terça-feira, 29 de maio de 2012

Meus tempos de cinema em Santarém e a nova sala do shopping


No último sábado (26/05) assisti pela primeira vez um filme na nossa nova sala de cinema, no Shopping Paraíso. Tinha perdido a oportunidade de assistir o filme de estreia (Fúria de Titãs 2), há três semanas, por conta de outras ocupações. Mas a minha vez ia chegar. 

Esperei para estrear o cinema com um filme que não fosse apenas um blockbuster (os chamados "arrasa-quarteirão") hollywoodiano. Nada melhor do que ver um filme nacional que tem recebido boas críticas e que fala de algo próximo da gente: a saga de três irmãos em defesa dos desprotegidos índios amazônicos, à partir da década de 1950.


A primeira impressão ao entrar na sala foi boa. O Cine Laser (foto acima, do site NoTapajós) é aconchegante com seus 140 lugares, como qualquer uma das salas de cinema de qualquer shopping do Brasil. Mas é bom ir preparado para o frio: a refrigeração no local é forte. Para quem gosta deve ser legal. Eu, que detesto frio, fui agasalhado com uma jaqueta jeans...(rsrs)

A sessão de estreia do filme, na sexta-feira, eu havia perdido por estar lotada. A segunda sessão no sábado também lotou, mas desta vez entrei junto com meu filho caçula. Uma boa dica: compre o ingresso um dia antes. Por ser novidade, todas as sessões continuam lotando. Mas ainda bem que não estávamos no final da fila pois, estranhamente, começaram a rodar o filme antes que todo mundo já estivesse sentado!!! E haja gente correndo no escuro, para não perder as primeiras cenas do filme... Espero que isso tenha sido exceção e que não seja regra...

Um filme na cabeça

O filme começa e a emoção de poder assistir, novamente, uma película na telona da cidade que escolhi para viver, mexeu com minha emoção de cinéfilo. Perdão pelo trocadilho, mas um filme passou na minha cabeça nesse momento! Relembrei quando cheguei a Santarém em 1978 e tinha quatro cinemas à disposição (menos da metade do que tinha em Belém), mas aqui, aos 15 anos, já podia entrar em todas as sessões. E até fiquei amigo de um porteiro que me deixava entrar de graça em alguns filmes (rsrs). É bem verdade que os filmes não eram - em sua maioria - os que estavam no circuito nacional. Mas valia a pena. Não era como em Salônica (Grécia), onde durante os três anos que passei lá (1988/1991) tinha mais de 50 cinemas à minha disposição e chegava a assistir até 5 fitas por semana!!

Mas em Santarém, além do Cine Olympia (na praça da matriz, onde hoje há um restaurante) e do Cineramma (na Rui Barbosa onde existe uma igreja evangélica), ambos da família Loureiro, tínhamos o Cine Acácia, na São Sebastião, com Moraes Sarmento (onde hoje funciona o depósito de uma distribuidora de produtos) e o Cine Tapajós, que funcionava no subsolo do Tropical Hotel (hoje, Barrudada), este último  acabou virando um cinema pornô, antes de fechar em definitivo... No Cine Acácia, meu pai montou (a convite do dono) uma filial da lanchonete dele e era eu que trabalhava às tardes e assim, conseguia assistir muitos filmes de graça! Foi lá que conheci um tal de Jorge Carlos, que era um dos projetistas do cinema (hoje, o famoso radialista da Rádio Guarany...rsrsr). nenhum de nós dois sabia que um dia viríamos a fazer sucesso no rádio...

