domingo, 7 de outubro de 2012

Trocando uniformes na reta final


Em respeito aos parcos leitores deste pobre blog, resolvi trocar de uniforme na reta final desta angustiante campanha eleitoral de 2012. Deixo a roupa de militante partidário de lado e tento, nesta postagem, contribuir com algumas informações aos (e)leitores deste espaço. Como militante cibernético, travei alguns debates na rede social, através do Facebook e até participei diretamente da campanha midiática, ora assessorando candidatos, ora pedindo votos para eles.
Há quase 80 dias fiz o último post neste espaço. Ainda estávamos no mês de julho, logo depois das tumultuadas convenções municipais dos partidos, que analisei aqui pelo blog. Foi o momento em que o jornalista deu lugar ao militante político. Como membro da direção do PCdoB local, me envolvi em um sem-número de reuniões, além do meu cotidiano como analista judiciário no Fórum de Santarém, atuando na organização das sessões do tribunal do júri.
Por pouco não aceitei enfrentar uma candidatura a vereador, mas depois de avaliar os prós e os contra de entrar nessa campanha, concluí que tinha mais contras do que prós. Engatei marcha-ré.
Mas desde que me filiei no PCdoB no ano passado, havia me proposto a ajudar o partido a alavancar e influir nas eleições municipais, ou articulando uma candidatura a prefeito ou elegendo seu primeiro vereador.
Mas no meio do caminho havia um plebiscito e tudo embolou. Mesmo assim, mantivemos conversações com o PV, que na última hora preferiu não se aventurar na consolidação de uma terceira via e migrou pro lado do PSDB. Não nos restava outra posição senão continuar seguindo nosso aliado histórico, o PT. Mas precisávamos garantir um tratamento não mais de “sigla de aluguel” como tantas que existem por aí. Afinal, no ano dos 90 anos de fundação do PCdoB, queremos marcar a história do partido em Santarém, seja apoiando uma candidatura para prefeito, seja elegendo um ou mais vereadores na Câmara.
Mas deixemos a militância pra mais tarde. Hoje é dia de eleição, e muita gente está saindo agora para votar. Aos que estiverem em casa e conseguirem ler estas linhas, pode ser que eu ajude com algumas informações. Sempre digo que não tenho a pretensão de ser dono da verdade (os jornalistas, muitas das vezes acreditam que estão acima do bem e do mal). Mas conviver com os bastidores da política, coisa que faço desde que me iniciei repórter pela Rádio rural, em 1984, e ao mesmo tempo levantar bandeiras partidárias, causa um grande desconforto. Para mim e para os outros. Mesmo assim, me arrisco a palpitar, e tentar ser mais jornalista do que militante. Não é fácil. Por isso, estou pronto para os debates, mesmo aqueles raivosos de pessoas que ao invés de debater ideias, preferem detratar o autor. Já estou vacinado. E basta filtrar aqueles que não respeitam o bom debate. E vamos às informações.

Em meio ao descrédito com as pesquisas, SIM e NÃO fazem a tônica do embate pela prefeitura

Creio, como muitos, que esta deve ser a eleição com um resultado dos mais apertados de todos os tempos, entre os dois principais candidatos à Prefeitura. Alexandre Von, do PSDB e Lucineide Pinheiro do PT devem ser um dos vencedores da contenda, provavelmente com uma pequena margem de diferença entre ambos. A possibilidade de uma vitória acachapante de ambas as partes parece ser remota. Tive acesso a diversos resultados de pesquisas internas, de um lado e de outro. E juntando com as pesquisas publicadas, a sensação é a mesma.
Cheguei a participar de um programa de Lucineide falando do fenômeno da tendência das pesquisas, que historicamente definem o resultado na reta final. E quem sempre está na frente com ampla vantagem antes da campanha começar, corre sempre o risco de iniciar uma queda gradual ou exponencial, como no caso do comunicador Celso Russomano (PRB), candidato a prefeito em São Paulo, que de provável vencedor ainda no 1º turno corre o risco de nem chegar ao 2º turno e assistir de camarote a mas uma contenda entre PT e PSDB.
Mas em Santarém, a queda anotada em relação ao candidato que esteve sempre na frente foi gradual. A candidata que entrou na campanha com menos de três meses, independente do resultado de hoje, já pode ser considerada um fenômeno: de 0% enfrentou os quase 47% construídos por Alexandre nos últimos anos e praticamente encostou no seu cangote.
De um lado, o PT fazendo uma campanha junto com outros 11 partidos aliados, para provar que os oito anos no poder renderam bons frutos. Do outro, uma oposição acertando constantemente aquele mesmo soco no fígado, no que parecia ser o calcanhar de Aquiles da gestão Maria do Carmo II: ruas esburacadas e caos nos hospital municipal.
Como sempre acontece, programas de governo não foram expostos para debate. Sobrou malícia e acusações, vídeos com ataques grosseiros ou mensagens humoradas. E como pano de fundo o plebiscito, com Alexandre tentando dizer que é do SIM, apesar de apoiado pelo governador do NÃO e Lucineide reforçando a convicção do NÃO em detrimento de um possível SIM. Entre o SIM e o NÃO muitos eleitores ficaram no TALVEZ. Hoje a resposta sairá das urnas.
Outros três candidatos participaram do embate, quase como co-adjuvantes: Márcio Pinto (PSOL), José Maria Tapajós (PMDB) e Rubson Santana (PSC). Duas decepções e uma surpresa que se prepara para voos mais altos. A decepção maior fica por conta de José Maria Tapajós, que pode amargar até mesmo um quarto lugar (o que seria uma vergonha para o poderoso PMDB de Jader Barbalho), se a performance esperada de Márcio Pinto se confirmar. Este por sua vez, ganhou mais experiência e deve ser forte candidato à uma vaga na Alepa dentro de dois anos, principalmente se o PSOL confirmar Edmilson Rodrigues na prefeitura de Belém. Ao Zé Maria, resta o esforço final para tentar eleger seu herdeiro político, o webdesigner Júnior Tapajós para a Câmara Municipal.
A outra decepção ficou por conta de Rubson Santana, que despontava como uma novidade que poderia dar o que falar, mas não pelo lado folclórico. O “candidato das maquetes”, mostrou a fragilidade uma estrutura quase inexistente, baseada apenas numa trupe de abnegados religiosos da Assembleia de Deus, a qual pertence. Projeto inacabado de político com uma nova mensagem, Rubson deve apenas servir como um palanque alternativo para o deputado federal Zequinha Marinho (PSC-PA), em sua tentativa de reeleição em 2014.
Daqui a pouco um post sobre as chances de quem pode chegar na Cãmara Municipal.

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