Cem dias II

O sonho de Maria (e ela mesmo já confessou isso), sempre foi mesmo de Everaldo. Ele sim, herdou o gosto do pai pela política, muito embora nunca tivesse (e nunca terá) o mesmo carisma do Dr. Everaldo (pelo que dizem os que o conheceram). Coisa que Maria tem de sobra e por trás da qual se escudou Everaldo. Se Maria hoje está no governo sem dúvida foi por insistência do irmão, que acalentava este sonho desde que voltou formado à Santarém, no final da década de 80.

Ele chegou aqui já petista e procurou sobreviver, como camaleão, em meio às diversas vertentes que o partido sempre teve aqui. Em 88, juntou-se ao grupo do qual que (pasmem!), tentava eleger para a Câmara Municipal o então líder sindical Chico Lira, que era nada mais nada menos do que irmão do futuro prefeito Lira Maia!

Dois anos depois, Everaldo largou essa aventura quixotesca e partiu pra outra: a vertente ecológica do padre Edilberto Sena. Lá encontrou mais que uma parceira, a então suplente de vereador Socorro Pena, que acabou conquistando um mandato quando Geraldo Pastana se elegeu deputado estadual. O próprio Everaldo tentou naquele ano ser eleito deputado estadual, mas não conseguiu.

Em 92, Everaldo foi um dos incentivadores da candidatura de Ruy Corrêa, e aproveitou a brecha para chegar perto do poder que tanto sonhava: acabou sendo o seu vice. Nem Ruy e nem o PT acreditavam naquela vitória. Para Everaldo parecia ser a consolidação de seu futuro, mas havia um Pedro (Peloso) no caminho.

Resumindo a história, Everaldo tentou a hegemonia sobre o PT todos estes anos, mas sempre esbarrava no arqui-rival Pedro Peloso, um dos históricos fundadores. Mesmo assim, conseguiu trazer para uma campanha a inexperiente Maria do Carmo, então uma brilhante promotora, e todo mundo conhece o fim da história: ela quase foi prefeita por duas vezes, se elegeu deputada estadual com grande votação, foi quase governadora e agora está na cadeira que Everaldo sempre sonhou...