No dia 31 de dezembro, enquanto pipocavam fogos de artifício e alguém me encharcava de champagne, me concentrei em meus votos pessoais para 2006 como faço todos os anos. Defini algumas prioridades tipo “este ano vou emagrecer 10 quilos” ou “tentarei acertar meu voto”. Mas talvez uma das mais importantes foi... “não assistirei ao Big Brother Brasil”!
É o segundo ano consecutivo que me imponho esta última barreira, como forma de não me idiotizar por completo com este tipo de programação.
Desde criança, me acostumei a conviver com o fascinante mundo da TV. Parte da minha cultura advém dessa mídia e da leitura de livros e revistas, além da condição sine qua non de ser cinéfilo (numa cidade de um cinema só, é quase impossível praticar este último vício). Criei um filtro e busco sempre um pouco de vida inteligente na TV.
Posso dizer que convivi com um período rico da produção televisiva no país, que perdeu muito de seu conteúdo da década de 1990 para cá. Hoje as opções são algumas boas novelas (raras), minisséries ou seriados americanos (24 horas é um dos ótimos da nova safra).
Mas uma das grandes pragas da TV atual são os tais “reality shows”, como o BBB.
Confesso que assisti a 1ª edição por curiosidade e acabei engatando a 2ª versão, quando percebi que não passava de um grande besteirol. E num puro masoquismo, ainda acompanhei a 3ª versão tentando me convencer de que fazia isso como forma de “ter uma visão crítica” daquela baboseira! Lêdo engano. Cheguei à conclusão de que estava sendo dragado para o lado fantasmagórico da TV como a menininha do filme “Poltergeist”, uma das primeiras obras-primas de Steven Spielberg.
Resolvi parar com a nóia e me “enclausurei” no mundo: ano passado não assisti nenhum dos programas, mas quando chegava no trabalho a primeira coisa que ouvia dos colegas era “assistiu o BBB ontem?”. Diante de minha negativa, a pessoa solidariamente passava a me narrar com detalhes o capítulo... “Me desculpe, mas não quero saber”, dizia eu tentando explicar que havia decidido não me corromper com o programa. De repente, sentia sobre mim olhares de menosprezo ou no mínimo de comiseração. Talvez alguém até me chamasse de doido. “Como pode alguém ficar sem ver o BBB?”
Este ano vou repetir a dose, mesmo sabendo que é quase impossível não ficar sabendo do que ocorre no programa. Primeiro, que a todo intervalo terá sempre a mãe de algum BBB chorando e implorando ao público que não vote em seu filho. “Ele(a) é uma pessoa tão boa!”, dirá a mãe com o olhar choroso de quem sente que aquele milhãozinho esta se esvaindo entre os dedos. Além disso, em todo o lugar que se vá terá sempre alguém comentando as virtudes ou defeitos de um dos BBB´s, ou suspirando pelas “boazudas” e pelos “gatos”...
A mediocridade está no ar.
E eu, BBBem longe da TV.
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É o segundo ano consecutivo que me imponho esta última barreira, como forma de não me idiotizar por completo com este tipo de programação.
Desde criança, me acostumei a conviver com o fascinante mundo da TV. Parte da minha cultura advém dessa mídia e da leitura de livros e revistas, além da condição sine qua non de ser cinéfilo (numa cidade de um cinema só, é quase impossível praticar este último vício). Criei um filtro e busco sempre um pouco de vida inteligente na TV.
Posso dizer que convivi com um período rico da produção televisiva no país, que perdeu muito de seu conteúdo da década de 1990 para cá. Hoje as opções são algumas boas novelas (raras), minisséries ou seriados americanos (24 horas é um dos ótimos da nova safra).
Mas uma das grandes pragas da TV atual são os tais “reality shows”, como o BBB.
Confesso que assisti a 1ª edição por curiosidade e acabei engatando a 2ª versão, quando percebi que não passava de um grande besteirol. E num puro masoquismo, ainda acompanhei a 3ª versão tentando me convencer de que fazia isso como forma de “ter uma visão crítica” daquela baboseira! Lêdo engano. Cheguei à conclusão de que estava sendo dragado para o lado fantasmagórico da TV como a menininha do filme “Poltergeist”, uma das primeiras obras-primas de Steven Spielberg.
Resolvi parar com a nóia e me “enclausurei” no mundo: ano passado não assisti nenhum dos programas, mas quando chegava no trabalho a primeira coisa que ouvia dos colegas era “assistiu o BBB ontem?”. Diante de minha negativa, a pessoa solidariamente passava a me narrar com detalhes o capítulo... “Me desculpe, mas não quero saber”, dizia eu tentando explicar que havia decidido não me corromper com o programa. De repente, sentia sobre mim olhares de menosprezo ou no mínimo de comiseração. Talvez alguém até me chamasse de doido. “Como pode alguém ficar sem ver o BBB?”
Este ano vou repetir a dose, mesmo sabendo que é quase impossível não ficar sabendo do que ocorre no programa. Primeiro, que a todo intervalo terá sempre a mãe de algum BBB chorando e implorando ao público que não vote em seu filho. “Ele(a) é uma pessoa tão boa!”, dirá a mãe com o olhar choroso de quem sente que aquele milhãozinho esta se esvaindo entre os dedos. Além disso, em todo o lugar que se vá terá sempre alguém comentando as virtudes ou defeitos de um dos BBB´s, ou suspirando pelas “boazudas” e pelos “gatos”...
A mediocridade está no ar.
E eu, BBBem longe da TV.
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(*) Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada nesta sexta-feira (13.01.2006) no Diário do Tapajós, encarte regional do Diário do Pará.
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