Uma indigesta sopa de letrinhas e de números (3ª Parte)
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Finalizando o histórico dos partidos, iniciado nas duas últimas edições deste Perípatos:
O Partido Popular Socialista (PPS) foi fundado em 19.03.1992, com o número 23, e sobre as ruínas do antigo PCB – Partido Comunista Brasileiro, fundado 70 anos antes. Aproveitando os ares de redemocratização do leste europeu, pós-queda do Muro de Berlim, surge um novo partido que tenta manter a filosofia socialista, mas sem os velhos jargões utópicos. Aproxima-se do socialismo real europeu, que predomina em países como Espanha e França. Aos poucos os PPS adquire hábitos mais ao centro, e namora com a social democracia, não diferindo o discurso do PSDB, do qual inclusive tem sido um grande aliado.
O PP – Partido Progressista, com o número 11, foi o antigo “maior partido da América Latina”, braço da Ditadura. Depois de diversas “cirurgias políticas” e de perder grandes lideranças como Sarney e ACM para o PFL que não aceitavam o domínio do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, denominou-se PPR e PPB até chegar ao minúsculo PP, fundado em 16.11.1995, mas ainda mantém a mesma cara malufista, embora esteja envolvido em novos escândalos financeiros como o do Mensalão e das Sanguessugas. É um partido à direita, mas que tenta sobreviver à sombra de quem está no poder (inclusive o PT, que já foi seu arqui-inimigo).
Tirando os 11 partidos citados até agora, os demais são considerados “nanicos”, de pequena expressão nacional, e que tendem a desaparecer ou se fundir a partir do próximo ano. Mas alguns tem características marcantes.
O PV – Partido Verde, que tem com um de seus eternos líderes o jornalista e ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, por exemplo, é fundado em 30.09.1993, sob o número 43, a partir do crescente movimento ambientalista brasileiro pós-Eco/92, o grande evento realizado em nosso país em que o debate ecológico entrou em cena. Foi um passo para criar aqui, um partido de tendência ecológica aos moldes europeus, mas seu ideário fica muito distante da vanguarda ambientalista da Europa e hoje não passa de mais uma legenda de aluguel.
O PRONA – Partido da Reedificação da Ordem Nacional, com o número 56, por outro lado, é de tendência ultranacionalista e só existe em função de seu presidente e eterno candidato á presidência Enéas Carneiro, que representa a ultra-direita brasileiro. Como líder messiânico e defensor da bomba atômica, o médico acreano foi um fenômeno de comunicação e abalou as estruturas políticas, conseguindo em poucos segundos de TV impor seu bordão e seu partido. Eleito deputado federal em 2002, cometeu a façanha de “arrastar” com seus votos outros deputados inexpressivos. Mas acometido de câncer, desistiu da campanha para a Presidência este ano o que deve fechar o ciclo de um partido baseado em um único tirano (na velha concepção romana, diga-se...).
Na seara de partidos esquerdistas radicais destacam-se o PSOL, o PCB, o PSTU e o PCO.
O PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, (número 50) fundado em 15/09 do ano passado, quando ex-lideranças do PT foram expulsas por não aceitar os novos rumos do partido em direção ao centro. A maior líder desse grupo é a senadora alagoana Heloísa Helena, que arregimentou vários deputados que se afinavam ao seu discurso e que representavam algumas alas de ultra-esquerda dentro do PT. Disputa sua primeira eleição, tentando se impor como uma nova alternativa de esquerda, mas seu discurso é tão arcaico quanto o dos demais partidos nanicos de esquerda, fósseis de um marxismo utópico e irresponsável.
Antes disso, o PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (16) e o PCO – Partido da Causa Operária (29), também haviam saído das entranhas do PT onde atuavam como tendências mais “xiitas”. Por outro lado, o PCB – Partido Comunista Brasileiro, formado por integrantes do antigo “Partidão” (que se transformou no PPS), se reagruparam e reeditaram a antiga legenda. Os quatro partidos mantém o mesmo discurso maniqueísta de esquerda marxista, leninista, trotskista, stalisnista, maoísta, enfim, rebeldes sem causa que ainda acreditam que uma revolução armada pode tirar “a burguesia e os imperialistas do poder”. Seu maior foco são os estudantes e os sindicatos.
Existe ainda a corrente política do “cristianismo demagógico”, que também é forte na Europa e tenta ser representada no Brasil por dois partidos: o PSC – Partido Socialista Cristão (20) e o PSDC – Partido Social Democrata Cristão (17), quase sem expressão.
Na área “trabalhista” (do PTB e do PDT), surgiram o PT do B (Partido Trabalhista do Brasil – 70), o PTN (Partido Trabalhista Nacional – 19) e o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro – 28).
Outras siglas ainda mais inexpressivas são o PMN (Partido da Mobilização Nacional – 33), de tendência nacionalista; o PRP (Partido Republicano Progressista – 44), o PHS (Partido Humanista da Solidariedade – 31), o PAN (Partido dos Aposentados da Nação – 26), o PSL (Partido Social Liberal – 17) e o mais recente PRB (Partido Republicano Brasileiro – 10), este fundado por bispos da Igreja Universal depois que alguns deputados de sua bancada evangélica se envolveram nos dois últimos escândalos nacionais. A figura mais ilustre deste partido é o atual vice-presidente do Brasil, José Alencar, que compõe mais uma vez a chapa de Lula.
Sirva-se dessa sopa de letrinhas, mas não se engasgue...
