Às vezes até esqueço que nasci em Belém, há 42 anos, e que vivi lá até o início de minha adolescência transitando na avenida Presidente Vargas e seguindo a Serzedello Corrêa, entre as praças da República e Batista Campos. Basta surgir uma notícia sobre coisas que vi e vivi para que eu caia numa nostalgia profunda e desconheça a cidade que me serviu de berço.
A notícia mais recente foi o fechamento do meu cinema favorito, o velho Olympia da praça da República, mais um que sucumbiu à modernidade das salas multiplex e dos confortos que DVD´s e Home Theater podem proporcionar à nova geração de “cinéfilos”, adoradores de Titanic´s e Van Dammes da vida... Fala-se que pelo menos não deve ser transformado em templo evangélico ou coisa parecida. Talvez um centro cultural.
O que dizer de um lugar onde vivi a magia com filmes infanto-juvenis da década de 70 e antes, que em nada se comparam com muitas das produções descartáveis de hoje? Havia uma aura de ingenuidade própria de uma geração de classe média que mal sabia que havia uma ditadura nas ruas batendo em gente, e vivenciavamos produções culturais de qualidade. Nada “emburrecedor” como as “comédias” de hoje que mostram adolescentes debilóides enamorados por tortas de maçãs!
Me esbaldei assistindo “Se meu fusca falasse”. Viajei ao lado de “Mary Poppins” e seu guarda chuva voador. Me empanturrei em “A fabulosa fábrica de chocolates” (versão original), além de me encantar com os desenhos de “Tom e Jerry”, da Warner e “A dama e o vagabundo”, da Disney.
Como esquecer as primeiras produções nacionais dos Trapalhões, quando ainda havia graça assistir Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias?
Ou ainda, adolescente, viver a época dos filmes-catástrofe da era spielbergueana (“Tubarão”, “Maremoto”, “Destino de Posseidon”, etc.).
Foi numa destas sessões que vivi meu próprio inferno astral: fui barrado na estréia do “Inferno na Torre”! Esse era o maior “mico” que um garoto da época podia pagar. “Olha pessoal, o João foi barrado!!! Ah!Ah!Ah!”. As risadas ecoaram por muito tempo em meus ouvidos. Apesar de ter uma idade incompatível com o filme (naquela época havia censura para todas as idades), sempre fui o baixinho da turma e o porteiro cismou em me proibir de entrar! Voltei pra casa chorando, baixinho, e do alto de meu apartamento no 24º andar do Manoel Pinto da Silva (esse pelo menos, continua lá, imponente), podia olhar o porteiro de cima pra baixo.... Como vingança, sempre que posso assisto aquele filme quando passa na TV (“Ah!Ah!Ah! pra você, porteiro!”).
Além dos filmes, o Olympia era especial pela bomboniére (o Mentex era indispensável nas matinés, quando tentávamos roubar um beijo no escurinho do cinema). E ao sair, aquele cachorro-quente na rua ao lado ou a compra de gibis do Homem-Aranha ou do Hulk, na banca de revistas completavam nosso deleite.
Por tudo isso é que eu brado, mesmo sem eco: “Devolvam meu Olympia!!”
A notícia mais recente foi o fechamento do meu cinema favorito, o velho Olympia da praça da República, mais um que sucumbiu à modernidade das salas multiplex e dos confortos que DVD´s e Home Theater podem proporcionar à nova geração de “cinéfilos”, adoradores de Titanic´s e Van Dammes da vida... Fala-se que pelo menos não deve ser transformado em templo evangélico ou coisa parecida. Talvez um centro cultural.
O que dizer de um lugar onde vivi a magia com filmes infanto-juvenis da década de 70 e antes, que em nada se comparam com muitas das produções descartáveis de hoje? Havia uma aura de ingenuidade própria de uma geração de classe média que mal sabia que havia uma ditadura nas ruas batendo em gente, e vivenciavamos produções culturais de qualidade. Nada “emburrecedor” como as “comédias” de hoje que mostram adolescentes debilóides enamorados por tortas de maçãs!
Me esbaldei assistindo “Se meu fusca falasse”. Viajei ao lado de “Mary Poppins” e seu guarda chuva voador. Me empanturrei em “A fabulosa fábrica de chocolates” (versão original), além de me encantar com os desenhos de “Tom e Jerry”, da Warner e “A dama e o vagabundo”, da Disney.
Como esquecer as primeiras produções nacionais dos Trapalhões, quando ainda havia graça assistir Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias?
Ou ainda, adolescente, viver a época dos filmes-catástrofe da era spielbergueana (“Tubarão”, “Maremoto”, “Destino de Posseidon”, etc.).
Foi numa destas sessões que vivi meu próprio inferno astral: fui barrado na estréia do “Inferno na Torre”! Esse era o maior “mico” que um garoto da época podia pagar. “Olha pessoal, o João foi barrado!!! Ah!Ah!Ah!”. As risadas ecoaram por muito tempo em meus ouvidos. Apesar de ter uma idade incompatível com o filme (naquela época havia censura para todas as idades), sempre fui o baixinho da turma e o porteiro cismou em me proibir de entrar! Voltei pra casa chorando, baixinho, e do alto de meu apartamento no 24º andar do Manoel Pinto da Silva (esse pelo menos, continua lá, imponente), podia olhar o porteiro de cima pra baixo.... Como vingança, sempre que posso assisto aquele filme quando passa na TV (“Ah!Ah!Ah! pra você, porteiro!”).
Além dos filmes, o Olympia era especial pela bomboniére (o Mentex era indispensável nas matinés, quando tentávamos roubar um beijo no escurinho do cinema). E ao sair, aquele cachorro-quente na rua ao lado ou a compra de gibis do Homem-Aranha ou do Hulk, na banca de revistas completavam nosso deleite.
Por tudo isso é que eu brado, mesmo sem eco: “Devolvam meu Olympia!!”
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(*) Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada na edição de hoje (24.02.2006), no Diário do Tapajós, edição regional do jornal Diário do Pará.
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