sábado, 19 de julho de 2014

Sinjor/PA pode recorrer à Justiça contra empresas de rádio e televisão de Santarém

André Serrão (foto Roberta Vilanova)
 “Todas as decisões de convenção coletiva de trabalho entre os sindicatos de trabalhadores e patronal, tomadas em Belém, devem beneficiar todos os jornalistas do Pará, sem distinção”. A afirmação foi feita pelo advogado do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor/PA), André Serrão, durante o encontro realizado pela entidade na última quinta-feira (17/07), na sede da OAB/Santarém, para um público de cerca de 50 jornalistas locais. O encontro foi coordenado pela presidente do Sinjor/PA, Sheila Faro, juntamente com outros diretores, inclusive a presidente eleita em junho passado, Roberta Vilanova e seu vice, João Freitas, além de Eliete Ramos, responsável pela secretaria de formação sindical, que serão empossados em agosto.
Serrão garantiu que o Sinjor vai analisar todas as denúncias de desvio de funções e descumprimento das cláusulas da convenção coletiva do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Pará (Sertep), que forem encaminhadas ao sindicato. “Inicialmente vamos tentar um acordo via administrativa para tratar sobre o assunto e caso não obtenhamos resposta, recorremos à Justiça do Trabalho”, sentenciou. Atualmente apenas duas empresas de Santarém são filiadas ao Sertep, sendo que uma delas tem até representante na diretoria eleita ano passado. “O fato das demais empresas não estarem filiadas ao Sertep, não implica que não cumpram as normas da convenção coletiva”, enfatizou Serrão. Com relação às empresas de jornal impresso e internet, o Sinjor deverá discutir um acordo à parte.
Sheila Faro: "Vamos nos assumir
como jornalistas" (foto Roberta Vilanova)
O advogado disse ainda que as empresas locais vêm adotando há anos as normas previstas no acordo coletivo realizado pelo Sindicato dos Radialistas de Santarém, sem fazer distinção dos jornalistas que buscaram a capacitação, adquirindo diplomas em faculdades locais nos últimos quatro anos. Segundo dados apresentados por membros da Diretoria Regional provisória do Sinjor, há pelo menos 120 profissionais atuando com produção de informação nos vários veículos de comunicação de Santarém e dois terços destes já conseguiram seus diplomas.
Filiação – muitas perguntas foram feitas pelos jornalistas e repórteres cinematográficos presentes ao encontro, sobre a situação dos profissionais locais que recebem hoje o piso salarial da categoria dos radialistas em torno de R$ 780,00, além de horas trabalhadas a mais e acúmulo de funções não remuneradas. Os diretores do Sinjor reafirmaram a necessidade de todos se assumirem como jornalistas e participarem do processo de filiação ao sindicato, para fortalecer a luta dos jornalistas paraenses. Vários jornalistas diplomados presentes aproveitaram a ocasião e entregaram documentação para a filiação no Sinjor.
Filhos de jornalistas, recém-nascidos,
também participaram
do encontro (foto Ronilma Santos)
Alguns cinegrafistas também se filiaram no ato, já que para eles não há a exigência do diploma. “Vou me encarregar pessoalmente junto à SRT (Superintendência Regional do Trabalho) na capital, em regularizar a situação dos repórteres cinematográficos de Santarém para que possam ser reconhecidos não mais como operadores de unidades portáteis e sim como repórteres cinematográficos, pois é o que são”, disse João Freitas, que também exerce essa função sendo bastante aplaudido pelos presentes.
O jornalista Miguel Oliveira, proprietário do jornal online EstadoNet questionou o porquê do Sinjor não aceitar a filiação de jornalistas sem-diploma, uma vez que existe a determinação do STF – Supremo Tribunal Federal, da não-exigência do diploma para a contratação de jornalistas pelas empresas. Sheila Faro informou que essa é uma posição política da Fenaj – Federação Nacional de Jornalistas, definida em congresso recente, como forma de fortalecer a luta pela volta da obrigatoriedade do diploma, através de projeto que tramita no Congresso Nacional.
Diretoria do Sinjor tira dúvidas
dos jornalistas de Santarém (Foto Joab Ferreira)
 “O Sinjor/PA juntamente com outros dois sindicatos posicionou-se contrário à essa tese, mas fomos voto vencido nesse encontro e diante disso respeitamos a democracia e acatamos a proposta”, disse Sheila Faro. Ela reconheceu que os jornalistas que já conseguiram se formar nas duas faculdades particulares de Santarém fizeram um esforço enorme em conseguir essa qualificação, diante das dificuldades financeiras locais. Diante disso, informou que o Sinjor iniciará um diálogo com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), para propor a implantação do Curso de Jornalismo em Santarém, como forma de contemplar os profissionais que querem obter o diploma. A medida foi aprovada por unanimidade pelos presentes.
Referendo – Além disso, os jornalistas presentes referendaram também, por unanimidade de votos, os quatro pontos para a pauta de reivindicações da data-base/2014 do Sertep: piso salarial, aumento real de salário, auxílio alimentação e adicional de risco de vida. A assembleia também deliberou que seja feito um planejamento a médio prazo para sindicalização dos jornalistas de Santarém, visando realizar o processo eleitoral para a escolha da Diretoria Regional, que deve acontecer no próximo ano.
A comissão que organizou o evento (foto Samara Taré)
Segundo dados da secretaria, atualmente há pelo menos 15 jornalistas já associados, mas alguns encontram-se inadimplentes. Para a eleição da Diretoria Regional é preciso que todos estejam em dia com suas obrigações, para exercer o direito de votar e ser votado. “Nossa intenção é estar mais presente em Santarém, para acompanhar de perto esse processo e ajudar os profissionais da comunicação a completarem essa transição, assumindo-se efetivamente como jornalistas e com diploma, para melhorar ainda mais o potencial jornalístico das empresas locais”, disse Roberta Vilanova. “Mas é preciso que as empresas reconheçam este esforço dos jornalistas e cumpram com os acordos trabalhistas”, completou Sheila Faro.

Com informações da Ascom/Sinjor.


Jornalistas posam para foto ao final do encontro (Foto Samara Taré)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

As copas em minha vida – 40 anos na frente da TV

Completei no último domingo, 13/07/2014, além dos 51 anos de idade, praticamente 30 dias assistindo os jogos na Copa do Mundo de Futebol que se realizou no Brasil. Não era a final que eu queria ver no dia do meu aniversário. O Brasil decepcionou como nunca e levou duas goleadas acachapantes e ficou em quarto lugar. Completei também, 40 anos assistindo a Copa pela TV.

Eu e Nicole na torcida pelo Hexa!
Restou-me torcer pela Argentina, mais por solidariedade latino-americana (se bem que isso não passou na cabeça da maioria dos torcedores brasileiros, em virtude da eterna rivalidade com os hermanos) do que por um futebol vistoso. A Alemanha mereceu a conquista por sintetizar o que de melhor se viu de outras seleções – inclusive o Brasil – desde o surgimento da Copa do Mundo em 1930.

Assisti a quase todos os jogos desde a abertura (aquela coisa horrível, com “padrão Fifa”) em 12/06, aproveitando as férias que tirei para cuidar da caçulinha Nicole que acabara de nascer. Até tentei dar um apoio logístico ao bebê, mas confesso: assistir os jogos da Copa pela TV é um costume que completa 40 anos e do qual não consigo me desvencilhar e a mãe acabou ficando mais tempo com a pequerrucha. Num certo dia, torci com tanta ênfase que assustei Nicole e peguei até um ralho da mãe dela, Ana Charlene...

