A frieza dos números dos candidatos aliada à complexidade de siglas com letras que nada nos dizem, fazem do processo eleitoral brasileiro, há cada dois anos, um emaranhado de promessas com rostos que conhecemos de outros carnavais. O palanque eletrônico, das rádios e TV’s, nos apresenta homens produzidos a partir de idéias mirabolantes ou não, que tentam traçar um destino que sequer temos certeza se queremos para a nossa cidade ou nosso país.
Este ano, mais uma vez enfrentamos este processo que começa sempre um pouco antes das férias de julho, em convenções partidárias onde inimigos de ontem podem ser aliados de amanhã e vice-versa, desembocando no dia da eleição que em alguns casos tem até repeteco (o tal do 2° turno), como ocorreu domingo em todo o Brasil na eleição presidencial e em especial nos 10 estados (incluído o Pará) que escolheram governadores.
A democracia é necessária e está além dos palanques. Nasce nas ruas, onde a liberdade de expressão é multicor. Militantes pagos ou não, tentam nos convencer com a fusão de cores entre amarelo, vermelho e outras predominantes das ideologias existentes, que cada proposta é melhor que a outra. Mas o que importa mesmo é o dia seguinte à apuração das urnas.
Fiz um perípatos pela cidade antes e depois da apuração no domingo. Reencontrei velhos amigos conduzindo bandeiras nunca dantes levantadas e outros que ainda agarram-se às mesmas idéias de todo o sempre. A razão é pura emoção e não importa a cor das ideologias. Não importam os vencedores ou os supostos derrotados porque – abusando do lugar-comum – todos são vitoriosos.
Às cores partidárias juntam-se os números das pesquisas, os comentários de quem tenta entender tudo, os resultados que podem até surpreender. O sorriso e o desespero da militância são coloridos.
Deixando de lado a divagação em prosa poética, falemos dos resultados concretos: o vermelho do PT se sobrepôs ao amarelo do PSDB que já vinha se desbotando ao longo dos últimos 12 anos no Pará, mesma situação já verificada em nível nacional e municipal em eleições anteriores. Esse novo predomínio “encarnado” cria uma sensação favorável ao futuro de Santarém, algo que já vem sendo chamado de “alinhamento cósmico de estrelas petistas”, no caso, o presidente reeleito Luis Inácio Lula da Silva, a governadora eleita Ana Júlia Carepa e a prefeita de Santarém Maria do Carmo que tenta se livrar de um mórbido ocaso.
Além de Ana Júlia no governo estadual, Santarém e a região Oeste do Pará terão um legítimo representante ao lado do gabinete da governadora, seu vice, o santareno Odair Corrêa. Sua eleição é ainda mais emblemática por conta do que ele representou em todos estes anos, participando da organização de um dos vários comitês surgidos por aqui para discutir o projeto de emancipação política da região, com a criação do tão sonhado Estado do Tapajós. Mas que ninguém se iluda que esse discurso permeie os atos de Odair após a posse. Ao jurar sob a Constituição do Pará ele e a governadora (como qualquer um que se eleja a esse cargo), assumem o compromisso pela indissolubilidade do Estado do Pará.
A verdadeira contribuição dos dois será impedir que as políticas do Estado se concentrem apenas na capital como nos governos anteriores, deixando que as regiões culturalmente distintas entre si tenham a possibilidade de discutir o processo de redivisão ou reorganização das unidades federativas da Amazônia, iniciado ainda no Brasil-Império quando a grande Província do Grão Pará e Maranhão transformou-se em pelo menos três Estados: Amazonas, Pará e Maranhão.
A tarefa de mobilização em torno desta idéia ficará por conta dos deputados eleitos ainda no primeiro turno, que só no Oeste do Pará representam quase 25% da Assembléia Legislativa. Mas será que esta união ainda é possível diante do resultado desta eleição? As “bancadas separatistas” do Oeste e do Sul do Pará serão hegemônicas ou as cores partidárias voltarão a influenciar essa ideologia capenga?
O fato é que as cores nem sempre formam um belo arco-íris, que aliás sempre foi o sinal de que depois da tempestade vem a bonança.
É bom lembrar que logo após as eleições, onde a democracia multicolorida fez a festa, chegam dias que representam o lado negro da força: além da festa das bruxas (o Halloween da cultura ianque), nesta semana os dias de reflexão envolvem a lembrança dos mortos, o Dia de Finados, um feriado para homenagens póstumas que envolve nuvens sombrias a serem dissipadas...
Ou não...
