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Aprendi a acreditar numa força interior que vive em moto-contínuo e nos impulsiona sempre à frente. Há quem chame isso de deus ou de destino. Eu chamo simplesmente de fé. Acreditar na força interior é para mim o mais importante para que nós, “jogadores de futebol” possamos pensar em ganhar um campeonato. E não importa se o nosso time é o Santos de Pelé ou o Tabajara do Bussunda, pois o que importa mesmo é competir! Se puder dar goleada, tudo bem. Mas é sempre bom saber que um dia é do goleador e outro é do goleiro. O melhor mesmo seria um empate aristotélico: “a virtude é buscar o meio-termo”.
Além da fé, todo jogador talvez precise ter também um pouco de sorte, muito embora haja quem não acredite nela. Me considero um jogador sortudo. Nasci num dia 13 e por muitos anos achava que isso era sinal de azar. Até porque quase sempre no meu aniversário eu ficava doente! A superstição sobre o 13 me acompanhou vida afora (inclusive nas opções partidárias), mas ao final descubro que essa preocupação zagalliana é inútil. Talvez por isso tenha até abusado da minha “sorte” colocando em risco muitos lances desta partida de futebol que venho jogando há 45 anos (ou minutos...). Quem sabe agora que o meu “primeiro tempo” acabou, não volto a campo jogando com mais cautela?
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A minha sorte, que eu sempre achei ser azar, traduz-se na família que consegui montar ainda que de forma atabalhoada, juntando “cacos” pelo caminho. Tive dois filhos com mulheres diferentes e um dia casei e ganhei logo mais uma filha da “produção independente” de minha esposa. Completamos a família com mais um filho nascido após o casamento e que se tornou o elo de ligação entre os outros irmãos. Não é fácil manter uma família tão sui generis como essa, mas acho que conseguimos. Hoje, um dos filhos me deu a alegria de ser avô aos 45! A pequena Saloniki (na foto abaixo, disputando comigo para ver quem tem a língua maior) completou ontem um mês de vida (quem quiser ver o álbum completo de fotos da minha neta, clique AQUI. Só não digam que ela se parece comigo, pois isso seria uma judiação com a menina...).
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Estou de férias e depois de alguns dias por aqui resolvendo problemas pessoais, vou me encontrar mais tarde com parte da família que se encontra em Manaus, onde vou passar uma semana. Estas férias só não serão as melhores porque, por um descuido imperdoável meu acabei não realizando uma tarefa que era de minha responsabilidade e por isso prejudiquei os sonhos dos colegas de faculdade. Como todo mundo já deve saber, nossa turma de jornalismo, a 1ª de Santarém, conquistou um prêmio regional num encontro científico, com direito a representar o norte do Brasil na versão nacional. Um golaço do qual participei como atacante, driblando vários obstáculos e chegando à meta do adversário. Só que enquanto comemorávamos o gol, me descuidei com o tempo e acabei perdendo o prazo para inscrever o trabalho na etapa nacional! Frangaço! Fiquei arrasado, como o jogador que erra o pênalti decisivo. Já me desculpei com a turma. Foram todos corteses e me perdoaram, mas eu bem que merecia um cartão vermelho...
Mas enfim, como eu disse no começo, ora fazemos gol, ora engolimos frango. Já estou preparado para entrar em campo depois do intervalo do primeiro tempo. No país do futebol, nada melhor do que suar a camisa e continuar acreditando que a vida é uma bola. E que a nós cabe buscar a meta do adversário para fazer um gol. Ou não.
Tudo na vida não passa de uma metáfora. Como diria nosso ministro Gilberto Gil, “Uma meta existe para ser um alvo/Mas quando o poeta diz: "Meta"/Pode estar querendo dizer o inatingível”...
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P.S. o desenho lá no início é uma cópia mal feita por mim sobre o trabalho do caricaturista Francisco Soza, que retratou o grande craque do Botafogo, Garrincha.