequena de que Inácio deveria se afastar
da imagem de “capacho dos Martins” e reviver os tempos em que era uma das
principais lideranças da extinta tendência petista ecológica AD (Alternativa
Democrática), capitaneada pelo padre Edilberto Sena e que atuava juntos aos
jovens e ás ONGs ambientalistas como GDA e Ceapac.
Inácio, sem bateria? |
Aliás, grande parte dos
integrantes da UL, inclusive Antonio José, participava daquela tendência, que
elegeu como vereadores entre 1988 e 1992, Socorro Pena (ex-esposa de Everaldo)
e Marcos Magalhães (atual presidente do PSDB). Todos foram sendo cooptados pela
caneta de Everaldo e ganhando espaços no governo, desde a desastrada gestão de Ana
Júlia.
O fato é que a Martilândia sentiu
o cheiro de motim e recrutou imediatamente Socorro Pena para desarticular o que
consideravam crime de lesa-pátria! Socorro começou a ser cogitada como nova opção
caso as pesquisas não indicassem uma subida de Inácio. A teia da traição contra
a traição começou a ser tecida, inclusive com um processo de fritura no atraso
de liberação de verbas para que a Seminf, comandada por Inácio, asfaltasse
algumas vias e ajudasse a melhor sua imagem. No auge da fritura e com o anúncio
da candidatura de Antonio Rocha, os Martins chegaram a cogitar a troca de Inácio
por Edmilson Santos, secretário de Finanças, como foi dito aqui no blog!
Na semana passada, as bases da UL
se rebelaram contra o golpe e numa reunião tensa questionaram a armação, que
teve apoio da sempre subserviente tendência PT pra Valer, representada pelo sempre
inexpressivo Juca Pimentel. Os Martins costuraram o apoio dessa tendência para
desbancar Inácio. No auge do debate, Inácio chegou a dizer que desistia de sua
candidatura, mas foi salvo pelo gongo por nada mais, nada menos que Pedro Peloso,
líder da tendência AS (Articulação Socialista)! O antigo opositor da candidatura de Inácio
pediu vistas do procedimento, dando tempo dos demais membros da UL se
articularem e aumentarem o coro na próxima reunião.
Os Martins, percebendo que não
conseguiriam derrubar Inácio, desistiram do golpe e convocaram a imprensa para dizer que tudo ia
bem... Déspotas devem saber a hora de recuar, antes de perderem seus pescoços
na guilhotina...
Mas que ninguém duvide que o próximo
passo dos Martins será oferecer a cabeça da chapa ao PMDB de José Maria Tapajós,
com Inácio Corrêa como vice, numa dobradinha que fatalmente acabaria com a
intenção de Lira Maia eleger o seu capacho, Alexandre Von, para a prefeitura...
Jatene e Helenilson ainda
infernizam vida de Lira Maia
O bonachão Alexandre Von tem
aparecido na mídia peesedebista com cara de menino feliz, crente que
finalmente vai ter um novo brinquedinho em suas mãos tecnocratas, em 2013. O sorriso forçado
de Alexandre, tendo como fundo Santarém – obra de "arte" do marketeiro do NÃO ao
plebiscito, Orly Bezerra – é o escárnio à inteligência de quem sabe qual é a
VONtade do "grande" deputado...
Literalmente pesado para alçar vôo,
o tucano se apega à popularidade vitaminada - pós-plebiscito - de seu guru Lira
Maia. E até algum tempo parecia que já havia até apaziguado as tentativas de
Jatene de melar o pacto Von/Maia. Mas começam a ressurgir sinais de que Jatene,
e seu novo pupilo, o vice-governador Helenilson Pontes (PPS), o famoso “Bananilson”,
e seu eterno aliado deputado Nélio Aguiar (PMN), ainda vão dar dor de cabeça
aos dois.
A dupla do NÃO ao Tapajós! |
Badi, vice? |
Um paraibano com síndrome de Ronaldinho
Considerado como um dos grandes
articuladores dos bastidores da política santarena, o advogado Osmando
Figueiredo (PDT), parece que entrou em parafuso. Através de um dos blogs que
mantém na internet, Osmando já indicou seu filho Bruno Figueiredo para prefeito e vice-prefeito de quase todos os candidatos!
Osmando: Ronaldinho Gaúcho |
Esta semana, ao saber que a cúpula
petista pode fechar com o vereador Reginaldo campos (PSB) para vice, o
paraibano pirou e anunciou que ele mesmo será candidato a prefeito de Santarém!
Será o fim do reinado de Osmando
nas entranhas de governos municipais?
Não. Osmando não é vencido facilmente,
mas com certeza nunca esteve numa sinuca de bico como agora. Ele vive a “síndrome
de Ronaldinho Gaúcho”, aquela em que o cara é craque, mas nenhuma torcida o
quer em seu time...
Uma candidatura verde que ainda não
amadureceu
Erik não está maduro.... |
Outra desistência anunciada há
muito tempo também se confirmou ontem (11/06): o médico Erik Jennings acabou
atendendo aos apelos da família e não será mesmo candidato. Na semana passada a
tão esperada renúncia (muita gente tinha medo da terceira via e torcia por
isso) chegou a ser publicada por blogs e jornais, mas o médico filiado ao PV
convocou líderes de alguns partidos, entre eles o PC do B com o qual vinha
conversando desde o ano passado, para dizer que sua desistência não era
definitiva acendendo parcas esperanças, que ontem se dissiparam.
O caminho de Erik e seu grupo de
ecologistas e profissionais liberais será apoiar o tucano Alexandre Von, ao
contrário do caminho que o presidente e único vereador do PV, Valdir Mathias,
deve tomar: de manter-se no bloco petista.
Se essa intenção de Valdir se confirmar,
após as eleições o grupo de Erik, conhecido como Paju, deixará de ser verde e
provavelmente migrará para o ninho tucano...
(fotos do Blog do Jeso, do jornal O Impacto, do Blog do JK, e do Blog do Osmando)
(fotos do Blog do Jeso, do jornal O Impacto, do Blog do JK, e do Blog do Osmando)
Um comentário:
Sem entrar no mérito de tuas afirmações e ou conjecturas... Parabenizo pela ótima redação, muito gostosa de de se ler!
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