Eu e Jorge Cohen, campanha de 2000. |
Mesmo como militante partidário, ainda participei de programas de análise política, em 2018, o ano zero do Bolsonarismo...
Uma cláusula que pode dar alento a partidos menores
A grande maioria dos partidos no Brasil tem pouca expressividade em votos totais. Mas todos sempre tem candidatos que individualmente conseguem boa votação e acabam se elegendo ou não, por causa dos famosos cálculos de proporcionalidade, do chamado Quociente Eleitoral (QE), baseado na divisão de votos válidos (excluindo brancos e nulos) pelas vagas ofertadas no parlamento.
Vamos agora à parte que mais interessa desta análise.
Em Santarém, só 28 dos 33 partidos existentes no Brasil, estão devidamente organizados.
ORD.
PARTIDOS
SIGLA
Nº
1.
REP
10
2.
PP
11
3.
PDT
12
4.
PT
13
5.
PTB
14
6.
MDB
15
7.
PSTU
16
8.
PSL
17
9.
Rede Sustentabilidade
REDE
18
10.
PODE
19
11.
PSC
20
12.
PCB
21
13.
PL
22
14.
CIDA
23
15.
DEM
25
16.
DC
27
17.
PRTB
28
18.
PCO
29
19.
Partido Novo
NOVO
30
20.
PMN
33
21.
PMB
35
22.
PTC
36
23.
PSB
40
24.
PV
43
25.
PSDB
45
26.
PSOL
50
27.
PATRI
51
28.
PSD
55
29.
PCdoB
65
30.
AVANTE
70
31.
SDD
77
32.
UP
80
33.
PROS
90
Mas dos 488 candidatos a vereador, 04 renunciaram e 25 foram indeferidos, sendo que desses, apenas 16 recorreram da impugnação e ainda podem ser votados, mas a votação não aparecerá no resultado, até ser julgado o recurso. Assim, o eleitor tem apenas 476 candidatos para escolher às 21 vagas no legislativo. Ou seja, a disputa entre os vereadores é de quase 23 candidatos por vaga! (os candidatos em vermelho na tabela abaixo, disputam neste domingo, sub júdice, ou seja, só terão seus votos conferidos pelo sistema depois do julgamento dos recursos).
DEMOCRATAS – 26
Partido do atual prefeito Nélio Aguiar (que tenta a reeleição) e que tem ainda em seus quadros a família do líder político Lira Maia (prefeito por duas vezes), elegeu sem coligação três vereadores em 2016, dos quais apenas um tenta a reeleição (Tadeu Cunha). Tem a chance de eleger a mesma bancada, mas sonha em alcançar mais uma ou duas vagas, por ter candidatos com grande capilaridade eleitoral, como o campeão de votos em 2016, pelo PSDB, Jandeilson Pereira, líder da Colônia de Pescadores Z-20. Há também entre seus favoritos, o também vereador vindo de outra sigla, Silvio Neto (eleito pelo PTB em 2016). O ex-vereador Erasmo Maia, é a aposta do clã de Lira Maia para substituir a única mulher eleita em 2016, sua tia Maria José Maia. Da mesma forma, o atual presidente da Câmara, Emir Aguiar, trabalha para a eleição de seu diretor legislativo, comunicador e cerimonialista Alberto Portela, que tem apoio da Renovação Carismática da Igreja Católica. Os demais nomes dificilmente terão chances de superar os já citados.
Com a aposentadoria de seu principal líder, Antonio Rocha, que sonhava ser vice de Maria do Carmo (PT), mas foi impedido pelo governador Helder Barbalho (inclusive com ameaça de intervenção no partido em Santarém, para continuar na coligação de Nélio Aguiar), o MDB tenta conseguir uma votação para eleger os mesmos dois vereadores de 2016 e sonha até com uma terceira vaga. Rocha joga todas as fichas em seu filho Erlon Rocha, empresário da navegação como o pai. O outro vereador eleito em 2016, Ronan Liberal Jr. tenta um novo mandato com o apoio do pai, ex-prefeito Ronan Liberal. Além desses, existem os nomes do advogado Andreo Rasera (com apoio do ex-prefeito Ruy Corrêa, e que se eleito será o primeiro deficiente visual a ocupar uma vaga na Câmara), e o vereador Alaércio Cardoso eleito em 2016 pelo PRP (partido que foi incorporado pelo Patriota, ano passado). Com menos chances, correm por fora o Alexandre Maduro, contabilista, a enfermeira Alba Leal e o líder comunitário José Maria Lira. Os demais candidatos tem quase nenhuma chance no pleito.
