quinta-feira, 6 de maio de 2021

Um século de memórias

  

Escrever, para mim, é sempre um delicioso ritual. Tenho que estar sentado na frente do meu velho computador desktop, bem confortável, para botar as palavras pra fora. Não é a mesma sensação de escrever um texto em um celular, onde no máximo compartilho textos, vídeos, imagens e áudios que recebo nas redes sociais. 

Às vezes até escrevo um texto mais longo, mas sempre existe a possibilidade da imprecisão em alguma informação por conta da pressa de compartilhar ou pelas armadilhas do corretor do zap, o que me leva às erratas (esta semana bati o recorde delas...rs).

Não pretendo fazer um texto longo, hoje (coisa difícil, pra quem conhece minha mania de textões...rs). No fim da noite deste dia 05 de maio, depois de um dia atribulado com muito trabalho e afazeres pessoais, sentei para registrar a importância do dia que já se finda e que não consegui reverenciar nem com uma pequena nota nas redes sociais. Por isso, mesmo perdendo o dia 05/05 para o registro, faço-o já na madrugada do dia 06/05 e movimento meu esquecido blog com o primeiro texto de 2021.

Então, há 100 anos nascia o patriarca da família greco-amazônica, Georgios Joannis Ninos, o “Seu Nino", como ficou conhecido em Santarém através de sua lanchonete Nino-lanche do famoso salgadinho grego "Tirópita". 

No dia 05 de maio de 1921, na cidade de Xanthi, Estado da Macedônia, norte da Grécia, nasceu o “pequeno guerreiro helênico que parece querer se eternizar no tempo”, como eu disse há dez anos num texto-homenagem (neste link: Odisseia de um Ninos) quando completou 90 anos.

Na primeira foto, no alto, Georgios Ninos, ainda bebê, no colo do meu avô Joannis Ninos e ao lado da vovó Stella e da Tia Maria. Abaixo, o jovem Georgios quando chegou ao Brasil, em 1955 e por último, o sorridente "Seu Nino" em uma de suas últimas fotos, antes de falecer em 2014.

Falecido em 2014, “Seu Nino" não conseguiu concretizar o sonho de comemorar um século de vida, mas entrou pra nossa eternidade. Entre erros e acertos, deixou um legado que seus filhos (Jota, Anna e Stefano) não esquecem. Sua relação com a gente foi feita de altos e baixos, como é, sempre, a relação de pais e filhos. Sobrinhos, netos e bisnetos tem algumas lembranças. Por isso é preciso que estas sejam colocadas em papel.

Em abril tirei férias do Judiciário com o intuito de produzir os livros que venho prometendo há mais de 15 anos e imaginei fazer logo um combo com três publicações (!): um livro de poesia, um de prosa e outro com uma minibiografia de meu pai. Chamei o projeto de “Combo P do Jota”. Os livros terão os seguintes títulos: Poheresias (Poesia), Perípatos (Prosa) e Paralígo (Παραλίγο, Por Pouco, em grego).

Alguém pode dizer: mas como produzir três livros de uma hora para a outra? Na verdade, dois deles já estão escritos, só que de forma fracionada em textos de jornais e redes sociais. O desafio é juntar tudo numa só produção. 

As poesias já estão prontas pra virar livro, faltando apenas alguns detalhes. Já o livro de prosa que vai ter uma coletânea de textos jornalísticos como crônicas, artigos, reportagens e entrevistas que registrei em 37 anos (a completar este mês) de profissão, consegui iniciar sua catalogação através das amareladas páginas de jornal de meu acervo, mas senti que não conseguiria terminar a tempo para lançar no dia 05/05, como era meu intento.

Retornei ao trabalho no Fórum esta semana e vou continuar a catalogação nas horas vagas até poder fechar o segundo livro, enquanto escrevo paralelamente a minibiografia de papai. Quero lançar o combo ainda este ano, de preferência no primeiro semestre ou até o meu aniversário (13/07), quando espero já estar vacinado contra a "maldita".

A ideia de publicar os livros, de certa forma, surgiu do medo de, de repente, ser mais uma das vítimas da pandemia por pertencer ao grupo de risco e não deixar meus textos organizados e publicados para a posteridade. Para mim, este trabalho é uma forma de virar uma página de minha vida diante de um cenário tão conturbado como esse da Covid-19. 

Perdi muitos amigos desde o ano passado, mas até agora escapei do contágio. Espero estar bem de saúde para concretizar as três obras e com isso homenagear o centenário do velho grego, cujos espermatozoides atravessaram o mundo e vieram frutificar na Amazônia...

 

5 comentários:

Eneida Canêdo Guimarães dos Santos disse...

Muito bom, Jota Ninos. Comemoras 100 anos do aniversário do "Seu Ninos" e anuncia o "Combo P" que sugere a comemoração da sua Vida. Aguardamos

Jota Ninos disse...

Obrigado, camarada.

Viviane Sobral disse...

Que lindo!
Fico feliz de você ter o dom da escrita!
Parabéns!
Com certeza seu pai está orgulhoso.

Jota Ninos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jota Ninos disse...

Obrigado, Viviane!