Recebi do produtor cultural santareno, Paulo Cidmil (irmão do músico Guilherme Taré), radicado no Rio de Janeiro e filiado ao PPS/STM, uma análise à luz dos fatos descritos na minha nota Traições, desistências, frituras e puxadas de tapetes.
Reproduzo abaixo, a nota na íntegra:
A despeito da legislação que
estúpida e equivocadamente estabelece um prazo, datas e períodos para se fazer política, a eleição de 2012 já
esta na pauta do dia. Acompanhando as discussões estabelecidas nos diversos
blogs e sites, isso fica evidente.
A falta de uma candidatura capaz
de tirar o eleitor da apatia atual se justifica pela ausência de políticos que
tragam credibilidade ao ato de fazer política. É tudo muito previsível e todos
sabem para onde vai a carroça e quais os interesses que serão atendidos no caso
dessa eleição plebiscitária que nos é oferecida há 16 anos entre o grupo de
Lira Maia e o grupo PT/PMDB, para ser mais explicito: os Martins e Antonio
Rocha. Esse cenário político é desolador. Se nas últimas eleições a ausência e a
anulação do voto chegou aos 25%, é possível que alcancemos os 30% ou quem sabe
um pouco mais nessas eleições.
Em 2004 o eleitor foi às urnas depositando
suas expectativas de mudanças na candidatura de Maria do Carmo Martins. Passada
a euforia inicial, já em 2006, podíamos ver que o arco de aliança do governo
Ptista de Maria era um balaio de gatos fisiológico. Sem um programa de governo,
esteve mais para uma sociedade de cotas, onde o objetivo sempre foi chegar e
permanecer no poder a qualquer custo e por todos os meios.
A frase mais significativa da nova realidade a
nós imposta pelo governo da mega coligação Ptista, melhor dizendo dessa
sociedade de cotas com dinheiro público, foi proferida pelo deputado Antonio Rocha
quando reivindicou um “naco” do Hospital Regional. O ato mais emblemático foi a
nomeação de Osmando Figueiredo como Secretário da Agricultura, individuo preso
e acusado de grilagem de terra no exato momento em que iniciava o governo
Maria. Logo, o clima de otimismo e a
esperança que a eleição de Maria injetou na população, tomou um choque de
realidade.
Se é possível apontar alguns
avanços pontuais do governo Maria em relação ao período Lira Maia, como é
evidente na política e gestão da educação e também nas questões ambientais, no
caso específico dos Ptistas, que são um pouco mais sensíveis ao problema. É
possível também dizer que o governo de Maria do Carmo foi pífio, atabalhoado e
sem planejamento, sempre com inaugurações e ações eleitoreiras às vésperas das
eleições.
Basta comparar o volume de
recursos que ingressaram no município nos 8 anos do governo Lira Maia e nos 8
anos de Maria do Carmo, logo fica evidente que o governo Maria podia ter feito
muito mais. O que Maria do Carmo fez muito bem, foi criar cabide de empregos
para agasalhar os aliados e estruturar uma máquina Ptista com intuitos
eleitorais.
Desde o final de 2006 fica
evidente que o governo Maria, desprovido de programa e qualquer traço
ideológico, não traria avanço social significativo. Santarém apenas trocava um grupo por outro com a mesma característica
essencial ou seja a apropriação do poder
para atender demandas partidárias, realizar contratos que hoje são alvo de inquérito,
caso de Lira Maia e que no futuro bem próximo serão, caso de Maria do Carmo.
Faltou a ambos, programa de governo, espírito público, ética e seriedade na
gestão do dinheiro público.
Se em 2004 Maria era uma
esperança de mudança, em 2008 se reelegeu não mas por significar novos
horizontes, e sim porque a conjuntura estadual e nacional a favorecia. O povo sem
opção viável, entendia que o retorno de Lira Maia isolado do governo estadual e
federal seria um retrocesso. Maria conseguiu fazer um segundo governo pior que
o anterior, mesmo com mais recursos e a presença de investimentos do Governo Federal
cuja gestão ainda será alvo de muito esclarecimento.
Agora vai para as eleições com
mais uma atabalhoada sequencia de inaugurações eleitoreiras, tentando passar atestado de idiota ao eleitor.
Subestima-nos a tão ponto que insiste em um candidato que nem poste consegue
ser, um poste não tem autonomia e não tem propostas, mas todos conseguem vê-lo. Inácio Correa é
invisível, parece que sua natureza o formatou para ser sombra, não passa
firmeza e a população sabe que como prefeito será um obediente auxiliar dos Martins e seu grupo
Ptista.