Naquele tempo comecei a aguçar meu sentimento de cinéfilo, chegando a ver até três sessões num dia! Assistia um bangue-bangue no vesperal do Olympia e emendava com o filme da primeira sessão da noite do mesmo cinema. Terminado o filme, saía correndo pela Avenida Barão do Rio Branco para assistir a última sessão do Cineramma!! Na época, era mais magro e aguentava esse pique...(rsrsrs) 


O Cine Laser e seus "ajustes"

Mas voltando ao Cine Laser (acima outra foto do site NoTapajós), tive o prazer de entrar e sentar com o saco de pipoca e um refrigerante na confortável poltrona, com espaço lateral para encaixar o copo. O filme que fui assistir começa a rodar e uma coisa estranha me chama atenção. As primeiras imagens do Xingu parecem desfocadas. É como se o projetista estivesse ajustando a lente. Mas o pior é que isso acontece de vez em quando durante o filme, gerando uma sensação incômoda aos olhos e a perda de algumas cenas importantes na trama. Meu filho me diz que ouviu dizer que durante uma sessão na semana anterior um filme todo ficou assim e acabaram interrompendo a exibição e devolveram os ingressos aos espectadores... Será? Gostaria de uma explicação da empresa e espero que tenha acontecido só nesse dia... Ou haveria um problema maior na máquina? Ou quem sabe o projetista é inexperiente?

O filme segue, e por ser nacional é preciso aguçar mais os ouvidos. Apesar dos avanços do cinema nacional, ainda existem problema na sonorização de alguns filmes. Muitas vezes algumas frases nos escapam. mesmo assim dá pra acompanhar o enredo da saga dos irmãos Villas-Boas, indigenistas que conviveram nos meio de tribos do alto Mato Grosso e lutaram para criar o Parque Nacional do Xingú, que acomodou diversas etnias, inclusive algumas ameaçadas de extinção. E a relação com a serra do Cachimbo, de Jacareacanga, eu não conhecia (não vou falar nada, para que ninguém que não tenha assistido o filme me apedreje...) ... Mas o filme é espetacular, valeu o ingresso e eu recomendo.

O filme acaba, e como é comum, 99% do pessoal que assistia se levanta e sai, em meio a burburinhos. Baldes de pipoca vazios são pisoteados, latas de refrigerante quedam-se mudas sobre os assentos. Eu sou aquele 1%, pertencente à fauna dos cinéfilos que adora assistir o letreiro até o final... E de repente, PUFT! A TELA SE APAGA, antes que a ficha técnica sequer tenha iniciado!!! Sacrilégio! Atônito, olho em direção da fresta do projetor e identifico a mão de um apressado projetista retirando o rolo da máquina. meu ímpeto é ir até lá e esculachá-lo! Sou contido pelo meu filho, que não entende minha fúria! 

Como assim? Tantos anos assistindo filme na TV que interrompem a ficha técnica para iniciar a próxima atração e no cinema o cara me corta o filme antes de acabar toda a projeção??? E se houvesse algum filmete lá pelo fim da fita, com alguma cena cortada? Muitos cineastas gostam de fazer surpresas depois que a ficha técnica começa a rodar. O próximo filme em cartaz, "Os Vingadores", abusou desse artifício, mostrando sempre um mini-trailer nos filmes de cada Vingador! E como saber de quem era aquela música que tocou? Quem eram os atores? E aquele coadjuvante que roubou a cena como índio e que eu nunca vi antes? Nesse ítem, os DVDs e Blue-rays que assito em casa tem sua vantagem. Sou aquele que depois que termina de assistir o filme, vou em busca dos extras, comentários, entrevistas, e traillers. Um cinéfilo inveterado...

Fica meu protesto, e espero não ter que continuar protestando nos próximos filmes. Se a direção da empresa quiser se explicar, o blog está aberto. Tenho o direito de ver o filme até o final... Mas enfim, que seja bem-vinda a nova sala, apesar dos pequenos desajustes...

Um comentário:

Unknown disse...

Na verdade tenho uma curiosidade e peço sua ajuda, meu pai nasceu em Santarém e certa vez um amigo seu (José Operador)trouxe de presente uma revista onde constava que seu pai, meu avô Gregoriano Diniz de Queiroz, tinha sido o fundador do primeiro cinema aí nesta cidade que gosto muito, será que você poderia me ajudar verificando isso? Obs: o apelido José operador era devido ele a operar a máquina na sala de vídeo