A Copa e a política

Logicamente que uma Copa em ano de eleição acontecendo em nosso país, só podia ser usada como escudo de ambições de grupos de extrema direita e de extrema esquerda que usaram a mídia para desgastar o evento, apesar da mesma mídia precisar deste evento para seus objetivos comerciais. A ideia era mostrar que a Copa seria uma porcaria e que a culpa era da atual presidente que tenta sua reeleição. 

Mas como a direita é péssima em ir pras ruas protestar, a esquerda mais utópica se encarregou de fazer esse papel levantando bandeiras vermelhas e atacando a antiga esquerda (que hoje está no centro e já quase caindo pra direita) que comanda o País. Até a bola rolar. Os black-blocks não resistiram à mania nacional que é o futebol. E nada do que se previu na organizações dos jogos aconteceu. A imprensa internacional reverenciou a Copa das Copas!

Já vivi os dogmas da esquerda no passado com maior ênfase, ao ponto de declarar como um mantra que “o futebol é ópio do povo”, parafraseando Marx. Lembro que quando disse isso para um atônito Jota Parente (jornalista que foi meu chefe na Rádio Rural, quando comecei minha carreira), recebi uma reprimenda por ter uma postura que ele considerava tão radical. Mas apesar de ter esse pensamento, em época de Copa, nunca deixei de acompanhar freneticamente os jogos, e quase sempre torcendo para o Brasil. Não mudei minha concepção, apenas me entorpeço dela...

Teve copa - e das boas - apesar dos BB...
Creio que não perdi a essência de me rebelar, de me indignar, de criticar aqueles que saíram dos trilhos. Tento manter acesa a chama do socialismo que acredito, mesmo que ele não seja pra mim aquele mais utópico. Hoje tenho críticas ao governo do PT, mesmo estando filiado a um partido que é seu principal aliado (PC do B). O PT no Pará, então, esse já não existe, principalmente depois da patuscada de apoiar os Barbalho e Lira Maia para o Governo do Estado (e o PC do B junto).

Sei que a CBF é corrupta e a Fifa também. Mas todos queriam que o evento Copa viesse pra cá. O problema é que os tucanos não conseguiram a proeza, e não aceitam o fato de não estar no poder. Com certeza se estivessem, grande parte da mídia estaria favorável à Copa. Quanto aos “radicais” de esquerda e seus black-blocks... ali não há cheiro de povo, apenas uma maioria de jovens rebeldes que aproveitaram para levantar as mesmas bandeiras dos tempos da ditadura... É desse proselitismo político que eu quero sair.

Três gerações torcendo pela Grécia na Copa 2014
Este ano torci pelo hexa do Brasil e por uma boa performance da Grécia, minha segunda Pátria (a primeira foi fraca no início e acabou goleada de forma vexatória, já a segunda começou goleada e se despediu de forma mais honrosa nas oitavas de final...). Assisti aos jogos da Grécia, alguns deles acompanhado de meu velho pai Georgios Ninos e de meu filho Georgios Ninos Neto, os solitários torcedores helênicos de Santarém (foto ao lado)...

Enquanto assistia a noticiários na TV sobre manifestações e via as postagens de muitos amigos da esquerda detonando a Copa, preferi fazer outra leitura deste momento. Daí, a necessidade de escrever minhas reminiscências sobre as Copas que vivi para poder justificar porque torci pela Copa e não contra ela.

Seleção colorida em 1974

Pela primeira vez uma final de Copa caiu no dia do meu aniversário. Quando nasci há 51 anos, já era bicampeão e nem sabia. Em 1966, tinha apenas três anos, mas nem me dei conta que a seleção se deu mal na Inglaterra. Assim, a mais antiga lembrança que tenho de uma Copa do Mundo é vaga, e resume-se a fogos de artifício pela conquista do tricampeonato, além daquela música “chiclete” (“Noventa milhões em ação, pra frente Brasil...”). Eu tinha sete anos e lembro da comemoração em casa. Mas é só. Não lembro das imagens de TV ou de gols. Acho que a Copa era algo sem qualquer importância naquele meu mundinho.

O Manoel Pinto visto da
Praça da República em Belém
A paixão pela Copa surgiu quatro anos depois e foi justamente por causa do fascínio pela TV, que para mim era algo bem próximo. Explico: eu morava com a família no 24º andar do edifício Manuel Pinto da Silva (foto ao lado) – que à época era considerado o maior espigão da Amazônia – e o andar de cima era ocupado pela TV Guajará que era a afiliada da Rede Globo em Belém (anos depois, a recém-criada TV Liberal assumiria a Globo, na capital paraense).

Eu brincava nos corredores do 25º andar e acabava sendo convidado a conhecer as coxias dos estúdios onde se produziam os programas locais, principalmente o jornal da noite que era a edição local do Jornal Nacional. Mas não assistia nada ao vivo. Ficava fascinado quando assistia ao jornal da noite, e em seguida saía com a família para uma volta na Praça da República e dava de cara, no elevador, com aquele homem de paletó que eu acabara de assistir na TV. Talvez ali começasse a nascer em mim uma vontade de um dia ser jornalista.

Mas voltando à Copa de 1974, naquele ano seria a primeira vez que a Globo exibiria os jogos em cores. TV colorida ainda era uma novidade e pouca gente em Belém tinha uma, mesmo uma família de classe média alta como a minha. Pra nossa surpresa, a direção da TV Guajará resolveu convidar todos os vizinhos do 24º andar para assistirem ao jogo de abertura da Copa da Alemanha que seria entre o então tricampeão Brasil e a Iugoslávia (hoje dividida em Croácia, Sérvia e Montenegro, Bósnia e Herzegovina, Macedônia e Eslovênia). 

Fiquei estupefato. Pirei. Naquele dia decidi que não deixaria de assistir as próximas Copas. Colecionei até álbuns de figurinha! Sabia escalações de seleções, fazia análises de resultados, somava pontos e gols para ver quais se classificariam! Mas era algo meticuloso e científico. Curiosidade de um futuro jornalista e não apenas deslumbre de um pequeno torcedor. Mas como era ruim de bola, me tornei um craque no jogo de botão, onde montava times invencíveis com os craques da Copa!!! fiquei tão bom, que passei a fazer times com tampinhas de Whisky que juntava na rua ou umas medidas de leite em pó Mococa, que era a minha seleção imbatível!
O envolvente "Carrossel Holandês" de 1974.

Da Copa de 74 não esqueço de duas coisas: o belo gol do Rivelino na antiga Alemanha Oriental, numa falta batida pra cima da barreira, onde o Jairzinho estava infiltrado e se jogou no chão abrindo uma brecha. A jogada foi diversas vezes imitada e até hoje cria aquele empurra-empurra nas barreiras. A outra coisa foi a bela seleção holandesa, o chamado “Carrossel Holandês” que atropelou o Brasil com seu jogo coletivo de ir e vir para o ataque e para a defesa, na quartas de final. Mas a “Laranja Mecânica” como também ficou conhecida aquela seleção acabou perdendo na final, para a então ensossa e sempre eficiente Alemanha, dona da casa. Eu era fã Cruijf (o Robben é brilhante no atual time que também goleou o Brasil e ficou com o terceiro lugar, mas não se compara com o mestre holandês de 1974)!