O PSDB pode renovar em 100% sua bancada de três vereadores eleita em 2016. Ney Santana (candidato a prefeito) e Chiquinho Souza não disputam a reeleição, e Jandeilson Pereira foi pro DEM. Mas, novamente, o partido pode ter o campeão de votos como foi há quatro anos (com Jandeilson). O ex-prefeito Alexandre Von é cotado para ter uma votação expressiva, o que pode ajudar na reeleição de Paulo Gasolina, oriundo do DEM, onde era suplente e assumiu a vaga de Henderson Pinto. Se isso acontecer, Alexandre e Gasolina repetirão o feito de 1988, quando se elegeram juntos, pela primeira vez, iniciando a carreira política, então pelo PDT. O PSDB conta ainda com três nomes que podem disputar uma possível terceira vaga: Sandra Santana (irmã de Ney Santana), Bárbara Mattos (esposa do médico João Otaviano Mattos, que também foi campeão de votos em 1996) e o blogueiro JK, filho do ex-prefeito Ronaldo Campos. Os demais tem menos chances de êxito.
O partido do vice-prefeito José Maria Tapajós tenta eleger de um a dois vereadores, e logicamente o favorito para uma das vagas e o filho de Tapajós, o Júnior, eleito vereador em 2016 pelo PR (agora PL). A outra vaga, se houver, tem na disputa o vereador Dayan Serique, que foi expulso do PPS pelo qual foi eleito em 2016, e tenta mais uma vez entrar nas sobras de vagas, como em 2012 e 2016. Quem pode ameaçar suas pretensões são o professor Josafá, líder sindicalista do Sinprosan ou até o neófito Senazar Galvão, líder comunitário do Conjunto Salvação. Os demais candidatos não são tão expressivos para disputar vagas.
Com apenas dez candidatos, todos neófitos ou inexpressivos, o partido não deve alcançar o Quociente Partidário para eleger nenhum vereador, apesar de ter um candidato a prefeito que pode chegar em 3º lugar (Coronel Tomaso) na disputa. Se algum candidato conseguir ultrapassar a barreira dos 750 ou 800 votos, podem sonhar com uma remota vaga nas sobras.
Com apenas três candidatos na disputa, o DC não elege ninguém. Em 2016, quando ainda era PSDC, elegeu um vereador, André do Raio-X, hoje no PV. O pior é que todos os candidatos disputam sub júdice, pois foram impugnados...
Candidato(s) com número em vermelho está(ão) impugnado(s) e concorre(m) sub júdice |
Como em 2016, o PSD se preparou para tentar reeleger como único vereador, seu “dono”. O vereador Alysson Pontes conta com apoio da poderosa família que domina o mercado de medicamentos e postos de gasolina, para tentar mais uma vez ser vereador. Mas tem uma imagem desgastada por polêmicas que comprou durante os quatro anos de mandato. Pode ser ameaçado por candidatos neófitos como o jornalista Ronei Oliveira (apoiado pelo Movimento de Cursilho de Cristandade) ou pelo ex-policial e líder comunitário João Almeida. Fora disso, não há nomes que tenham chances visíveis na disputa por vagas.
Em 2016, o PT amargou a não eleição de nenhum candidato a vereador, por conta dos escândalos nacionais revelados pela Operação Lava-jato. Sempre elegia bancadas de pelo menos dois vereadores, antes disso. Tenta se reconstruir e com a possibilidade de voltar à Prefeitura com Maria do Carmo, renovou seu quadro de lideranças e tem chance de voltar a ter dois vereadores na Câmara, ou até três, dependendo dos votos que amealhar. O nome que é tido como favorito a uma das vagas é do irmão de Maria do Carmo, ex-vereador e ex-deputado, o médico Carlos Martins. Pela segunda vaga, a disputa fica entre a cantora Priscila Castro e a conselheira tutelar Vita Rocha, ambas apoiadas pelo deputado federal Aírton Faleiro. Mas há também o fator “Tiririca” no partido, chamado Biga Kalahare, youtuber com fama nacional que pode turbinar os votos e até surpreender. Outras duas lideranças históricas do PT correm por fora: Milton Peloso e Iza Tapuia. Os demais não conseguem se encaixar entre os favoritos.
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O partido que elegeu Reginaldo Campos em 2016, preso e condenado por corrupção na Operação Perfuga, tenta esquecer esse passado e aposta em várias candidaturas do meio evangélico, com a esperança de eleger pelo menos um vereador. Uma delas é o professor Marquinho, ex-PT, que virou bolsonarista ferrenho e amarga derrota atrás de derrota nos últimos pleitos. Mas há outro nome que pode surpreender, o enfermeiro Murilo Tolentino, da tradicional família de médicos e enfermeiros, liderados pela ex-vereadora Marcela Tolentino, sua mãe. Correndo por fora, há o nome do jornalista, também evangélico, Carlos Silva e do desportista Sandecley Monte, diretor do Tapajós Futebol Clube. Os demais nomes não têm tanta expressão para estar entre os favoritos.
