Hoje, 13/07/2022, comemoro 59 anos de vida, ou
seja entro definitivamente na “antessala do hexa” (nada a ver com nossa “selecinha”,
que como tenho dito em minhas redes sociais, não acredito que conquiste o hexa
este ano, em novembro). Hexa de seis décadas que completarei em 2023. Prestes a
virar sexagenário! Serei da terceira idade ou melhor idade...rs Um eterno
canceriano nascido no Dia Mundial do Rock! Não é pouca coisa...rs
Com o advento da internet, um dia (há
17 anos) me atrevi a criar um blog para registrar minhas impressões sobre a
vida, sobre minhas ideias e outras coisas que podem não ter importância para
ninguém. A ideia inicial era que ele fosse aquilo que se pensou quando se criou
o primeiro blog: um diário virtual. Mas nunca consegui isso e quase sempre meu
blog é um espaço que às vezes fica meses e até anos sem qualquer publicação,
como expliquei uma vez ao festejar mais um retorno meu à blogosfera.
Um dos momentos que me levam a voltar
a escrever aqui é quando faço aniversário, como hoje. Esta é a nona vez que
faço isso em dezessete anos de blog, ou seja sou indisplicente até para registrar
meu aniversário! A ideia sempre foi de refletir sobre esta data que pontua cada
um dos anos em que lembro que comecei a respirar, e pensar o porquê de eu estar
aqui. Filosofias e poesias de um cronista atabalhoado. Se quiser conhecer os
outros textos que escrevi refletindo sobre mais um ano de vida, busque no lado
direito no índice de tags a palavra Aniversário, e poderá ler outras reflexões sobre
essa minha data.
Esses dias que antecederam a data de
hoje, meu pensamento ficou preso a outro Pensamento, com P maiúsculo. No caso,
o sobrenome inusitado de um grande compositor da música brasileira, que morreu
cedo (aos 47 anos de cirrose hepática) e nunca foi visto como um letrista
respeitado do quilate de um Chico Buarque e, portanto, foi marginalizado como
um “romântico” da categoria “brega chique”.
Nestes 59 anos de vida, quero
refletir sobre meu dia, através deste “Pensamento”.
Estou me referindo a Antônio Marcos
Pensamento da Silva (08/11/1945 – 05/04/1992), mais conhecido como Antonio
Marcos, cantor e compositor que surgiu na época da Jovem Guarda e que se
notabilizou por letras românticas e religiosas (era um cristão assumido), mas
de vez em quando fazia uma letra reflexiva, sobre as mazelas do cotidiano, para
justificar seu inusitado sobrenome.
Meu primeiro contato com sua obra foi
através do Roberto Carlos que tornou famosa uma de suas mais belas canções
românticas: “Como vai você?”. Era 1972 e eu tinha apenas 9 anos. A música me
tocou profundamente e foi a primeira que aprendi a cantarolar por inteiro.
Logicamente que eu cantava escondido no banheiro e dedicava à primeira paixãozinha
do ensino fundamental...rs Mas era apenas mais uma “música do Rei”, de tantas
que aprendi a gostar à época.
Somente anos mais tarde, quando passei
a conhecer e gostar de outras canções românticas do Antonio Marcos, é que fui
saber que ele tinha composto também “Como vai você?”. Fui fã de músicas como “Menina
de Trança”, “´Porque a chora a tarde”, “Volte amor” (versão dele para um
clássico italiano, Torneró). Como intérprete, ficou famoso pela ultragospel “Homem
de Nazaré” (Cláudio Fontana) e brilhou com sua composição “Sonhos de um Palhaço”
em meados dos anos 1970. Em 1977, uma música com motivo religioso me encantou: “Quem
dá mais?”, que era tema de abertura da primeira versão da novela ‘O Profeta”,
de Ivani Ribeiro, que assisti na extinta TV Tupi.
Quando vim morar em Santarém (1978),
aos 15 anos, meu primeiro grande amigo foi um colega do colégio Rodrigues dos
Santos, onde completei o ensino fundamental. O Wilson Fernandes (já falecido),
era um romântico, mas com ar irônico. Um dia, comentávamos um clipe que oi
lançado no Fantástico com o novo sucesso do “Pensamento” e que adoramos: “Vai,
meu irmão! (Calendário)”, e descobri que meu amigo era um hiperfã do Antonio Marcos:
tinha quase todos os seus LPs! Foi através dele que comecei a conhecer outras
músicas do “Pensamento”. Duas delas, altamente reflexivas, se tornaram minhas
preferidas; “Gaivotas” (que ele fez em homenagem a Roberto Carlos, e o Rei regravou)
e “Registro Geral”, uma pérola desconhecida de muita gente.
