Se havia alguma dúvida sobre qual o carnaval ideal para Santarém, os milhares de foliões de Momo que tomaram de assalto as estreitas ruas da vila de Alter do Chão, não deixaram pedra sobre pedra.
A verdadeira democracia carnavalesca emergiu da mistura da farinha de trigo (ou amido de milho, ou ainda, spray de espuma) ao asfalto, tudo isso regado a chuva, suor e álcool. O resto é artimanha para tirar dinheiro da prefeitura para os decadentes blocos que insistem no “carnaval-espetáculo”.
Apesar de não ter samba no pé, resolvi ver de perto o tão badalado “Carnalter” e me convenci do que sempre defendi em artigos e reportagens: está na hora de deixar o povo extravasar as intempéries de 360 dias, nos cinco dias mais alegres do ano.
Sem essa de “sambódromo”, “verbas para blocos”, “troféu para vencedores” ou a velha dúvida hamletiano-momesca (ser de enredo ou de empolgação?).
O Carnalter vem crescendo em importância nesse debate, desde as primeiras manifestações de alguns abnegados santarenos que, há uma década, buscavam uma alternativa de um carnaval sem frescuras. Foi quando surgiu a idéia dos blocos puxados por carros-som e com nomes de sentido duplo que expressam a síntese das festas dionisíacas e de um verdadeiro bacanal momesco, digno de Baco (Dioniso), deus da mitologia grega: “Há Jacu no pau”, “Não dou meu Kuati”, “Arranca Baço” ou outros ainda mais impublicáveis (por serem ainda mais diretos).
Este ano, foi a vez do bloco “A Pomba” surgir com centenas de brincantes e com uma organização de deixar muitos dos tradicionais blocos do carnaval de rua de Santarém, com a “pulga” atrás da orelha...
Com abadás, trio-elétrico, um sambinha em ritmo de frevo e até videoclipe na TV, não teve quem não quisesse entrar n´A Pomba (com perdão pela armadilha lingüística que a frase contém...)!
O Carnalter só não supera (por enquanto) o Carná Pauxis, de Óbidos, onde a mesma filosofia já faz daquela festa item obrigatório na agenda de turistas-foliões que buscam algo diferente e excitante, unindo a paisagem exótica da Amazônia ao delírio anarquista do carnaval, como nos velhos tempos, à base de farinha e asfalto.
Quando será que essa gente que comanda a cultura local vai atentar a isso? O Carnaval é uma festa popular e ganhou ares de espetáculo no Rio de Janeiro, onde o investimento do crime organizado e de políticos, transformou a festa num show milionário. Tentar seguir essa mesma filosofia e esquecer que estamos mais perto do carnaval nordestino (dos trios-elétricos baianos e dos frevos pernambucanos) do que do onírico carnaval carioca, é no mínimo falta de bom senso.
Será que é preciso novas quedas de secretários, brigas de dirigentes, atrasos, chuvas e um “espetáculo” pífio na orla dos tais “blocos”, para que se busque uma nova alternativa?
A verdadeira democracia carnavalesca emergiu da mistura da farinha de trigo (ou amido de milho, ou ainda, spray de espuma) ao asfalto, tudo isso regado a chuva, suor e álcool. O resto é artimanha para tirar dinheiro da prefeitura para os decadentes blocos que insistem no “carnaval-espetáculo”.
Apesar de não ter samba no pé, resolvi ver de perto o tão badalado “Carnalter” e me convenci do que sempre defendi em artigos e reportagens: está na hora de deixar o povo extravasar as intempéries de 360 dias, nos cinco dias mais alegres do ano.
Sem essa de “sambódromo”, “verbas para blocos”, “troféu para vencedores” ou a velha dúvida hamletiano-momesca (ser de enredo ou de empolgação?).
O Carnalter vem crescendo em importância nesse debate, desde as primeiras manifestações de alguns abnegados santarenos que, há uma década, buscavam uma alternativa de um carnaval sem frescuras. Foi quando surgiu a idéia dos blocos puxados por carros-som e com nomes de sentido duplo que expressam a síntese das festas dionisíacas e de um verdadeiro bacanal momesco, digno de Baco (Dioniso), deus da mitologia grega: “Há Jacu no pau”, “Não dou meu Kuati”, “Arranca Baço” ou outros ainda mais impublicáveis (por serem ainda mais diretos).
Este ano, foi a vez do bloco “A Pomba” surgir com centenas de brincantes e com uma organização de deixar muitos dos tradicionais blocos do carnaval de rua de Santarém, com a “pulga” atrás da orelha...
Com abadás, trio-elétrico, um sambinha em ritmo de frevo e até videoclipe na TV, não teve quem não quisesse entrar n´A Pomba (com perdão pela armadilha lingüística que a frase contém...)!
O Carnalter só não supera (por enquanto) o Carná Pauxis, de Óbidos, onde a mesma filosofia já faz daquela festa item obrigatório na agenda de turistas-foliões que buscam algo diferente e excitante, unindo a paisagem exótica da Amazônia ao delírio anarquista do carnaval, como nos velhos tempos, à base de farinha e asfalto.
Quando será que essa gente que comanda a cultura local vai atentar a isso? O Carnaval é uma festa popular e ganhou ares de espetáculo no Rio de Janeiro, onde o investimento do crime organizado e de políticos, transformou a festa num show milionário. Tentar seguir essa mesma filosofia e esquecer que estamos mais perto do carnaval nordestino (dos trios-elétricos baianos e dos frevos pernambucanos) do que do onírico carnaval carioca, é no mínimo falta de bom senso.
Será que é preciso novas quedas de secretários, brigas de dirigentes, atrasos, chuvas e um “espetáculo” pífio na orla dos tais “blocos”, para que se busque uma nova alternativa?
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(*)Artigo inserido em minha coluna semanal Perípatos, publicada na edição de ontem (03.03.06), do Diário do Tapajós, encarte regional do jornal Diário do Pará. Leia mais sobre esse tema no post "Em busca dos textos perdidos".
2 comentários:
Opinião corajosa,Jotauau.
Pesoalmente prefiro esperar os próximos anos para tirar algumas conclusões.E esse carnaval de farinha,pombas, kuati, arranca baços e outros que tais, pera lá...
esse teu texto é maravilhoso, parabens, e parabens para todos nós pelo carnaval de alter, e outros que virão com certeza.
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