A copa em videotape

Quatro anos depois eu e minha família nos transferíamos para uma tal de Santarém (eu nem sabia o que era essa cidade. Hoje não sei se poderei um dia viver longe dela....). Ao chegar aqui descobri que ainda não havia um canal de TV! Tragédia! Como eu assistiria a Copa que aconteceria na Argentina? Mas a TV Tapajós já estava vivendo sua fase experimental. Só que ainda não podia exibir imagens via satélite. Assim, a gente acompanhava os resultados pelo rádio e no dia seguinte assistíamos o jogo em vídeo-tape!
A TV Tapajós inaugurada em 1979,
mostrando a Copa da Argentina em videotape

Meu pai montou sua famosa lanchonete Nino-Lanche no centro comercial. Atraiu boa freguesia e conheceu um empresário que tinha um cinema, o velho Cine Acácia, na avenida São Sebastião com Moraes Sarmento. Convidou-o para tomar conta da lanchonete que montou ao lado, o Acação. E lá fui eu trabalhar às tardes e ouvir o jogo pelo rádio em volume alto no bar do seu Caixeirinho, pai do advogado Wilton Dolzanis. A música chiclete era “corrente 78, o ano da nossa seleção...”

Foi quando comecei a acreditar que uma Copa podia ser arranjada: o Brasil era a melhor equipe e terminou invicta em 3º lugar, mas a Argentina precisava ganhar por conta de interesses da ditadura local. E o Peru levou uma surra dos Hermanos, deixando o Brasil fora da final que aconteceria com o pessoal do “Carrossel Holandês” de novo! E prevaleceu o joguinho catimbado da Argentina, que acabou erguendo a taça em plena ditadura Argentina.

O futebol da filó-filosofia

A maior geração de craques que o Brasil possuiu foi a do início dos anos 1980. O País vivia o final de uma ditadura e ia pras ruas em busca de um Brasil melhor. Eu começava a militar nos movimentos sociais e apesar de criticarmos o aparato da Copa, no fundo torcíamos por um sucesso da seleção. Lula era nossa referência e o PT surgia como esperança. Assim como Telê Santana, o técnico que comandaria as seleções de 1982 e 1986. Ele tinha jogadores maravilhosos como Zico, Sócrates, Falcão, Éder, Júnior, Casagrande, Alemão, careca e tantos outros craques que encantavam qualquer um.

Telê era um turrão, como a maioria dos técnicos brasileiros, mas empolgou apesar de eliminado nas duas copas por falhas bobas nas oitavas de final. Em 1982, na Espanha, quando só precisava de um empate com a Itália deixaram um tal de Paolo Rossi solto e ele acabou fazendo três gols. O Brasil fez só dois voltou pra casa. Em 1986, no México,, o algoz foi a França de Platini, que nos venceu nos pênaltis, mas acabou indo decidir o terceiro lugar e perdeu.

Dessa última copa cheguei a me empolgar com a Dinamáquina, como ficou inicialmente conhecida a seleção da Dinamarca do craque Michael Laudrup, que empolgou na primeira fase com um jogo vibrante e muitos gols, principalmente o 6 x 1 no Uruguai, mas acabou eliminada pela Espanha por 5 x 1 nas oitavas da final. Foi a Copa de Maradona e “La mano de Diós...

A música que mexeu com minha geração na década de 1980 foi a da Copa de 1982, até hoje um primor de letra num belíssimo frevo, feita pelo baiano Moraes Moreira. “Tá lá, tá lá, tá no filó, tá na filosofia, o craque brasileiro tem sabedoria! Tá lá!”. Me lembro que bebi todas (acreditam?) no 4 x 1 do Brasil contra a Escócia e quase furava o vinil em compacto que não parava de rodar na vitrolinha de casa! (clique no link acima para escutar a música). Havia ainda as do "Mexe, mexe, coração", de um personagem criado pela Globo, o tal de Araken... mas apesar de engraçadinhas, não barravam o frevo de Moreira.

O fiasco de Lazaroni assistido na Grécia

Em 1988 tive que sair de Santarém, pois havia mexido com gente grande e não demoraria virar presunto. Um autoexílio de três anos na terra de meu pai, a Grécia. De lá, acompanhei o fiasco da seleção de Lazaroni em 1990, que perdeu nas oitavas de final para a Argentina, de Maradona, que perderia na final da Alemanha, como agora no Brasil.

O interessante desta copa foi o inusitado convite que recebi do radialista Olympio Guarany, que montava uma equipe de 10 radialistas para cobrir a copa pela Rádio Rural. Eu seria o 11º da equipe com a incumbência de cobrir o que aconteceria fora dos estádios. Foi quando comecei a estudar todos os mundiais, comprando enciclopédias e almanaques, para não fazer feio. Mas a utopia de Olympio se acabou no Plano Collor, que confiscou a poupança dos brasileiros no início de seu desastroso governo que cairia dois anos depois...

A música que recordo era a tal de “Papa essa Brasil...” uma alusão à Copa na Itália, próximo ao Papa... sem graça.

O tetra na terra do Tio Sam e o fiasco na França

Já de volta ao Brasil, acompanhei outra Copa, a dos EUA com um time que tinha muitos craques e muita arrogância. Com Romário – apesar de gênio – à frente. Empolgou com um jogo meio fechado do calado Parreira. Foi ano do nascimento de meu filho Georgios. Ele de fraldas no meu colo, não entendia toda aquela gritaria e chorava (assim como Nicole chorou agora). Bebeto fez o gol embala nenê, assim como eu embalava meu molequinho...

Bebeto e o Embala Nenê...
A vitória conquistada 24 anos depois do Tri de Pelé fez com que o Brasil perdesse a humildade. Acho que depois daquela Copa começamos a viver de improvisos em busca de uma hegemonia no futebol que já havíamos perdido. Uma Copa conquistada em pênaltis depois de um ensosso 0 x 0 com a Itália de Baggio, que aliás nos deu a taça ao errar seu chute. O Brasil vivia a euforia do Real e os tucanos se aboletavam no poder com FHC. E a música da Copa passou a ser hino exclusivo da Globo, que só vem mudando a letra desde lá de tetra pra penta e de penta pra hexa...

Chegamos à França em 1998 acreditando que nos bastava um Ronaldinho para acabar com tudo. Fomos até bem e chegamos à final com os donos da casa, até à estranha convulsão do craque no dia da final e a surra dos franceses comandados por Zinedine Zidane. Teorias de Conspiração começaram a ser tecidas, mas nunca confirmadas: o Brasil entregou o jogo? Apesar da derrota, FHC bateu em Lula de novo na reeleição que ele garantiu com o Congresso Nacional.

O penta da redenção e o hexa que não chega

Madrugar para assistir jogos do outro lado do mundo. Uma rotina diária em 2002, numa Copa na Ásia (Japão e Coreia do Sul). Mas valeu as horas sem sono. O time encantou. Felipão convenceu como paizão. E a final com a Alemanha foi uma coisa do outro mundo. Éramos soberanos, mas a lição que deixamos aos alemães eles aprenderam e doze anos depois vieram nos devolver a derrota (com juros e correção monetária de 7 por 1...) aqui na nossa casa.

FHC recebeu os “heróis” na rampa do Planalto com direito a cambalhota sem jeito de um Vampeta embriagado. Se o Brasil tava com tudo, o real já não bastava e os tucanos acreditaram que com Serra dariam outra surra no PT. Lula levou a melhor...

O ridículo corte de Ronaldinho no penta
Do penta para o hexa parecia um pulo. Em 2006, na Alemanha, paramos novamente na França de Zidane nas oitavas de final. Em 2010, a escalação de Dunga para técnico na África do Sul já era o prenúncio de catástrofe, que acabou no jogo contra a Holanda com direito a frango de Júlio César e expulsão ridícula de Felipe Melo. No Brasil, apesar disso e do início da trama chamada Mensalão na qual o PT se envolveu e a mídia insuflou, Lula se reelegeu.