Finalizando o histórico dos partidos, iniciado nas duas últimas edições deste Perípatos:
O Partido Popular Socialista (PPS) foi fundado em 19.03.1992, com o número 23, e sobre as ruínas do antigo PCB – Partido Comunista Brasileiro, fundado 70 anos antes. Aproveitando os ares de redemocratização do leste europeu, pós-queda do Muro de Berlim, surge um novo partido que tenta manter a filosofia socialista, mas sem os velhos jargões utópicos. Aproxima-se do socialismo real europeu, que predomina em países como Espanha e França. Aos poucos os PPS adquire hábitos mais ao centro, e namora com a social democracia, não diferindo o discurso do PSDB, do qual inclusive tem sido um grande aliado.
O PP – Partido Progressista, com o número 11, foi o antigo “maior partido da América Latina”, braço da Ditadura. Depois de diversas “cirurgias políticas” e de perder grandes lideranças como Sarney e ACM para o PFL que não aceitavam o domínio do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, denominou-se PPR e PPB até chegar ao minúsculo PP, fundado em 16.11.1995, mas ainda mantém a mesma cara malufista, embora esteja envolvido em novos escândalos financeiros como o do Mensalão e das Sanguessugas. É um partido à direita, mas que tenta sobreviver à sombra de quem está no poder (inclusive o PT, que já foi seu arqui-inimigo).
Tirando os 11 partidos citados até agora, os demais são considerados “nanicos”, de pequena expressão nacional, e que tendem a desaparecer ou se fundir a partir do próximo ano. Mas alguns tem características marcantes.
O PV – Partido Verde, que tem com um de seus eternos líderes o jornalista e ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, por exemplo, é fundado em 30.09.1993, sob o número 43, a partir do crescente movimento ambientalista brasileiro pós-Eco/92, o grande evento realizado em nosso país em que o debate ecológico entrou em cena. Foi um passo para criar aqui, um partido de tendência ecológica aos moldes europeus, mas seu ideário fica muito distante da vanguarda ambientalista da Europa e hoje não passa de mais uma legenda de aluguel.
O PRONA – Partido da Reedificação da Ordem Nacional, com o número 56, por outro lado, é de tendência ultranacionalista e só existe em função de seu presidente e eterno candidato á presidência Enéas Carneiro, que representa a ultra-direita brasileiro. Como líder messiânico e defensor da bomba atômica, o médico acreano foi um fenômeno de comunicação e abalou as estruturas políticas, conseguindo em poucos segundos de TV impor seu bordão e seu partido. Eleito deputado federal em 2002, cometeu a façanha de “arrastar” com seus votos outros deputados inexpressivos. Mas acometido de câncer, desistiu da campanha para a Presidência este ano o que deve fechar o ciclo de um partido baseado em um único tirano (na velha concepção romana, diga-se...).
Na seara de partidos esquerdistas radicais destacam-se o PSOL, o PCB, o PSTU e o PCO.
O PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, (número 50) fundado em 15/09 do ano passado, quando ex-lideranças do PT foram expulsas por não aceitar os novos rumos do partido em direção ao centro. A maior líder desse grupo é a senadora alagoana Heloísa Helena, que arregimentou vários deputados que se afinavam ao seu discurso e que representavam algumas alas de ultra-esquerda dentro do PT. Disputa sua primeira eleição, tentando se impor como uma nova alternativa de esquerda, mas seu discurso é tão arcaico quanto o dos demais partidos nanicos de esquerda, fósseis de um marxismo utópico e irresponsável.
Antes disso, o PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (16) e o PCO – Partido da Causa Operária (29), também haviam saído das entranhas do PT onde atuavam como tendências mais “xiitas”. Por outro lado, o PCB – Partido Comunista Brasileiro, formado por integrantes do antigo “Partidão” (que se transformou no PPS), se reagruparam e reeditaram a antiga legenda. Os quatro partidos mantém o mesmo discurso maniqueísta de esquerda marxista, leninista, trotskista, stalisnista, maoísta, enfim, rebeldes sem causa que ainda acreditam que uma revolução armada pode tirar “a burguesia e os imperialistas do poder”. Seu maior foco são os estudantes e os sindicatos.
Existe ainda a corrente política do “cristianismo demagógico”, que também é forte na Europa e tenta ser representada no Brasil por dois partidos: o PSC – Partido Socialista Cristão (20) e o PSDC – Partido Social Democrata Cristão (17), quase sem expressão.
Na área “trabalhista” (do PTB e do PDT), surgiram o PT do B (Partido Trabalhista do Brasil – 70), o PTN (Partido Trabalhista Nacional – 19) e o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro – 28).
Outras siglas ainda mais inexpressivas são o PMN (Partido da Mobilização Nacional – 33), de tendência nacionalista; o PRP (Partido Republicano Progressista – 44), o PHS (Partido Humanista da Solidariedade – 31), o PAN (Partido dos Aposentados da Nação – 26), o PSL (Partido Social Liberal – 17) e o mais recente PRB (Partido Republicano Brasileiro – 10), este fundado por bispos da Igreja Universal depois que alguns deputados de sua bancada evangélica se envolveram nos dois últimos escândalos nacionais. A figura mais ilustre deste partido é o atual vice-presidente do Brasil, José Alencar, que compõe mais uma vez a chapa de Lula.
Sirva-se dessa sopa de letrinhas, mas não se engasgue...
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(*) Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada semanalmente no Diário do Tapajós, encarte regional do jornal Diário do Pará, que circula em Santarém e oeste do Pará.
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Um pequeno esclarecimento: O artigo postado aqui neste espaço recebe a mesma numeração ordinal do jornal. O artigo anterior, apesar de ter sido postado como um só, acabou sendo desmembrado em dois por falta de espaço no jornal de duas semanas atrás.