É exatamente através da letra de “Registro
Geral” (do LP Cicatrizes, de 1974) que
faço minha reflexão de aniversário, por ser sempre tão atual e me sentir
descrito nela. Acompanhe a letra e no final, clique no link para ouvi-la no
YouTube:
Registro
Geral (Antonio Marcos)
(Declamando)
Sou quem se cruza
Ao passar por você,
Quase todos os dias!
Sou o que vem e o que vai,
Mas você nunca sabe!
Sou
apenas um,
Um a mais...
Na rua,
No mundo e na vida,
Apenas um,
Apenas um a mais...
Tenho
estatura comum,
Olhos e cabelos castanhos,
Eu gaguejo um pouco
Quando fico nervoso.
Tenho
esperado
Que se termine logo o metrô
Que é pra eu chegar
Mais depressa em meu trabalho!
Que
mais posso dizer?!
Nunca fiz nada de muita importância,
Nunca verei meu nome,
Em manchetes de jornais.
E se acaso isso um dia acontecer
Será por motivos muito tristes!
(Cantando)
Alguma vez escrevi
Três ou quatro poesias,
Que eu gritei por aí,
Sem dizer que eram minhas!
Tenho
uma vida pequena,
Mas nunca vazia!
E alguém me amou uma vez
Quando mais eu queria!
Poucas
pessoas que eu quis,
Eu verei no caminho...
Quando eu tiver que partir,
Sei que parto sozinho!
Ah!
quando a estrela acabar,
Quem poderá me arranjar
Outro registro geral?!
(Declamando)
Certa
vez,
Entre as quatro paredes de um elevador,
Em meio aos gritos da penúltima noite,
Eu vi um bêbado todo enfeitado...
De
voz pequena, ele cantava a vida,
O rosto azul e um girassol na testa,
Dançava a dança e encanto esperançado,
Bebeu demais e se espalhou na terra...
Pra
meu espanto e pranto imediato,
Incendiou-se o elevador do tempo...
E não havia o que temer no fogo,
Mas eu fui bobo e não dancei de medo!
Hoje
eu desci do elevador e ando,
Esbarro a toa em templos da estrutura,
Talvez estúpido ou desinformado.
Sou
importante
E nunca plantei flores,
Não dei boa noite,
Não comi a terra,
Será
que eu deixarei
Um filho bem plantado?!
E a indiferença desse sol escasso,
Me dá o espaço de quem sabe nada,
Onde
andará o bêbado enfeitado?!
Em que lugar o girassol da vida?!
https://youtu.be/AyDQ18Rih3M
Dentro de um ano, serei um
sex(y)agenário! Rs Mas agora, nessa “antessala do Hexa”, meu Pensamento se
confunde com o do poeta Antonio Marcos Pensamento da Silva, um Silva quanto
tantos outros e que viveu uma vida atribulada com esposas famosas como a
cantora Vanusa e a atriz Débora Duarte. Foi também ator, mas seu principal
legado está em letras como Registro Geral, em que se mostra um poeta
atormentado com seu tempo, querendo entender o porquê de estar aqui.
Hoje estou de folga do meu
trabalho (servidores do TJPA têm o benefício de folgar no dia de seu
natalício...rs) mas acordei cedo para escrever esse texto e incluir no meu
blog, para depois espalhar o link nas minhas redes sociais e nas linhas de
transmissão do meu WhatsApp. Não tenho vergonha de comemorar mais um
aniversário, fazendo barulho entre amigos. Pois como diz meu poeta “Pensamento”,
na letra de Gaivotas: “Eu quando saio pelo mar afora/Faço de conta que já vou
embora/Mas apenas fico nas mentiras/Que matam por momentos desventuras...”
Que tenhamos todos bons momentos
de PENSAMENTO, para refletir sobre nossas desventuras, principalmente num ano
em que elas estão tão escancaradas. Feliz meu Aniversário...rs