E Lula foi buscar o direito de sediar uma Copa no Brasil 64 anos depois do “Maracanaço”. A euforia foi geral. Parecia que o hexa era detalhe. Lula elegeu Dilma, que seria a “gerentona” desse projeto. O que se viu de lá para cá foi muita trapalhada, mas talvez com muito exagero da imprensa que não aguenta mais o poderio lulo-petista. Acabar com a Copa parece ter sido a última bala na agulha para evitar o quarto mandato do PT à frente do governo. Muitos tucanos torceram pela derrota da seleção, para derrotar Dilma. Mas será que isso acontecerá? Hoje já é possível antever que pelo menos deve haver um segundo turno, mas o resultado da Copa não será definitivo, como não foi em outros anos, para o desfecho final.

O futuro do futebol brasileiro

O futebol virou um grande negócio e a multinacional que lida com isso é a Fifa. A próxima Copa será na Rússia, mas se a política interna do futebol continuar como hoje (o que é razoavelmente possível), só se pode esperar um novo fiasco e a consagração do projeto alemão de se tornar penta e quem sabe chegar ao hexa antes de nós. Será que os atletas do Bom Senso Futebol Clube conseguirão passar suas propostas? Eles já denunciam que a máfia na CBF continua.

Daqui a quatro anos estarei novamente à frente de uma TV, palpitando, torcendo, mas sem aquela coisa ufanista de cantar o hino em época de Copa. Precisamos “desimbecilizar” o sentimento patriótico de quatro em quatro anos. Acho que o Brasil já pendurou, este ano, a tal de “Pátria de Chuteiras”. Precisamos voltar ao futebol descalço das várzeas e periferias, com um governo que avance ainda mais nas questões sociais.


E que o terrível 7 x 1 seja um novo começo do futebol brasileiro...


P.S. Esse texto começou a ser escrito antes da Copa iniciar, mas os afazeres com Nicole foram adiando o fechamento do texto. Acabei parando e resolvi lançar como texto de aniversário, como faço todos os anos. Mas um problema com meu computador me impediu de postá-lo no sábado, depois de mais um fiasco do Brasil. Acabei tendo que atualizá-lo, para postá-lo hoje.

sábado, 21 de junho de 2014

Jornalistas de Santarém fazem manifesto pela valorização profissional

Um grupo com cerca de 30 jornalistas fez um manifesto pacífico intitulado“Comunic#ação pela Valorização” no final da tarde desta sexta-feira (20/06) pelas ruas do centro de Santarém, utilizando como mote a semana de aniversário da cidade (que se comemora no domingo, 22/06) e a torcida pela seleção brasileira na Copa 2014. Os jornalistas saíram pelas ruas do comércio com apetrechos de torcedores da seleção fazendo um “apitaço” e distribuindo um panfleto para as pessoas que passavam. Ao final da passeata, os jornalistas e radialistas fizeram discursos na Praça do Pescador, onde já acontecia um manifesto de estudantes que acabaram se integrando ao movimento.
Cartaz-convite de mobilização espalhado pelas redes sociais
 “Nós fazemos, diariamente, cobertura sobre movimentos grevistas de todas as categorias, agora é nossa vez”, dizia o jornalista Jefferson Santos, um dos animadores da passeata que saiu do Mirante do Tapajós, passou pelas ruas do comércio e se concentrou na Praça do Pescador. Jefferson ressaltou ainda que o grupo de manifestantes representava cerca de 30% dos jornalistas em atividade. “Muitos colegas não estão aqui com medo de represálias em suas empresas, mas estão apoiando a manifestação”, disse ele.
Jornalistas em manifesto pelas ruas de Santarém
O movimento dos jornalistas é histórico e foi organizado pelas redes sociais dentro de uma semana pela jornalista Ronilma Santos, após o anúncio do último acordo coletivo do Sindicato dos Radialistas de Santarém que definiu um percentual de reajuste nos salários da categoria abaixo de 6%. O movimento foi espontâneo e nem o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor) foi comunicado.
Ormano Sousa e Jota Ninos discursando na Praça do Pescador
Piso defasado - Durante o protesto, o presidente do sindicato, Augusto Sousa – que é chefe de fiscalização do trânsito da Prefeitura de Santarém e deu apoio logístico à manifestação dos jornalistas além de participar da passeata – elogiou a iniciativa dos jornalistas e disse que a proposta inicial apresentada aos empresários era de 12%, na tentativa de amenizar as perdas salariais no já defasado piso salarial da categoria (um dos menores do país, um pouco acima do salário mínimo), mas a classe patronal bateu pé e só concedeu menos da metade do esperado. “Cheguei a sugerir em assembleia, ainda no processo de discussão do acordo coletivo, que fizéssemos uma paralisação de advertência em todas as emissoras de Rádio e TV, mas no dia marcado para o protesto os associados foram ao trabalho”, afirmou Augusto.
Ronilma, que recentemente foi demitida da empresa de TV onde trabalhava por reclamar das condições de trabalho, é membro da Diretoria Regional provisória do Sinjor em Santarém, e resolveu encabeçar o movimento pelas redes sociais, pois as reuniões no sindicato (tanto dos radialistas quanto dos jornalistas) eram maçantes e infrutíferas. “A caminhada teve a finalidade não só de integrar os profissionais de comunicação, como também mostrar , à população, de cara limpa e sem o glamour que cerca a profissão, a dura realidade de quem faz a comunicação nesta cidade que completa 353 anos”, disse Ronilma.  Desde o ano passado, segundo ela, vem sendo feito um trabalho para a filiação no Sinjor dos jornalistas já diplomados, para se iniciar a discussão de um piso salarial diferenciado para a categoria. “O próximo passo é convocar uma assembleia até o final do ano e eleger uma diretoria regional definitiva, para atuar no oeste do Pará, com apoio do Sinjor”, finalizou a sindicalista.

Profissionalização de jornalistas ainda divide comunicadores de Santarém

“Há 161 anos, surgiu o primeiro jornal impresso. Há 66 anos, a primeira emissora de rádio. Há 35 anos, o primeiro canal de TV e há 10 anos, os primeiros sites e blogs na internet. Os profissionais que têm surgido nesses meios, em grande parte, têm sido desvalorizados com salários aviltantes”. A frase consta do manifesto dos jornalistas de Santarém, que saíram às ruas na tarde desta sexta-feira (20/06), para protestar contra o índice de aumento definido entre empresários e o Sindicato dos Radialistas de Santarém, que ainda representa a maioria dos profissionais da comunicação.
Jornalistas concentrados no Mirante do Tapajós, antes da passeata
Desde 2010, com a formação da primeira turma de Jornalismo em faculdade local, os profissionais começaram a questionar essa relação com o Sindicato. Alguns buscaram se filiar ao Sindicato dos Jornalistas do Pará, mas ainda hoje vive-se a transição entre um carreira e outra. Hoje já há cerca de 100 jornalistas diplomados ou em via de se diplomar, sendo que grande parte trabalha em emissoras de Rádio e TV, e se sente aviltado pelo baixo piso da categoria. Alguns jornalistas acabaram desistindo e buscando outras profissões ou trabalham em assessoria de imprensa, onde os salários são maiores.
Essa situação divide os profissionais de Santarém. Alguns radialistas da chamada “velha guarda” que preferiram não entrar na Academia em busca de diploma ou locutores e blogueiros que questionam a necessidade de um diploma para trabalhar na área, chegam a criticar jovens jornalistas diplomados acusando-os de “soberba”. Estes por sua vez, rebatem dizendo que investiram na capacitação pagando mensalidades caras nas duas únicas faculdades privadas que oferecem o curso de Jornalismo e, portanto, merecem ter um melhor reconhecimento das empresas.
Luta sindical – Apesar dos debates, todos reconhecem que é preciso um mínimo de organização para melhorar as condições financeiras de todos. O Sindicato dos Radialistas surgiu há 25 anos, no momento em que o número de emissoras de Rádio e TV se multiplicou em Santarém. Até 1979, havia apenas duas emissoras AM em Santarém: a Rádio Clube de Santarém (atual Rádio Ponta negra) e a Rádio Rural de Santarém, ligada à Igreja católica. Com o surgimento, naquele ano, da TV Tapajós (afiliada da Rede Globo), deu-se o início da fundação de diversas emissoras de Rádio e TV chegando ao final da década ao incrível número de 5 emissoras de rádio (três AM e duas FM) e 6 canais de televisão (uma geradora e cinco retransmissoras de TV).
As emissoras não tinham uma política definida de salários. A grande maioria pagava apenas o salário mínimo e algumas chegavam a pagar menos que isso, além de manterem um clima de terror contra os profissionais. O Sindicato dos Radialistas surgiu da insatisfação dos profissionais, mas logo de início muitos acabaram sendo vítimas da represália das empresas, por organizarem o sindicato. Houve demissões e alguns radialistas conseguiram inclusive a reintegração às empresas, por serem membros das diretorias eleitas.
Com o tempo, foi conquistado um piso salarial, com o chamado salário normativo da categoria que sempre foi maior que o salário mínimo. Mas a maioria das empresas se nega a pagar mais que o mínimo, e acaba forçando os profissionais a cumprirem jornadas mais extensas, a título de “acúmulo de função”, para ganharem mais 40% de remuneração.
"Apitaço" de jornalistas nas ruas de Santarém

