quinta-feira, 28 de abril de 2005

Comentando "Sucursal"

Recebi por e-mail e publico, comentário do jornalista Miguel Oliveira, “cap” d´O Estado do Tapajós sobre o post "Sucursal":

"Jota, sobre o teu comentário no blog, naquilo que me toca, tenho a te dizer o seguinte:

A criação de A Província do Tapajós, como tu bem sabes, foi um projeto idealizado por mim, na condição de diretor executivo de A Província do Pará. Por isso, não concordo com a tua afirmação de que “deixei o projeto” e “como know how adquirido” lancei "O Estado do Tapajós". Muito pelo contrário. Não adquiri know how com a Província do Tapajós. Trouxe-o comigo, quando regressei a Santarém, após 21 anos afastados da cidade onde nasci, período em que pude aprender com renomados profissionais, designers e gráficos, como editar um jornal à distância, transmitindo as páginas em PDF, sem perda de qualidade.

Nunca deixei de mencionar o teu nome o do Ormano como profissionais que deram um salto de qualidade no jornalismo local a partir da experiência em A Província do Tapajós. Nosso trabalho aos domingos forçou provedores de internet e laboratórios fotográficos a funcionarem no final de semana. Antes da gente, tudo parecia banco ou cartório, isto é, fecham sexta e só reabrem na segunda.

Não deixei o projeto da Província do Tapajós. A matriz foi vendida, depois de enfrentar uma greve de gráficos e jornalistas. Tentei comprar o título, mas não tive sucesso. O surgimento de O Estado do Tapajós não foi favorecido diretamente pelo fechamento da Província do Tapajós. Para reavivar tua memória, quero te lembrar que O Estado do Tapajós foi lançado no dia 14 de dezembro de 2000 e A Província do Tapajós teve sua última edição em 14 de março de 2001. Por mais de três meses os dois jornais circularam simultaneamente, com redações distintas. Depois que A Província fechou, apenas dois profissionais se incorporaram à nova equipe, onde permanecem até hoje.
Quanto aos teus desejos de que o surgimento da sucursal do Diário do Pará - a quem formulo votos de sucesso e não a temo como concorrente- , faça com que melhore a qualidade do jornalismo impresso local, quero te lembrar que o projeto de O Liberal, com a equipe que montou, dá pena de ler. Começou com 12 páginas, caiu para 8 e está em 4 atualmente. Sabes, por acaso, de algum “furo” dado por O Liberal com material enviado para Belém pela agência que só tem Amazônia no título? Espero, sinceramente, que o nova sucursal do Diário seja composta por profissionais habilitados, com carteira profissional assinada e salários, pelo menos, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas, e não a utilização de mão-de-obra barata que já está empregada em emissoras de rádio e televisão - o famoso "bico". Pelo menos, aqui em O Estado do Tapajós, nós trabalhamos de acordo com a legislação.

Para encerrar. Nem tudo o que vem de Belém é boa coisa. Lembras que me impus com dificuldades para seguir uma linha editorial própria com a Província do Tapajós, sem interferência de Belém. Nunca permiti que o jornal fosse enviado “aberto” para Belém para evitar que o material fosse alterado. Será que “a super equipe” do Diário do Pará terá essa autonomia? Seria bom que publicasses esses nomes e também daqueles ou daquelas que estão nos bastidores desse empreendimento.
Abraços, Miguel Oliveira
"

Comentário do blog1: minha afirmação não teve em nenhum momento a intenção de menosprezar o potencial profissional do Miguel, que eu tenho reconhecido sempre onde se juntam profissionais da imprensa. Podemos ter discordâncias sobre metodologia comportamental no que se refere ao trato da notícia, mas nunca tivemos problema quanto a isso, até porque sempre houve respeito mútuo entre nós. Minha experiência de trabalho com Miguel foi gratificante, do ponto de vista funcional e reconheço que errei inclusive na informação sobre sua mudança de um jornal para o outro. Não é do meu feitio, há muito tempo, ter uma postura sectária em relação aos grupos de trabalho que tenha participado. Tanto é que hoje tenho bom trânsito em todas as empresas de comunicação (coisa que não tive no início de carreira, quando ainda estava na fase da porraloquice).

Comentário do blog2: quanto à contribuição que cada meio de comunicação pode dar ao desenvolvimento da cidade tenho minhas próprias convicções (utópicas, talvez), mas acho que não é o tipo de coisa que dá pra detalhar em um blog. Acho que precisamos nós, jornalistas, ter um fórum específico para isso, o que infelizmente é impossível nos dias de hoje, diante dos diversos interesses políticos e econômicos. Deixo o espaço aberto aos outros colegas que queiram se manifestar sobre o assunto.

Comentário do blog3: sobre a última consideração de Miguel concordo plenamente, mas aprendi a me ajustar à situação que exista, sem perder os princípios que norteiam meus conceitos éticos e morais. Em outras palavras, tenho a convicção de que é possível determinar novos rumos dentro de uma organização, mesmo que ela tenha surgido mal concebida. Passei por várias experiências, desde O Tapajós (onde conheci Jeso, Celivaldo e Vânia Maia), a Gazeta (onde trabalhei com os irmãos Carneiro), a primeira versão d´O Estado (quando convivi com o Admilton Almeida, de O Impacto) e por último na Província do Tapajós (com Miguel Oliveira), todas interessantes para o meu aprendizado e que em algum momento tiveram problemas localizados, como frisei em recente artigo publicado n´O Estado, quando da comemoração da 1000ª edição do jornal.
Comentário do blog4: quanto ao Diário, não cabe a mim comentar sobre a equipe e o que virá, até porque ainda nada se consolidou. Só o que posso adiantar (se ninguém ainda não sabe) é que fui convidado para somar a esse grupo e tentar com minha experiência consolidar um trabalho pautado pela ética. Disso não abro mão e espero poder manter essa filosofia, independente do que se possa conjeturar quando um novo jornal é lançado. Não será a primeira vez que ouvirei as mesmas afirmações, que podem desanimar qualquer projeto. Todos os jornais que citei acima foram “bombardeados" de alguma forma (e alguns até hoje são), mas todos sobrevivem, porque em todos pulsa a alma de jornalistas, muito embora não sejamos unidos, ou pelo menos, não queiramos nos desarmar sobre determinados temas...

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