A frase que ilustra o título deste artigo não é minha. Me foi dita dia no feriado por um distinto senhor num banco de praça, enquanto lia uma revista no feriado. Resolvi publicá-la por achar muito forte e séria a acusação feita por meu interlocutor.
Indignado com os políticos locais, ele comentava o artigo que escrevi na edição passada e desfiou um rosário de lamentações contra os políticos santarenos que “nada fazem para acabar com nossos problemas”, como o da falta d'água objeto daquele artigo. “São todos idiotas. Santarém ficaria melhor sem eles”, dizia o senhor com um ar marcial.
Discordei de sua afirmativa dizendo que esse tipo de consideração pode ser perigosa, pois, de repente, a indignação, primeiro instinto de quem se sente injustiçado, pode resvalar pelo canal que desagua no caos de uma ditadura e que ações extremistas se explicam, mas não se justificam, como já havia frisado naquele artigo.
Dizer que nossos vereadores são “idiotas” pode parecer um ataque gratuito e sem consistência. Ponderei que o vereador é o espelho da coletividade e não de si próprio. O problema é que o nosso sistema eleitoral é falho e permite o surgimento de figuras execráveis que acabam contaminando o todo.
A Legislatura de 1997/2000 foi uma das mais complexas, por eleger e derrubar presidentes como nunca. Mas ao mesmo tempo foi a que teve a sensibilidade de aprovar, por maioria de seus vereadores, a implantação de um serviço de integração com a comunidade o chamado Programa Legislativo & Cidadania (PLC).
O PLC mantinha um canal de acesso ao cidadão através de um serviço 0800 ligado a computadores e comandado por estagiários acadêmicos. Estudantes tiveram o primeiro acesso às sessões e participaram de debates com vereadores. O programa mensurava os anseios do cidadão podendo transformá-los em projetos de leis úteis e não apenas os inúteis requerimentos, moções de aplausos e honrarias que são aprovados todos os dias.
Creio que através de iniciativas como aquela, qualquer um dos poderes constituídos pode mostrar o quanto precisa descer do pedestal e chegar junto ao cidadão comum.
Quando já estava conseguindo convencer meu interlocutor da importância de se cobrar maior transparência e não tão-somente pregar a destruição da imagem do Poder Público, ele me perguntou: “e por que o projeto não prosperou?”. Respondi que um dia houve um misterioso arrombamento e os computadores sumiram...
Logicamente que ele desatou a rir e disse: “E por isso que eu acho que todos os vereadores santarenos são uns idiotas!”. Desisti de tentar demovê-lo da idéia. Me despedi, enquanto ele continuou se esbaldando no banco da praça.
Indignado com os políticos locais, ele comentava o artigo que escrevi na edição passada e desfiou um rosário de lamentações contra os políticos santarenos que “nada fazem para acabar com nossos problemas”, como o da falta d'água objeto daquele artigo. “São todos idiotas. Santarém ficaria melhor sem eles”, dizia o senhor com um ar marcial.
Discordei de sua afirmativa dizendo que esse tipo de consideração pode ser perigosa, pois, de repente, a indignação, primeiro instinto de quem se sente injustiçado, pode resvalar pelo canal que desagua no caos de uma ditadura e que ações extremistas se explicam, mas não se justificam, como já havia frisado naquele artigo.
Dizer que nossos vereadores são “idiotas” pode parecer um ataque gratuito e sem consistência. Ponderei que o vereador é o espelho da coletividade e não de si próprio. O problema é que o nosso sistema eleitoral é falho e permite o surgimento de figuras execráveis que acabam contaminando o todo.
A Legislatura de 1997/2000 foi uma das mais complexas, por eleger e derrubar presidentes como nunca. Mas ao mesmo tempo foi a que teve a sensibilidade de aprovar, por maioria de seus vereadores, a implantação de um serviço de integração com a comunidade o chamado Programa Legislativo & Cidadania (PLC).
O PLC mantinha um canal de acesso ao cidadão através de um serviço 0800 ligado a computadores e comandado por estagiários acadêmicos. Estudantes tiveram o primeiro acesso às sessões e participaram de debates com vereadores. O programa mensurava os anseios do cidadão podendo transformá-los em projetos de leis úteis e não apenas os inúteis requerimentos, moções de aplausos e honrarias que são aprovados todos os dias.
Creio que através de iniciativas como aquela, qualquer um dos poderes constituídos pode mostrar o quanto precisa descer do pedestal e chegar junto ao cidadão comum.
Quando já estava conseguindo convencer meu interlocutor da importância de se cobrar maior transparência e não tão-somente pregar a destruição da imagem do Poder Público, ele me perguntou: “e por que o projeto não prosperou?”. Respondi que um dia houve um misterioso arrombamento e os computadores sumiram...
Logicamente que ele desatou a rir e disse: “E por isso que eu acho que todos os vereadores santarenos são uns idiotas!”. Desisti de tentar demovê-lo da idéia. Me despedi, enquanto ele continuou se esbaldando no banco da praça.
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(*) artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada no jornal Diário do Pará, em sua edição regional (Diário do Tapajós), desta sexta-feira (18.11.2005)
(*) artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada no jornal Diário do Pará, em sua edição regional (Diário do Tapajós), desta sexta-feira (18.11.2005)
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