Atualmente, mais uma emissora de Rádio e outra de TV, completam o número de seis emissoras de Rádio e sete de TV. O número de profissionais envolvidos, entre funcionários da administração, técnicos e locutores, além dos profissionais que atuam diretamente com a informação, ultrapassa o número de 200 pessoas, segundo dados não-oficiais obtidos por consulta entre os jornalistas que organizaram o protesto.
A ruptura entre radialistas e jornalistas, que já ocorre em nível nacional há décadas, começa a se desenhar em Santarém, e ao que tudo indica, o manifesto encabeçado pelos jornalistas pode ser o divisor de águas entre as duas categorias. “Apoio a manifestação de vocês e no que depender de mim à frente do sindicato, não criarei empecilhos para a organização dos jornalistas em outra entidade”, declarou Augusto Sousa, presidente do Sindicato dos Radialistas de Santarém. “Vamos lutar por um piso salarial condizente com nossos investimentos na profissionalização, mas seria bom que todos, radialistas e jornalistas, se unissem para acabar com a exploração das empresas de comunicação de Santarém”, concluiu Ronilma Santos, organizadora do manifesto dos jornalistas.

O manifesto dos Jornalistas distribuído nas ruas da cidade:

MANIFESTO COMUNIC#AÇÃO 2014!

JORNALISTAS DE SANTARÉM
NA LUTA PELA VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL


Neste dia 22 de junho de 2014, Santarém completa 353 anos de fundação. Hoje, os jornalistas de Santarém aproveitam para também entrar na história e pela primeira vez fazer um manifesto público e pacífico pela valorização dos profissionais da comunicação, no clima da Copa de Futebol que se realiza no Brasil em plena época de festas juninas.
Santarém é uma terra de comunicação e de comunicadores, e tem exportado talentos para fora daqui. Há 161 anos, surgiu o primeiro jornal impresso. Há 66 anos, a primeira emissora de rádio. Há 35 anos, o primeiro canal de TV e há 10 anos, os primeiros sites e blogs na internet. Os profissionais que têm surgido nesses meios, em grande parte, têm sido desvalorizados com salários aviltantes.
Os radialistas se organizaram e criaram seu sindicato há 25 anos, quando perceberam que unidos poderiam diminuir as injustiças. À época, a maioria das empresas sequer pagava um salário mínimo para os profissionais. Depois de alguns anos de luta, os radialistas conseguiram definir um piso salarial, que sempre foi um pouco maior que o salário mínimo e outras garantias sociais. Alguns sindicalistas foram perseguidos e demitidos por tentarem organizar a categoria.
De lá para cá, o Sindicato dos Radialistas vem tentando conseguir reajustes mais condizentes, pelo menos com os índices da inflação, mas os empresários da comunicação insistem em não aceitar aumentos que valorizem a profissão, mesmo com profissionais que investiram em sua capacitação, na maioria das vezes com seus parcos recursos.
Desde 2010, várias turmas de jornalismo vêm sendo formadas por instituições privadas de ensino superior. Muitos colegas ainda continuam sem diploma por não conseguirem reunir o dinheiro necessário para sua formação acadêmica. Outros foram mais além e conseguiram até fazer cursos de pós-graduação, mas nem isso tem sensibilizado a classe patronal a dar um salário digno aos profissionais que levam a informação através dos meios de comunicação, com jornadas de trabalho que precisam ser muitas vezes estendidas, para que o profissional faça jus a um percentual de 40% por acúmulo de função. Hoje somos mais de 100 profissionais trabalhando nesta área!
O último reajuste acertado entre o Sindicato dos Radialistas e a classe patronal não chegou a 6%, o que apenas se aproxima dos índices inflacionários. Hoje, os profissionais de comunicação em Santarém ganham menos que a maioria das categorias de trabalhadores de Santarém!
Esse manifesto surgiu pela indignação entre jornalistas que trabalham nas redações, com apoio de colegas que hoje trabalham em assessorias de imprensa (onde os salários são um pouco maiores), mas que gostariam de estar trabalhando no dia a dia da notícia. Não foi feita nenhuma reunião, apenas uma mobilização pelas redes sociais. Queremos neste ato falar para Santarém, aquilo que provavelmente não será dito nos noticiários das rádios e das TVs e de alguns jornais e sites: FAZER JORNALISMO EM SANTARÉM É QUASE UM SACRIFÍCIO!
Muitos profissionais já tiveram que sair daqui para buscar empregos em outros centros. Mas aqueles que ficaram querem, agora, se organizar e fazer funcionar a Diretoria Regional do Sindicato dos Jornalistas do Oeste do Pará, criada pelo Sinjor/PA há dois anos. Uma diretoria provisória chegou a tentar organizar, mas com pouco apoio quase não avançou em seus trabalhos. Um grupo de jovens jornalistas assumiu nos últimos meses um trabalho para a filiação ao Sindicato, para que possamos lutar por um piso salarial condizente com o esforço que tem sido feito pelos profissionais que buscaram um diploma nas universidades. E aqueles que ainda não tem diploma, querem poder também conquistar essa graduação.
Este documento será encaminhado à direção estadual do Sinjor/PA, solicitando que a nova diretoria eleita dia 11 de junho, venha a Santarém para dar maior apoio à consolidação da Diretoria Regional e que inclua nas negociações salariais com empresas de Belém, um piso salarial para os jornalistas do interior do Pará. Abaixo, vão assinaturas dos profissionais da comunicação que apóiam o movimento.
CONVOCAMOS OS JORNALISTAS, DIPLOMADOS OU NÃO, A BUSCAREM SEU REGISTRO PROFISSIONAL E SE FILIAREM AO SINDICATO DOS JORNALISTAS DO PARÁ.
PELA VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL DOS JORNALISTAS!

terça-feira, 27 de maio de 2014

Fim do toque retal?

A notícia não é nova e vem rolando em vários sites e blogs na internet, desde março Mas para quem como eu já passou dos 40, é uma notícia alvissareira! Pode ser lida na versão online da revista VEJA, clicando no link abaixo:

Novo teste de urina para câncer de próstata 

pode estar disponível em 2015

Foto em: http://goo.gl/H4p4dT
A notícia me lembrou uma antiga postagem aqui no blog, sobre um debate na Assembleia Legislativa da Bahia em que um deputado, pastor e sargento (e que seria um "ex-gay"), à época filiado ao PT, relatou sua experiência nem tanto edificante neste caso...

domingo, 25 de maio de 2014

30 anos de jornalismo nas veias

Era uma sexta-feira, 25 de maio de 1984. Faltavam menos de dois meses para eu completar 21 anos. Cheguei à garagem da Rádio Rural com minha velha Mobylette Caloi cor de prata (uma motoneta que havia ganhado de meu pai, no Natal anterior) e perguntei onde era a sala de um tal Eriberto Santos.