Este ano, mais uma vez enfrentamos este processo que começa sempre um pouco antes das férias de julho, em convenções partidárias onde inimigos de ontem podem ser aliados de amanhã e vice-versa, desembocando no dia da eleição que em alguns casos tem até repeteco (o tal do 2° turno), como ocorreu domingo em todo o Brasil na eleição presidencial e em especial nos 10 estados (incluído o Pará) que escolheram governadores.
A democracia é necessária e está além dos palanques. Nasce nas ruas, onde a liberdade de expressão é multicor. Militantes pagos ou não, tentam nos convencer com a fusão de cores entre amarelo, vermelho e outras predominantes das ideologias existentes, que cada proposta é melhor que a outra. Mas o que importa mesmo é o dia seguinte à apuração das urnas.
Fiz um perípatos pela cidade antes e depois da apuração no domingo. Reencontrei velhos amigos conduzindo bandeiras nunca dantes levantadas e outros que ainda agarram-se às mesmas idéias de todo o sempre. A razão é pura emoção e não importa a cor das ideologias. Não importam os vencedores ou os supostos derrotados porque – abusando do lugar-comum – todos são vitoriosos.
Às cores partidárias juntam-se os números das pesquisas, os comentários de quem tenta entender tudo, os resultados que podem até surpreender. O sorriso e o desespero da militância são coloridos.
Deixando de lado a divagação em prosa poética, falemos dos resultados concretos: o vermelho do PT se sobrepôs ao amarelo do PSDB que já vinha se desbotando ao longo dos últimos 12 anos no Pará, mesma situação já verificada em nível nacional e municipal em eleições anteriores. Esse novo predomínio “encarnado” cria uma sensação favorável ao futuro de Santarém, algo que já vem sendo chamado de “alinhamento cósmico de estrelas petistas”, no caso, o presidente reeleito Luis Inácio Lula da Silva, a governadora eleita Ana Júlia Carepa e a prefeita de Santarém Maria do Carmo que tenta se livrar de um mórbido ocaso.
Além de Ana Júlia no governo estadual, Santarém e a região Oeste do Pará terão um legítimo representante ao lado do gabinete da governadora, seu vice, o santareno Odair Corrêa. Sua eleição é ainda mais emblemática por conta do que ele representou em todos estes anos, participando da organização de um dos vários comitês surgidos por aqui para discutir o projeto de emancipação política da região, com a criação do tão sonhado Estado do Tapajós. Mas que ninguém se iluda que esse discurso permeie os atos de Odair após a posse. Ao jurar sob a Constituição do Pará ele e a governadora (como qualquer um que se eleja a esse cargo), assumem o compromisso pela indissolubilidade do Estado do Pará.
A verdadeira contribuição dos dois será impedir que as políticas do Estado se concentrem apenas na capital como nos governos anteriores, deixando que as regiões culturalmente distintas entre si tenham a possibilidade de discutir o processo de redivisão ou reorganização das unidades federativas da Amazônia, iniciado ainda no Brasil-Império quando a grande Província do Grão Pará e Maranhão transformou-se em pelo menos três Estados: Amazonas, Pará e Maranhão.
A tarefa de mobilização em torno desta idéia ficará por conta dos deputados eleitos ainda no primeiro turno, que só no Oeste do Pará representam quase 25% da Assembléia Legislativa. Mas será que esta união ainda é possível diante do resultado desta eleição? As “bancadas separatistas” do Oeste e do Sul do Pará serão hegemônicas ou as cores partidárias voltarão a influenciar essa ideologia capenga?
O fato é que as cores nem sempre formam um belo arco-íris, que aliás sempre foi o sinal de que depois da tempestade vem a bonança.
É bom lembrar que logo após as eleições, onde a democracia multicolorida fez a festa, chegam dias que representam o lado negro da força: além da festa das bruxas (o Halloween da cultura ianque), nesta semana os dias de reflexão envolvem a lembrança dos mortos, o Dia de Finados, um feriado para homenagens póstumas que envolve nuvens sombrias a serem dissipadas...
Ou não...
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Esse texto deveria estar na edição de terça-feira (31/10) no Diário do Tapajós, mas por problemas técnicos no envio à Belém, a edição não circulou. Hoje, novamente ocorreu o mesmo problema e a edição também não circulou. Divulgo o texto aqui, para que não fique tão defasado. A coluna Perípatos que escrevo no jornal, volta terça-feira com outro tema.
Neste feriadão de Finados (02/11), estarei participando à partir das 08h00 da manhã do programa Mesa Redonda, da 94 FM, comandado pelo jornalista Sampaio Brelaz, que terá como tema o resultado do 2º turno das eleições. Além de mim, estarão presentes mais quatro convidados. O programa pode ser acompanhado pela internet, no site http://notapajos.globo.com/ através do link 94 FM ao vivo.
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