terça-feira, 30 de maio de 2006

Grego X Romano

Um embate cultural milenar brotou, também, desta polêmica sobre "A Casa da Mãe Joana". Ao rebater a crítica do sociólogo italiano Tibério Aloggio, que ainda não conheço pessoalmente, depois de desancar o padre Edilberto, velho amigo de militâncias de esquerda, usei de um tom irônico contra o comentarista:
[...] Quanto ao ilustre Tibério Aloggio, será que o fato de você ser um sociólogo com nome de imperador romano e sobrenome italiano, não concorde com este pobre grego que não tem nem metade de seus conhecimentos para dizer que sou um “intelectual acostumado a discutir em barzinhos os problemas da humanidade”? Nem beber eu bebo, como já disse em um artigo, que está em meu blog!
Precisamos nos conhecer melhor, antes de nos digladiarmos e nos ofendermos. Você é novo por aqui e não sabe da missa a metade. Pergunte um pouco sobre mim com seus colegas do PSA, e eles lhe dirão como sou um louco polêmico que adora o debate!
Confesso que tenho gostado de suas análises sensatas aqui no blog [do Jeso], muito embora contenham às vezes o mesmo ranço da “verdade absoluta” que algumas ONG´s gostam de impor. Também já trabalhei em ONG´s e sei o que precisamos dizer para justificar os salários que nos pagam. Não sei se é o seu caso.
Quem sabe nos encontremos qualquer dia desses num dos bares da vida e consigamos resolver os “problemas da humanidade”?
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Ao qual Tibério Aloggio, assim treplicou:

Bom caro Jota,
Se se sentiu ofendido, peço-lhe humildemente desculpa, concordo que poderia ter evitado "essa do barzinho". Porém minha intenção era usar tal "expressão" justamente para chamar atenção numa discussão que transcende historias pessoais, passadas, presentes e futuras dentro e fora do movimento político santareno.
Percebe-se, ao ler sua resposta "as mágoas" que sua passagem pelo movimento local devem ter deixado na sua pessoa. Mas não é por isso que podemos "ler" tudo aquilo que acontece somente com "olhar de magoado". No fundo os indivíduos, apesar que importantes, são coisa pequena frente aos processos, que são complexos e envolvem inúmeros atores.
Achar que o movimento local não tem consistência para combater os processos, não é boa desculpa para ficar "em cima do muro", dando palmadinhas à "esquerda e direita" como os maus professores costumam fazer, pois isso não acrescenta nada no debate. Portanto, minha sugestão é que deixe de alfinetar a todos e a todas e participe de forma propositiva, inclusive "sugerindo" idéias e soluções.
É bom saber que conhece o projeto Saúde e Alegria, pois pelo menos não terei que explicar o nosso trabalho com as comunidades rurais da região, principalmente nos municípios de Santarém e de Belterra.
De todo modo, quero esclarecer que tudo aquilo que falo ou escrevo no Blog, é pessoal e não da Entidade, por isso assino com meu nome.
Meu sobrenome é Italiano, pois nasci na Itália, porém sendo morador da Amazônia há 20 anos, e tendo filhas e esposa mocorongas, me considero da terra.
Já trabalhei no Movimento Social, em ONGs, no Governo, Empresas, Institutos de Ensinos Públicos e Privados. Fui Coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Amazonas e Roraima ainda no final dos anos 80.
Mas nem salário, nem emprego, me impede de tomar partido, posicionamentos, ou seja, de ser um cidadão que busca o Estado de Direito e luta pela cidadania.
Nem eu bebo, mas gosto de barzinhos e MPB, talvez a gente se encontre por lá, mas com toda certeza não será para resolver os problemas da humanidade.
Tiberio Alloggio
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E eu assim respondi à charmosa tréplica de meu crítico:
Convite aceito, Tibério. Desculpe-me também, pelo tom meio irônico de minha nota.
Quanto a participar de movimentos sociais com proposituras coerentes, não me faço de rogado. Estou aberto a discutir com os grupos e colaborar com debates, mas infelizmente, os grupos hoje existentes são fechados demais para as minhas propostas. Já fiz algumas tentativas, e sempre vejo narizes se torcendo às minhas idéias mais "conciliadoras" ou "pragmáticas".Se você acompanhar meu histórico no blog, que mantenho a duras penas, verá que militei nos movimentos sociais dos 16 aos 22 anos, intensivamente, como integrante do Sindicato dos Comerciários (inclusive participei da fundação da CUT, em São Bernardo),fui filiado do PT (até candidato a vereador), fundador da Associação dos Radialistas (hoje, Sindicato) e seu primeiro vice-presidente, mas me identifico mesmo é com movimentos culturais, por isso atualmente sou vice-presidente de uma ONG Cultural, o Instituto Kauré, que está em fase de legalização e ainda participo como 1º secretário de outra ONG ligada a direitos humanos, o Conselho da Comunidade da Execução Penal (Concep), que atua no presídio de Cucurunã junto aos detentos.
Como pode ver, não fico em cima do muro, mas não abro mão de criticar grupos que sobrevivem apenas de ideologia, sem um trabalho consistente e critico severamente os rumos do PT, inclusive apresentando a história de sua fundação em Santarém (sob o meu ponto de vista), em capítulos, lá no meu blog.
Adoro MPB (principalmente Chico) e podemos até tomar uma água tônica pelos bares da vida, para rir à beça sobre isso tudo, pois acima de tudo, como Che, acredito que é preciso endurecer a luta, sem nunca perder a ternura.
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Meu encontro com Tibério e Edilberto já está marcado: no momento em que postava estas notas, recebi um telefonema da jornalista Joelma Viana, da Rádio Rural, me convidando para participar neste sábado, 03/06/2006, no estúdio da emissora, de um debate sobre toda essa questão da soja. Espero poder contribuir com as reflexões, inda mais estando cara-a-cara com dois grandes debatedores que questionaram meu posicionamento. Quem quiser acompanhar o debate, sintonize na Rádio Rural, à partir das 10h30, e acompanhe o programa Rural Debate.

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