Meu corpo – à época com pouco mais de 60 quilos, hoje é quase o dobro – tremia muito, num misto de paúra e excitação. Ia me apresentar para um teste de repórter da maior emissora de rádio da região. No ano anterior, durante alguns meses, tinha tido a experiência de produzir e apresentar na emissora o programa dominical Momento Sindical, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, junto com a futura reitora da Ufopa, Raimunda Monteiro. No programa não havia participação ao vivo, apenas gravações, mas todos que me conheciam dos movimentos sociais (onde atuava como militante) diziam que eu levava jeito pra coisa e me incentivaram para tentar a vaga.

“Meu nome é João Georgios Ninos, e soube que vocês têm uma vaga para repórter”, balbuciei ao Eriberto. Ele me apresentou a outro rapaz do qual nem recordo o nome e com o qual disputaria a vaga. Recebemos pautas e saímos para cumpri-las. “Quem chegar primeiro – disse, rindo, o Eriberto – fica com a vaga”. No fim do dia, apesar de meus infortúnios (que relatei de forma pitoresca no post http://goo.gl/lrc15R), consegui a vaga! Começava ali minha saga de jornalista, no interior da Amazônia!

Hoje comemoro essa data solitariamente, sem muita pompa, fazendo aquilo que sempre gostei de fazer desde adolescente: escrever. E escrevo neste maltratado blog, que parei de alimentar diariamente (e com muitos intervalos e retornos), por conta de minhas atribuições como servidor do Judiciário e auxiliar do juiz do Tribunal do Júri, que me toma muito o tempo, desde que passei no concurso público em 2003. Mesmo atuando como analista judiciário, não deixei de lado meu “Eu” jornalista. E sempre que posso, deixo minhas palavras impressas em algum lugar, principalmente nas redes sociais.
Repóorter magrinho em início de carreira.


Entro de férias dentro de uma semana e espero poder finalizar um livro que sempre anuncio, mas nunca consigo terminar, com uma coletânea do que melhor escrevi nesses 30 anos de profissão, em reportagens e crônicas, para publicar em julho, nos meus 51 anos de vida (e quem sabe assistindo a vitória da seleção brasileira na final da Copa de 2014, que acontecerá justamente no dia do meu aniversário!).

Mas enquanto o livro não sai, faço aqui (quase no fim do dia) uma pequena análise pro meu ego e reparto com meus poucos leitores, as impressões dessa jornada cheia de altos e baixos, que ajudou de alguma forma a moldar meu senso crítico.

Um repórter engajado e atormentado

Como disse no início do texto, antes de trabalhar como repórter eu era militante do movimento popular. Um pequeno-burguês que acreditava que mudaria o mundo. Foi no comércio de meu pai, uma lanchonete que fazia sensação no centro da cidade (Nino-Lanche), que conheci, em 1979, a então militante Raimunda Monteiro (atual reitora da Ufopa), a eterna Raimundinha. E através dela acabei indo frequentar um grupo de jovens que apresentava peças de teatro com temática engajada nos bairros da periferia e questionavam a ditadura militar. Aos 16 anos, comecei a forjar um articulador de movimentos sindicais, populares e estudantis, até me filiar a um partido que surgiria em 1981, nascido exatamente destas lutas contra a ditadura: o Partido dos Trabalhadores (PT).

Pelo talento (ou seria pela porra-louquice?) que demonstrava sempre eram-me repassadas as funções de registro dos acontecimentos do movimento, seja em atas ou em gravações reproduzidas depois em panfletos. Por conta disso, participei de um mini-curso para produção de boletins informativos do movimento e atuei em muitos dos que foram criados à época, sendo o mais importante deles o da extinta Associação dos Comerciários: O Talonário.

Foi com essa bagagem que cheguei ao cargo de repórter. A Rádio Rural vivia naquele momento dos anos 1980, uma mudança de direcionamento, dando maior espaço aos movimento populares em sua programação, por conta da influência dos padres da chamada Teologia da Libertação que passaram a ocupar a direção da emissora. Um ex-seminarista chamado Dornélio Silva, que voltou de Belém para atuar na antiga Catequese Rural (hoje Comissão Pastoral da Terra – CPT) e que tinha experiência em comunicação, foi atuar no Setor de Jornalismo da Rural e seria fundamental para a minha carreira.


Ao saber que seria aberta uma vaga no setor, Dornélio procurou os líderes dos movimentos sindicais de Santarém para saber se havia algum jovem que se moldasse à função, para que a vaga fosse ocupada por alguém sensível às causas populares. Ninguém pestanejou em apontar meu nome e logo fui chamado e desafiado a dar tudo de mim para ocupar a vaga, como se fosse uma tarefa de luta. Naquele momento, ainda via a chance como auto-afirmação de militante de uma causa, não como sacerdócio profissional.

Depois de aprovado no teste, percebi que o engajamento político me causaria problemas. Na emissora, muitos colegas viravam o rosto pra mim, acreditando que eu tinha sido “indicado pelos padres” (e eu não entendia o porquê da repulsa). Achavam até que eu era mais um dos seminaristas que já haviam atuado no Jornalismo, mas mal sabiam que nunca tinha nem frequentado igreja e que desde cedo decidi não ter religião alguma! Foi aí que percebi que apesar de muitos padres pregarem a “opção pelos pobres”, não cuidavam dos trabalhadores de sua própria emissora que reclamavam injustiças diárias e salários baixos!

O pior é que os “companheiros” me viam como um braço do movimento dentro da emissora, e encaminhavam líderes sindicais para me levarem notícias. Eriberto Santos, sempre gozador, encaminhava todos que chegavam para trazer informes das comunidades para o “repórter do PT, lá no fundo da sala”... Ainda imaturo, não sabia reagir àquilo tudo, ao mesmo tempo em que cada vez mais me convencia de que queria ser um jornalista profissional, mas não tão engajado e nem tampouco omisso. Como fazer a transição entre o engajamento partidário e a afirmação profissional?

Formadores de um repórter

Minhas angústias eram remoídas nas noites de plantão, enquanto produzia o Jornal da Manhã. Dornélio Silva, mais experiente, passou a ser meu interlocutor e solidificamos uma amizade que dura até hoje. Chegamos a morar juntos e trocar confidências pessoais. Uma amizade que ia além da ideologia. Mas outras pessoas foram importantes na minha formação, naquele início de carreira e sou grato à elas até hoje.

O já falecido amigo Eriberto Santos, sem dúvida, foi fundamental naquele início. Acreditou no meu potencial desde o primeiro dia. Deu dicas preciosas e era o tipo do chefe dos sonhos: deixava rolar e adorava manter um clima de euforia no departamento. Não me lembro de ter levado qualquer “bronca” dele, mesmo quando cometia algum deslize. Ao contrário, chamava pra uma conversa e dizia onde errei e como deveria proceder. “Você é responsável pelo que faz”, dizia sempre. Isso atiçava meu senso de disciplina adquirido na militância política, e fazia tudo para evitar novos erros. Até hoje, nas experiências de chefia que tive, tentei usar o mesmo estilo de Eriberto na condução das equipes que comandei, seja no Jornalismo, seja na Justiça.