Em uma eleição majoritária, bem
mais que a legenda, o eleitor visualiza o candidato. É o candidato que terá ou
não a capacidade de mobilizar a atenção do eleitor, que terá ou não a
capacidade de alimentar a esperança do eleitor em dias melhores. Assim,
chegamos à eleição de 2012, e nos é dado como fato consumado mais uma eleição
plebiscitária entre dois grupos desgastados, carentes de credibilidade, que não
corresponderam às expectativas da população.
Sem opção, apático, sem
compreender a ciranda partidária e de saco cheio dos governos Lira Maia e da
Ptista Maria do Carmo o eleitor precisa de uma injeção de novas ideias, capazes
de lhe devolver o entusiasmo. Precisa de propostas viáveis que venham de
encontro aos seus anseios de mudança, mas, sobretudo, precisa de alguém em quem
possa confiar, capaz de introduzir uma nova energia no processo eleitoral, que
represente um movimento comprometido com mudanças e avanços sociais, gente que
esteja mobilizada pelo espírito público e compromissos com o futuro das novas
gerações.
Desde 2006 o quadro político vem
nos trazendo novos nomes e consolidando outros já há algum tempo na cena política. Tivemos o vice-governador Odair Correa que se
perdeu nos deslumbres da função, e que, como ele mesmo já me afirmou, sofreu
sabotagens e fogo amigo de toda espécie e direção, mas é fato que não soube ter
habilidade política para fazer valer o pouco que lhe coube no latifúndio Ptista
de Ana Julia. Sucumbiu como candidato a
Deputado Federal com uma votação pífia e teve votação ridícula na cidade de
Santarém.
Vimos surgir Helenilson Pontes, para
um principiante, e a despeito da campanha milionária para os padrões de nossa
região, com excelente resultado nas urnas quando de sua candidatura a Deputado
Federal. Assim como Odair Correa, elegeu-se vice-governador graças a composição
política que levou Jatene ao poder e pela recusa de outros membros do PPS que
declinaram do convite para ser vice.
Nessa breve trajetória Helenilson
Pontes revelou-se um exemplo de covardia política quando se eximiu em ter uma
participação efetiva no plebiscito, coisa que nem o governador Jatene fez. Vive
agora de tentativas de emplacar como um bom executivo na gestão pública, lança novidades como factoides. Andou
fazendo negócios da “China” para o povo
paraense, assim como já se saiu com a ideia de uma ALCA para Santarém e depois
na carona do Senador Flexa Ribeiro propôs uma ZPE.
Há pouco tempo lançou no ar o seu
novo projeto: criou um tributo estadual
sobre a extração mineral. No caso de o Supremo declarar a
Inconstitucionalidade, o que provavelmente irá acontecer, esse será o grande
Mico do governo Jatene e Helenilson será o nosso Mico Leão Dourado. Com o
agravante de ter sido omisso diante do maior evento político da história de Santarém
e região, quando estava em jogo a nossa autonomia política e econômica.
Nélio Aguiar, principal
representante do povo nordestino de nossa região, assim como Emir Aguiar e
Helenilson Pontes, é sempre mencionado como possível candidato a Prefeito de
Santarém. Além de médico atuante é um dos principais divulgadores da cultura
nordestina. Dinâmico, tem experiência legislativa, já foi gestor do Hospital Municipal
e presidente do principal clube social de Santarém, o Atlético Cearense e
apesar de toda essa exposição, não se
sabe o que pensa Nélio Aguiar politicamente, parece insípido, inodoro e incolor.
Nélio não tem bandeiras nem
posicionamento ideológico, não se manifesta sobre questões ambientais, não
sugere políticas econômicas, tem uma tímida atuação na área da saúde, seu campo
profissional, se esquivando dos
confrontos de ideias e sobre concepções de gestão na área da saúde. Nélio está sempre afeito a uma composição que
possa trazer benefício a ele e seu grupo. Como os outros dois principais líderes
da colônia nordestina, Emir e Helenilson, Nélio pratica a política do macaco,
só solta um galho quando a outra mão ou o rabo já está seguro em outro. São
políticos cujos ideais são sempre a própria sobrevivência política e a permanência
no poder.
Os Correa, com um século de
presença no poder municipal, dessa vez
não tem cacife para a disputa. Maurício Correa é uma ficção com pífia atuação
na Câmara Municipal e seu irmão um desastre na Secretaria do Meio Ambiente.
Assim Rui Correa retorna para ocupar uma vaga de vereador e garantir o poder de
barganha dos Correa para aquinhoar bons “nacos” da administração pública. Seja
qual for o governo, os Correa vão querer cadeira no poder, e se recusados,
estarão conspirando contra.
16 anos de Maia e Martins... |
Dentre os nomes que nos surge
como alternativa, a grande novidade sem duvida
vem das fileiras do Partido Verde, Erik Jennigs, médico conceituado,
mesmo antes de possuir filiação partidária manifestava-se como cidadão e também
nunca se omitido como profissional.
