Acordo hoje bem cedo (e aproveito
uma merecida folga do Judiciário), para curtir o dia em que fico a um passo de
completar meio século de vida. Mesmo sendo uma sexta-feira 13, hoje meu dia
será de sorte... E como faço todos os anos, eu mesmo me dou um presente:
escrevo reflexões sobre a passagem do tempo e de como isso me afeta. Nada mais
óbvio para um narcisista...
Hoje estou como naquela partida
em que o time de futebol precisa de um resultado que só sai já nos acréscimos,
aos 49 minutos do segundo tempo! Pode parecer exagero, mas quem acompanha
minhas crônicas de aniversário dos últimos anos deve notar que sempre falo do
meu medo da morte mesclado ao meu quase desprezo pela vida. Momentos paradoxais
de um antagonismo que perdura. Hoje não quero que seja assim. E enquanto você
estiver lendo estas linhas, estarei em alguma das praias paradisíacas de
Santarém, em boa companhia...
Este ano acontece algo de
especial em minha vida. É como se eu recomeçasse a viver. É lógico que isso tem
a ver com o coração. A máquina humana pulsa a partir deste órgão estranho do
qual dependemos para viver e que parece estar sempre querendo parar,
principalmente quando não cuidamos dele. Mas por mais que ele não esteja 100%
legal, basta que um sentimento ajude a bombear o sangue que não queria andar
pelas artérias. Isso só é possível com o reencontro do amor...
O que seria do homem sem esse
sentimento? Dizem que um poeta amargurado produz melhor quando está sofrendo da
falta do amor. É como a ostra, que só produz belas pérolas quando está ferida.
Pode ser verdade, mas não prefiro sofrer só para produzir bons textos. Quero
provar que estando feliz, se é capaz de expressar sentimentos sem parecer piegas.
Escrevo poesias desde a
adolescência, mas muitas delas não tinham tanta qualidade. Só com o
amadurecimento fui definindo um estilo.
Entretanto, muito do que eu produzia quase não era visto pelo público.
Até eu participar de dois festivais de música nos anos 1980 e conseguir
classificar composições em parceria, já que até hoje não me disciplinei para
enfrentar um violão cara a cara...
Há três anos, quando meu
casamento de 17 anos acabou e voltei à condição de solteiro, passei a escrever
com mais intensidade, e na era da internet ficou fácil ganhar o mundo expondo
minhas poesias em sites de relacionamento ou em blogs de amigos (já que o meu
quase sempre estava fora do ar...). Muita gente logo dizia, espantada: “não
sabia de seu lado poético!”. O que mudou foi o amadurecimento do texto, mas o
poeta estava ali, em todas as minhas atitudes.
Dos 49 anos que completo hoje,
posso dizer que pelo menos a metade foi dedicada à poesia. Poesia da vida feita
de versos diários. De ideais, de sonhos, de utopias. De imaginar que é possível
mudar o mundo na vida real, fosse nas minhas atitudes como jornalista ou como
militante de causas sociais. Isso me fez participar de vários movimentos
políticos e/ou culturais, com toda a intensidade, ao ponto de relegar uma maior
atenção aos filhos que resolvi por no mundo. A maioria deles pode até ter se
ressentido disso...
Minha poesia sempre foi feita de
palavras que resolvo externar, e que muitas vezes me causaram dissabores. A
exposição de ideias sobre os mais diversos temas, sempre acabam me trazendo
problemas. Como diria Martin Luther King: “Para fazer inimigos não é preciso
declarar uma guerra, basta se dizer o que se pensa”. E assim, sempre entro em conflitos
com pessoas públicas, que por conta disso desdenham do que digo e passam a me
atacar publicamente. São, às vezes, as mesmas pessoas que me elogiaram pela
coragem de dizer, minutos antes, mas no momento em que esta coragem envolveu
seu nome, passo a ser o mais mesquinho dos mortais em sua torpe concepção...
Como diria um “filósofo” da atualidade: faz parte...
Eu, no auto-exílio grego... |
E assim, marco minha vida sempre
em busca de desafetos, criando a aura de um ser polêmico que não se aquieta. E
que sempre atrai confusão... Às vezes sem perceber que um gesto, uma palavra ou
uma atitude acabou incomodando alguém ou um grupo. E aí começam os ataques pessoais.
Mas já foi pior... Nos anos 1980 tive que forçar um auto-exílio nas terras de
meu pai, a Grécia, para não morrer pela boca... Hoje não tenho medo disso, mas
faço tudo para evitar uma polêmica.
Entretanto, sempre fui adepto da
frase “dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair
dela”. Só que ultimamente tenho evitado o estouro da boiada. Quando a coisa
fica feia é melhor recuar, pois o mundo ainda é dos medíocres. E combatê-los
pode ser uma luta inglória. E aí, não há melhor ensinamento que o dos versos do
meu grande poeta Chico Buarque, na música “Cotidiano”: “(...)Todo dia eu só
penso em poder parar/Meio-dia eu só penso em dizer Não/Depois penso na vida pra
levar/E me calo com a boca de feijão.”
Mas como dizia linhas atrás, hoje
revivo o amor com uma criaturinha em forma de mulher que invadiu minha vida nas
últimas semanas (nem digo o nome porque já se espalhou na net...). Poderia ser
um das dezenas de casos surgidos de relacionamentos cibernéticos dos últimos
três anos, que se transformavam em amores platônicos virtuais ou em amizades
coloridas regadas a vinho e sexo. Mas foi além do que eu imaginava. Hoje é um
sentimento que me rejuvenesce e me faz pensar que a vida é bela. E que estou
preparado para romper a barreira dos 50.
Para além do meio século e tão além
quanto eu possa chegar...
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Nota do poster: por problemas na net, este post deveria ter entrado pela manhã mas não foi possível. Acabei desistindo da minha conexão e fui pra praia comemorar o aniversário, aproveitando a folga que tinha do trabalho hoje. Só agora consegui fazer a postagem.
5 comentários:
Parabéns Ninos! Tudo de bom pra vc, amigo. Lembre de convidar para o casamento. Abs.
Quem pode, pode... rsrs
Eu gosto muito de ler o que vc escreve...
Parabéns Ninos, e que os 5.0 venham cheio de graças divinas. Forte abraço!
Núbia Pereira.
Olá!
Fico feliz que você esteja Feliz.E quem disse que a vida não começa aos 49?
Você será eternizado em minhas lembranças. Um forte abraço.você é show!
Parabéns pela pessoa que você é! É uma delícia ler os seus textos. Um abraço. Tatiane Santos.
Jota Ninos,
Sigo-te, através de teua apaixonantes textos, mesmo de longe daqui de minha querida Itaituba.
Parabéns! pelo aniversário. Recarregue as baterias, rejuvenesça e complete a outra metade de século.
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