Poucos meses depois de estrear, comecei a ousar em alguns textos e mostrei minha verve humorística, que Eriberto adorou. O pessoal da Rádio começou a notar o talento que eu tinha com as palavras, principalmente na cobertura da Câmara Municipal. Meus comentários pela manhã misturavam notícia sobre vereadores e frases irônicas. Adorava pinçar detalhes pitorescos das sessões e jogava no texto, como o desalinho de um vereador com a roupa sempre amassada, os erros de português de outro, ou a mosca que insistia em não deixar um terceiro vereador falar da tribuna. Pequenas coisas que faziam meu texto ser “guerrilheiro” e atacar as “autoridades constituídas”. Era a influência da leitura dos textos non sense do jornalista carioca Carlos Eduardo Novaes, do qual era fã, além dos textos irreverentes da revista Casseta Popular e do periódico satírico Planeta Diário (os autores destas duas edições se uniriam mais tarde para escrever o roteiro do revolucionário programa TV Pirata, e anos mais tarde, o Casseta & Planeta!). E isso começou a atrair inimigos contra mim...
Jota Ninos, Ormano Sousa e Manuel Dutra: pupilos e o mestre.

O respeitável jornalista Manuel Dutra, que tinha sido gerente da emissora e fazia o comentário diário do Jornal da Manhã, um dia me encontrou no corredor da Rural e me elogiou pelos textos. Daquele primeiro contato surgiu uma nova e sólida amizade que transformei na relação de pupilo e mestre, até hoje. Dutra passou a me dar orientações e até chamava minha atenção quando passava do ponto. Houve um episódio em que chegou a me esculachar e dizer que eu tinha feito molecagem (outro dia dou detalhes).

Mas não posso esquecer também da contribuição de outras pessoas nesse início de carreira: o ex-redator gaúcho, o falecido Sérgio Henn (sim, aquele da avenida mais perigosa do trânsito...) e Ismaelino Soares (irmão de Santino Soares), com os quais também dividi madrugadas na redação e que sempre buscavam frear minhas loucuras; as dicas para a reportagem em campo me foram passadas pelo mais experiente dos repórteres da época: Sampaio Brelaz; e finalmente, o amigo José Parente de Sousa, o Jota Parente, chefe de programação da Rural, que sempre abalizou muitas das minhas loucuras no jornalismo e me deu a chance de ser apresentador do Canta Brasil, programa com músicas de MPB que ele produzia e apresentava nas tardes de sábado, e que eu adorava. Dali, para apresentar o Bazar Brasileiro (criado em 1985) nas noites de domingo, foi um pulo.

A gênese de um repórter polêmico

Quanto mais eu me embrenhava no Jornalismo, mais eu me distanciava da militância política. A imaturidade de algumas lideranças sindicais daquele período (tendo à frente meu grande mentor nos movimentos sociais, Pedro Peloso – à época esposo de Raimundinha), me levou à condição de proscrito nos movimentos sociais e até de “traidor da causa dos trabalhadores”. Ao ponto de alguns até tramarem minha saída da emissora (que ocorreria, finalmente, em 1986).


Mas apesar disso, comecei a cunhar minha fama de “polêmico”, epíteto que incorporei ao meu nome de guerra. Nas primeiras férias da emissora fui rever minha Belém, mas procurei os radialistas que faziam sucesso. Santino Soares me levou à Rádio Liberal e me mostrou como se faziam os programas policiais. O mais famoso à época era o do Adamor Filho. Achei que podia fazer aquilo em Santarém, mas com outra roupagem.

Uma famosa entrevista coletiva com Ronaldo Campos (centro) da qual participo (1986).
Na foto estão (da direita para a esquerda) os colegas: Manuel Dutra, Adriana Lins,
Joanir Silva, Jota Ninos, Marco Nogueira, os irmãos Ray e Josivaldo Pereira,
e Jurandir Anselmo. Ao fundo Eriberto Santos (falecido), o ex-vereador Davi Pereira
e o comunicador Geraldo Bandeira (também falecido). Foto do Acervo do ICBS.
Quando voltei, levei a ideia ao gerente da emissora, Eduardo dos Anjos (hoje, meu colega como oficial de Justiça), que não aprovou. Ele acreditava que Santarém não estava preparada para um programa policial, até porque as ocorrências na delegacia eram poucas. Dornélio me ajudou a convencê-lo mostrando que o programa teria uma abertura para a população se manifestar, através de cartas, numa sequência que se chamaria “Broncas do Povão”. Parente foi decisivo: “Acho que vai dar certo”. Nascia ali o programa que viria a ser a maior audiência da emissora: o Plantão da Cidade. Inicialmente era um programa de 15 minutos após o jornal do Meio-Dia, que era apresentado por Oswaldo de Andrade. A apresentação irreverente e a parceria com Clenildo Vasconcelos, que era programador musical, era o tempero que faltava. Clenildo e os operadores de áudio que antes me viravam a cara passaram a disputar o horário, pois eu dava liberdade para criarem vinhetas que adicionassem humor. E as Broncas do Povão, segunda parte do programa eram o maior sucesso. As reclamações eram as mesmas de hoje, falta d’água, luz nos postes, buracos nas ruas. Mas eu aproveitava para desancar o prefeito de plantão. Um deles foi Ronan Liberal (pai do vereador Ronan Liberal Jr.) e outro viria se tornar meu maior inimigo: Ronaldo Campos de Souza, pai do hoje radialista e blogueiro JK.

Criei o personagem Honestino Honesto da Silva, personificado por Clenildo Vasconcelos, com sua irreverência de imitar um velho caboclo do interior. Honestino era uma sátira contra os políticos desonestos, já que era um demagogo de primeira. Eu fazia os textos e Clenildo os interpretava ao vivo. O sucesso do personagem foi tão grande que nas eleições de 1985, o lancei como candidato a prefeito e houve o registro de pelos menos três votos (de protesto) nas urnas de papel! Mas Ronaldo Campos venceu as eleições e eu passei a ser seu principal adversário. Até que em 1986 fui demitido, e muita gente logo atribuiu minha demissão à perseguição do prefeito, mas eu sabia que nos bastidores o meu partido havia contribuído com a demissão, por eu ter iniciado a criação de uma tendência partidária que se opunha à direção de então. Mas isso é assunto pra outra postagem...

Repórter andarilho

A saída da Rural, no auge da audiência, ajudou a construir a imagem do repórter andarilho, desde então. Passei por várias empresas e sempre era demitido por injunções político-partidárias, nunca por incompetência. Quando saí da Rural, reforcei a sequência das Broncas do Povão criando outro personagem, o Broncolino Bronqueado da Silva, que era interpretado por um jovem conhecido como Amadeu dos Santos (irmão do Tadeu, famoso vocalista da Banda 5ª Dimensão). Broncolino seria irmão de Honestino na minha ficção e era um caboclo que odiava os corruptos como seu “irmão”, e como porta-voz da ira do povão passou a ser meu alterego. Ao sair da Rural levei o personagem comigo para a recém-inaugurada Rádio Tropical, do empresário Ubaldo Corrêa, onde criei o programa Comando Tropical, que até um dia desses ainda estava no ar. Foram cinco meses intensos nessa emissora, e acabei tendo a chance de trabalhar pela primeira vez na TV Tapajós, já que Ubaldo era diretor dessa emissora (à época os Pereira e os Corrêa ainda não haviam desfeito a sociedade).