Sempre se manifestando sobre os problemas do Hospital Municipal, esteve desde o primeiro momento reivindicando
a abertura do Hospital Regional, na
época, alvo de disputa política partidária, que só prejuízos trouxe a nossa
população.
Professor universitário,
jovem, adepto de um estilo de vida
alternativo, praticante de esporte, sempre se posicionou como ambientalista
combatendo a ocupação das praias por jipeiros e rallys de motocicletas, e sobre
tudo, procurando veicular informações sobre questões relacionadas ao meio
ambiente e ecologia. É médico dos índios
Zoé, um dos poucos povos indígenas isolados da Amazônia, também um respeitado
neurocirurgião, que mesmo podendo exercer sua profissão com êxito e grande
visibilidade em um grande centro, escolheu Santarém para trabalhar e
viver.
Sem fazer política partidária ou
de conveniência, Erik Jennigs é um ser político. Sempre firme nos seus
posicionamentos, não se esquiva dos problemas relacionados à classe médica com
declarações corporativas. Com grande sensibilidade social, esteve ao lado da
população, especialmente dos que não tem recursos e precisam dos serviços
públicos de saúde, sempre combatendo o
descaso do Município e Estado reivindicando melhores condições de atendimento e
trabalho. Hoje dirige o Hospital Regional, que certamente continua a ter muitos
problemas, mas com toda certeza, agora possui regras e essas regras são
respeitas, não sendo mais terreiro de políticos dando jeitinho para atender
suas demandas e mandando mais que médicos e funcionários dentro do hospital.
Ético, honesto, íntegro, independente
financeiramente por sua qualificação profissional, Erik Jennigs ainda não tem o
seu nome massificado junto a nossa população, mas goza de credibilidade que
nenhum candidato, pré-candidato ou político de Santarém se aproxima. Para os
que conhecem sua conduta profissional e como cidadão Erik é uma unanimidade.
Certamente, hoje, seria o único candidato capaz de contagiar grande parte dos
eleitores desencantados com a política, especialmente os jovens e a comunidade
acadêmica, onde é conhecido e admirado.
Outras opções com vasta
experiência em pleitos eleitorais são José Maria Tapajós e Reginaldo Campos,
mas ambos não conseguem ultrapassar os seus feudos eleitorais e os limites da
política clientelista de atendimento as suas comunidades.
Mas é bom considerar que
Reginaldo Campos e Marcio Pinto são ótimos nomes para uma candidatura a
vice-prefeito. E que PSB e PSOL são partidos importantes na composição de uma
frente de oposição aos dois grupos políticos hegemônicos PT/PMDB (Martins
/Antonio Rocha) e PSDB/DEM (Von/Maia). Se unidos, PSB, PSOL, PC do B, PPS e
PARTIDO VERDE podem determinar a diferença e dar ao eleitor uma real
alternativa de mudança, sentimento que já
é latente no seio da sociedade.
São partidos com perfil
ideológico claro, comprometidos com as demandas populares e podem estabelecer
uma aliança alicerçada em um programa de governo. Juntos terão tempo de Rádio e
TV e militância suficiente para levar a campanha às ruas. Só precisão de muito
espírito público, nenhuma vaidade, terem
a real noção de seu capital político e saberem onde e como cada um pode
contribuir para fazer crescer a campanha. A eleição para Prefeito de Santarém é
decidida na sede do município, em sua área periférica e urbana, onde se concentra
a maioria dos eleitores e área onde uma candidatura alternativa como a de Erik
Jennigs pode crescer e se tornar vitoriosa.
Todos nós que sonhamos com
mudança, estamos diante de um momento em que é preciso ter coragem e
desprendimento. Coragem não significa risco gratuito nem atitude suicida;
bravura não é bravata e muito menos blefe, recurso comum aos trapaceiros.
Coragem é uma atitude necessária e inadiável que trás consigo o risco de perdas
e de confronto com o status quo. Essa atitude, se determinada, pode significar
libertação, mudança, transformação, ruptura com algo que nos oprime e que se
impõe acima de nossas vontades.
PS. Esse texto foi escrito há
cerca de 30 dias quando ainda não havia sido veiculada a noticia que Erik
Jennigs teria desistido de sua candidatura. Não gosto da ideia de esperar mais
4 anos e ter que aceitar mais uma eleição plebiscitária entre o ruim e o
péssimo. Continuarei trabalhando por uma alternativa comprometida com o futuro
e as mudanças que Santarém tanto precisa.
Não conheço Rubson Santana e o
pouco que sei do PSC é que seria um
Partido que segue orientação humanista cristã. Pela disposição do Partido de enfrentar
o coro dos contentes e propor uma candidatura, seria mais uma sigla para compor
uma frente de pequenos partidos na direção de uma candidatura única. (Paulo Cidmil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário