É interessante ver a juventude saindo às ruas novamente, mesmo que um pouco desorganizadas.
O curioso ainda é que no artigo que escrevi sexta-feira no Diário do Tapajós, falava exatamente sobre este Direito de Expressão e anunciava que este o tema seria debatido no programa Cidade Alerta, da TV Guarany (canal 15).
Lá o papo foi ainda mais amplo e bem conduzido pelos jornalistas Ronei OLiveira e Emanuel Júlio, que me entrevistaram e também ao mestre Manuel Dutra.
Em dado momento, falamos sobre a inércia do movimento estudantil diante dos atuais acontecimentos locais, regionais e nacionais, e externei minha posição de que a juventude precisava retornar às ruas e tomar em suas mãos o direito de se expressar, pois o movimento estudantil sempre foi propulsor de todos os movimentos sociais.
Por conta desta entrevista, recebi um e-mail do estudante da Uepa, Jorge Nascimento, que publico aqui no blog para socializar o debate, exatamente por expressar a mesma preocupação levantada naquele programa:
"Caro Jota Ninos,
Nesta sexta-feira, dia das comunicações, tive a oportunidade de assistir a sua participação no programa cidade alerta da Tv Guarany.
Sou universitário da UEPA e compartilho com você a preocupação com a falta de participação dos movimentos estudantis em Santarém. É verdade que hoje os estudantes não vão mais às ruas, lutar por seus ideais, mostrar a força da pressão popular, mas alguns fatos devem ser considerados:
1- Na época em que foi deposto o presidente Collor, os cara-pintadas contavam com apoio em massa das camadas populares, o que hoje não dispomos pois os governos atuais, com seus "programas sociais", que na verdade são políticas de tapar o sol com a peneira, acabam iludindo e viciando a população mais pobre que forma maior parcela da população. Isso é comprovadonas pesquisas de sucessão presidencial.
2- As facilidades de entrar nas instituições de nível superior hoje no Brasil, principalmente nas particulares, dão oportunidades a pessoas despreparadas cada vez mais alienadas de ingresso nas universidades efaculdades. Resultado: apatia estudantil.
3- As discussões nas universidades não pararam, apenas não se exteriorizaram por culpa dos próprios universitários e por culpa também da imprensa. Onde estava a imprensa quando discutíamos o Ato Médico? Quando discutimos o Sistema de Cotas nas universidades? No momento em que formávamos opinião sobre os mais diversos problemas sociais nos últimos anos? Onde estará a imprensa quando discutiremos a relação entre as ongs e os sojeiros na próxima quarta-feira,às 15:00 na UEPA?
Temos que ver que os cara-pintadas daquela época hoje estão no poder, frustrando a cada dia todos os sonhos pelos quais lutaram estudantes de todo brasil. O país está desnorteado, não sabemos em quem acreditar, mas asseguro-lhe que nunca perdemos nossos anseios de revolução e melhoras, nunca deixamos de produzir novas idéias, apenas deixamos de externá-las.
Quero resgatar esse poder e contar com os olhos da mídia para mobilizar a população a lutar pelos interesses coletivos e a formar opinião sobre as questões sociais. Para isso é preciso que a mídia se liberte dos laços com os gestores atuais, como posso citar a denúncia feita pelo jornalista Diogo Mainardi, colunista da revista Veja, sobre o também jornalista Franklin Martins, que se verdadeira deve envergonhar a classe.
Agradeço a atenção, um grande abraço".
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COMENTÁRIO: Jorge sua análise é consistente e concordo, em parte, com ela.
Com relação à mobilização dos estudantes em si, discordo quando você diz que "os cara-pintadas contavam com apoio em massa das camadas populares", na época do impeachment de Collor. Volto a reafirmar que o movimento estudantil sempre foi o motor de impulsão de todos os movimentos e nunca precisou de apoio dos outros grupos sociais, afinal a rebeldia e a livre expressão de um desejo é inerente da juventude, e isso se comprova com o movimento detonado hoje pela manhã. Você mesmo diz que "as discussões nas universidades não pararam", entretanto, acredito que não basta ficar debatendo entre as quatro paredes de auditórios acadêmicos e não envolver a população extra-muro das universidades.
Não tenho procuração de nenhum órgão de imprensa para esclarecer seus questionamentos sobre a ausência da mídia local em alguns dos eventos citados por você, mas posso garantir que pelo que conheço, nenhum colega da imprensa local tem restrições a qualquer destes movimentos (pelo menos até onde sei). E se não comparecem, pode ser um problema de melhor comunicação entre os promotores dos eventos ou então um problema de linha editorial que cabe aos proprietários das empresas decidir.
Externo seu desabafo e se algum colega (ou empresário) quiser, poderá comentar suas argumentações.
Obrigado.
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