Em 1986 vivi a experiência de trabalhar no jornal O Tapajós, jornal que chegou a ter três edições semanais e foi o primeiro completamente produzido e impresso em Santarém. Antes disso, já havia tido uma experiência escrevendo alguns artigos sobre política no extinto Jornal de Santarém, na gestão do falecido jornalista Arthur Martins. Demitido da Tropical, mais uma vez por pressões políticas (desta feita por obra do prefeito Ronaldo Campos), preparei meu retorno à Rural no ano seguinte. O detalhe curioso é que na Tropical cunhei o apelido de “prefeito abelha” (quando não está voando está fazendo cera) contra Ronaldo Campos por causa de suas eternas viagens em busca de verbas que nunca chegavam, e isso era a coisa que ele mais odiava, além das denúncias (o engraçado foi ver recentemente seu filho JK usar a mesma expressão contra outros prefeitos da região, em seu blog...rs).

A briga com o prefeito continuaria no meu retorno à Rádio Rural em janeiro de 1987. Só que um pedaço de mim ficou na Tropical: o personagem Broncolino foi “confiscado” e eu bem que poderia ter feito uma briga judicial por direito autoral, mas à época nem liguei pra isso. Na Rural, meu programa continuava, mas já não era o mesmo. Eu precisava resgatar sua credibilidade. Passaram-se cinco meses, até que ocorreu o episódio dos sacos de cimento e da invasão do prefeito ao estúdio, como já contei em outra postagem: http://goo.gl/BSaEiX. Estava restabelecida a sina do repórter polêmico.

Mas esse episódio me deu medo, pelas ameaças anônimas que recebi. Meu pai providenciou minha ida à Grécia para estudar, com medo que eu fosse mais uma vítima de pistoleiros, que agiam despudoradamente na região. Em 1988 fui para minha segunda Pátria e passei três anos lá. Tive a primeira experiência como correspondente internacional, primeiro escrevendo artigos para O Tapajós e depois para o semanário recém-criado (1989) Gazeta do Tapajós, dos irmãos Carneiro (Jeso e Celivaldo), dos quais sou amigo até hoje.

O retorno do filho pródigo

Sérgio Henn, Jota Ninos, Edinaldo Mota e Eriberto Santos:
Assessoria de Comunicação da PMS (1997)
No retorno a Santarém, passei pela TV Ponta Negra (1992), onde trabalhei como editor-chefe de um jornal que vinha depois do Jô Onze e meia (pouca gente assistia); fui repórter, redator e editor do jornal Estado do Tapajós (1993/1994), do empresário Admilton Almeida (atual proprietário do jornal O Impacto); experimentei em 1995/1996 o trabalho de assessoria de comunicação de uma ONG ambientalista (Projeto Várzea, hoje IPAM), sob a coordenação de Socorro Pena. 

Em 1997, entrei para o mundo do marketing político, estreando como marketeiro e ajudando a eleger o então deputado Lira Maia por dois mandatos! Nesse período, atuei como chefe da Divisão de Comunicação e Marketing na gestão Lira Maia, sob a coordenação do amigo Sérgio Henn, com quem me reencontrei durante a campanha (ele era assessor de Alexandre Von); em seguida fui parar na assessoria de comunicação da Câmara Municipal auxiliando entre 1997/2001 os presidentes Mário Feitosa (PMDB) e Osmando Figueiredo (PDT); criei a empresa Lexis Marketing e Pesquisas (1998/2001) e fui sócio da produtora Set Light com Celia Henn e Paulo Tihammer.

Voltei ao jornalismo como correspondente do extinto jornal A Província do Pará (1999/2000) e nesse mesmo período trabalhei com Miguel Oliveira na instalação do jornal Província do Tapajós (que depois se tornaria O Estado do Tapajós, hoje só em versão online); em 2001 ingressei na TV Tapajós, a convite de Vânia Maia, assumindo a chefia do departamento de Jornalismo até 2003, quando passei no concurso do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), atuando inicialmente em Ananindeua. Nesse período convivi com colegas como Suelen Reis e Claudenice Lopes, que ainda hoje mantém a filosofia de trabalho que construímos juntos naquele período. Também vivi uma grande parceria com os amigos Grazziano Guarany, na criação do portal NoTapajós (hoje G1 Santarém) e com Nélson Mota e Pedro Liberal, na criação do programa Meio-dia em Ponto, da 94 FM, que até hoje está no ar.

Ao retornar a Santarém em 2004, tentei várias vezes atuar no jornalismo. Primeiro criando este blog e depois, a convite de Vânia Maia amiga de Jader Barbalho Filho, assumi por alguns meses a sucursal do Diário do Pará e lancei o encarte Diário do Tapajós (assumido depois pelo casal José Ibanês e Albanira Coelho); voltei a trabalhar na TV Tapajós, como chefe de Comunicação Corporativa e assessor de Comunicação da empresa, por um curto período em 2006.

Em 2007 voltei a apresentar o Bazar Brasileiro na Rádio Rural, atuando algumas vezes como comentarista nas eleições, sempre a convite de meu "líder espiritual" (rs) Edilberto Sena. O programa saiu do ar em 2009 e retornou em 2011, saindo novamente em 2013. Atualmente renegocio novo retorno ao programa que é meu xodó.

Com a falta de tempo, tenho colaborado com vários blogs ou como free lance em revistas e jornais, sendo o mais assíduo o blog do amigo Jeso Carneiro. Desde 2006, colaboro como assessor de imprensa informal do Judiciário, sendo liberado pela presidência do TJPA a produzir relises para o site do TJ e recentemente para a Rádio WebJus, no qual colaboro inclusive com boletins gravados.

Sindicalismo nas veias

A velha experiência com movimentos sindicais foi providencial na organização dos trabalhadores da comunicação. Em 1986, aquela insatisfação que víamos nos olhos dos colegas da Rural, se transformou em algo sólido, com a criação (um ano depois) da Associação dos Radialistas de Santarém, agregando colegas de várias emissoras como os irmãos Adilson e Adélson Sousa. Elegemos Dornélio Silva nosso primeiro presidente e eu fui vice. Depois que Dornélio e eu viajamos, Adélson Sousa assumiu e junto com Augusto Sousa (atual presidente), fundaram o Sindicato dos Radialistas em 1988. Colaborei com quase todas as diretorias do Sindicato, principalmente nas presidências de Ormano Sousa (1990/1994), Paulo Tihammer (1994/1996), Ronei Oliveira (1996/1998) e Rosa Rodrigues (1998/2000). A partir daí me afastei das atividades.

Em 2006 entrei para a 1ª turma de comunicação social, coordenada por Manuel Dutra, no Iespes – Instituto Esperança de Ensino Superior. Formados em Jornalismo em 2010, recebemos a incumbência de tentar mais uma vez a instalação de uma delegacia regional do Sinjor – Sindicato dos Jornalistas do Pará, agora com o nome de Diretoria Regional, sendo empossado em 2012 pela atual presidente Sheila Faro com mais quatro colegas: Rosa Rodrigues, Minael Andrade, Ednaldo Rodrigues e Ronilma Santos. Mas de lá para cá, apesar de várias reuniões e conversas pela internet, não conseguimos o objetivo de filiar os quase 100 jornalistas já diplomados aqui, e a maioria nem poderá votar nas eleições do Sinjor que vão ocorrer em junho, o que pra mim foi uma frustração. O envolvimento de todos os membros da diretoria com o curso de especialização da Ufopa, foi um dos motivos de não se dedicar com maior empenho na tarefa.  Mas uma comissão de jovens jornalistas, liderados pela colega Ronilma Santos trabalha para finalizar esse doloroso processo, no qual ainda pretendo colaborar, se for possível. 

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Neste dia em que completo 30 anos de Jornalismo, só pude terminar o texto agora à noite, porque aguardava o nascimento da nova filha, Nicole, mas que decidiu não sair para ser meu grande presente nesta data...

E que venha a madrugada e continuarei esperando a pequerrucha, e quem sabe outros trinta anos (rs)...