Sem seu líder de vários mandatos (que tenta se eleger prefeito), Valdir Mathias, o PV deve eleger pelo menos um vereador. O nome mais forte é do atual vereador, André do Raio-X, que em 2016 estava no PSDC (atual DC). Outro nome com grandes chances é do empresário Baiano Celulares. Os demais nomes tem poucas chances de ascensão.
Com um time modesto de candidatos, o Avante sonha em eleger pelo menos um vereador, nem que seja nas sobras de vagas. O nome mais expressivo do partido é o de seu presidente Elielton Rego Lira.
PTC – 36
Com um dos maiores times de vereadores, o PTC também tenta conseguir chegar ao parlamento municipal pela primeira vez. Mas a falta de um nome mais expressivo pode não ajudar nesse desafio. Talvez, numa sobra de vagas. O candidato a prefeito do partido, João "Massamix" Pingarilho (PSC), bem que podia ter divulgado seus candidatos como fez com seu nome que aparece em todo o lugar que o Ad Sense do Google pode chegar na internet, através do poderoso engajamento financeiro...
O professor Márcio Pinto, maior liderança do PSOL que já disputou 5 campanhas sempre com votação expressiva, tenta a única vaga que o partido sonha conseguir. Mas com 12 candidatos, de pouca capilaridade eleitoral, vai depender muito da performance de seu principal líder. Caso não alcance o QE, certamente Márcio ultrapassará os 10% previstos desse total para sonhar com uma vaga nas sobras.
O partido do vereador Gaúcho Cebuliski pode ter de um a dois vereadores eleitos, sendo ele um dos favoritos para uma das vagas. O outro nome pode ser do ex-vereador Gerlande Castro. Os demais nomes não devem despontar entre os favoritos.
O partido do vice de Maria do Carmo (PT), Bruno Figueiredo, e de seu pai o ex-vereador Osmando Figueiredo, quer eleger de um a dois vereadores. Os favoritos para as vagas são os atuais vereadores Mano Dadai (eleito pelo PRTB, em 2016) e Didi Feleol (eleito pelo PDT, em 2016). Os outros nomes são menos expressivos para tentar uma vaga, mas sempre pode haver uma surpresa.
PSL – 17
Em 2016, antes de Bolsonaro entrar no PSL, o partido conseguiu eleger seu primeiro vereador, Silvio Amorim, que acabou cassado em 2018. Mas seu suplente, Jackson do Folclore, deixou a sigla e foi pro PRTB. O empresário Paulo Barrudada, que assumiu a sigla se lançou candidato a prefeito e sonha em eleger pelo menos um(a) vereador(a), nem que seja nas sobras de vagas. Os favoritos para essa pretensa vaga são: a esposa do empresário, Fabrícia Barrudada, o delegado de polícia Herbert Farias, e o também empresário Aguinaldo Promissória.
O suplente de vereador Jackson do Folclore que assumiu a vaga de Silvio Amorim (PSL) em 2019, foi o menos votado entre os atuais vereadores em 2016 (648 votos), e tenta fazer o milagre de se eleger pelo novo partido. Juntou um bom número de candidatos, mas sem muita expressão, o que pode prejudicar seu projeto, até porque seu candidato a prefeito, Sargento Jesson, também não tem como ajudar a chapa de vereadores e deve ser o menos votado para prefeito.
Podemos ou não podemos? Eis a questão. Quando era PTN, em 2016, o partido conseguiu a façanha de eleger dois vereadores: o delegado Jardel Guimarães e o atual presidente da Câmara, Emir Aguiar (hoje, no DEM). Agora, Jardel tenta a única vaga que o partido pode conseguir, caso alcance o QE, ou pelo menos nas sobras de vagas. Os demais nomes do partido tem pouca expressividade para ajudar nesse objetivo.
O antigo PPS, que já foi uma sigla média em Santarém, perdeu o único vereador que elegeu em 2012 e 2016, Dayan Serique, expulso pelo presidente estadual Arnaldo Jordy por infidelidade na campanha de 2018. Nessa campanha, o partido tenta se renovar, mas sem nenhum nome de grande expressão que possa ajudar a garantir uma vaga. Possivelmente não elegerá nenhum de seus candidatos, salvo se conseguir que um deles tenha votação acima dos 10% do QE e possa sonhar com uma vaga nas sobras.
Depois de surpreender em 2016 elegendo um vereador (Didi Feleol), o PDT perdeu seu único representante e a força que teria para repetir o feito. Sem nomes mais expressivos, sonha, assim mesmo, em eleger pelo menos um vereador nem que seja nas sobras de vagas.
Candidato(s) com número em vermelho está(ão) impugnado(s) e concorre(m) sub júdice |