A notícia que circulou esta semana nos bastidores políticos é de que a prefeita Maria do Carmo deve anunciar na terça-feira, 25/04, o novo coordenador municipal de Cultura. Depois de um hiato de mais de dois meses, já não era sem tempo. O problema é a articulação que acontece por trás desta indicação.
Um dos 11 secretários que já ocuparam esta pasta nestes 20 anos, me confidenciou certa vez que “a secretaria de cultura é o almoxarifado das sobras de campanha”. Ou seja, um perfeito cabide para candidatos a vereador derrotados, cabos eleitorais frustrados e apadrinhados sem qualificação. Agora, negociar o cargo para ampliar o poder político da administração ainda não havia acontecido.
Tudo indica que o cargo será do PL (Partido Liberal), que apesar de ser aliado nacional do PT foi o seu rival na última campanha municipal com Alexandre Von e elegeu dois vereadores, inclusive a presidente da Câmara, Beth Lima. O presidente regional do partido, deputado Raimundo Santos (santareno de nascimento, oportunista de ocasião) e evangélico, teria indicado o pastor Carlos Alberto, presidente municipal do partido. Em troca, Maria passa a ter uma bancada de sustentação de 10 dos 14 vereadores da Câmara.
Muita gente teme que um pastor à frente de uma coordenadoria de cultura é no mínimo preocupante. Qual seria sua atuação diante de eventos tidos como “profanos” na ideologia evangélica, como o carnaval e o Sairé?
Creio que a discussão não deveria resvalar para uma querela religiosa. Afinal, por conta do inferno astral em que a cultura se encontra, quem sabe não estejamos precisando até de um exorcista ou quem sabe de um pai-de-santo?
A cultura local vive um momento de desmobilização. Dos movimentos organizados de cultura, o único que sobrevive à duras penas é o do teatro. A ATAS tenta reorganizar sua diretoria e reagrupar os mais de 20 grupos de teatro amador espalhados pelos bairros (o Gruteja, uma das referências do movimento, este ano praticamente deixou de existir e nem apresentou a tradicional Paixão de Cristo). Já o carnaval, o folclore, a música, a poesia e as artes plásticas, vivem o marasmo nunca dantes visto e até o único cinema que tínhamos, fechou!
Além disso, não se consegue organizar o Conselho Municipal de Cultura e nenhuma das teses defendidas no I Fórum Municipal de Cultura realizado em julho do ano passado, saiu do papel. Entre elas, a maior aspirações de todos os grupos culturais: a definição de um espaço para eventos culturais. É triste acompanhar a situação da Casa de Cultura, onde no último Projeto Pixinguinha por pouco vimos músicos de renome como Jane Duboc tendo que usar guarda-chuva para escapar das goteiras do palco!
Recentemente foram criadas duas ong´s culturais (Alas – Academia de Letras e Artes e Instituto de Pesquisa e Promoção Cultural Kauré) que tentam resgatar as 7 artes, mas ainda estão longe de serem um movimento estruturado.
Será que vale a pena arriscar este patrimônio cultural em troca de apoio político?
Estou convencido de que administrar é coisa de administrador, no sentido lato da palavra. Se o pastor reunir estas condições, tudo bem.
Mesmo assim, fica a pulga atrás da orelha. E a torcida para que nome tenha maior afinidade com a cultura, como o do médico e compositor João Otaviano (também do PL), mas que pode ser carta fora do baralho.
Um dos 11 secretários que já ocuparam esta pasta nestes 20 anos, me confidenciou certa vez que “a secretaria de cultura é o almoxarifado das sobras de campanha”. Ou seja, um perfeito cabide para candidatos a vereador derrotados, cabos eleitorais frustrados e apadrinhados sem qualificação. Agora, negociar o cargo para ampliar o poder político da administração ainda não havia acontecido.
Tudo indica que o cargo será do PL (Partido Liberal), que apesar de ser aliado nacional do PT foi o seu rival na última campanha municipal com Alexandre Von e elegeu dois vereadores, inclusive a presidente da Câmara, Beth Lima. O presidente regional do partido, deputado Raimundo Santos (santareno de nascimento, oportunista de ocasião) e evangélico, teria indicado o pastor Carlos Alberto, presidente municipal do partido. Em troca, Maria passa a ter uma bancada de sustentação de 10 dos 14 vereadores da Câmara.
Muita gente teme que um pastor à frente de uma coordenadoria de cultura é no mínimo preocupante. Qual seria sua atuação diante de eventos tidos como “profanos” na ideologia evangélica, como o carnaval e o Sairé?
Creio que a discussão não deveria resvalar para uma querela religiosa. Afinal, por conta do inferno astral em que a cultura se encontra, quem sabe não estejamos precisando até de um exorcista ou quem sabe de um pai-de-santo?
A cultura local vive um momento de desmobilização. Dos movimentos organizados de cultura, o único que sobrevive à duras penas é o do teatro. A ATAS tenta reorganizar sua diretoria e reagrupar os mais de 20 grupos de teatro amador espalhados pelos bairros (o Gruteja, uma das referências do movimento, este ano praticamente deixou de existir e nem apresentou a tradicional Paixão de Cristo). Já o carnaval, o folclore, a música, a poesia e as artes plásticas, vivem o marasmo nunca dantes visto e até o único cinema que tínhamos, fechou!
Além disso, não se consegue organizar o Conselho Municipal de Cultura e nenhuma das teses defendidas no I Fórum Municipal de Cultura realizado em julho do ano passado, saiu do papel. Entre elas, a maior aspirações de todos os grupos culturais: a definição de um espaço para eventos culturais. É triste acompanhar a situação da Casa de Cultura, onde no último Projeto Pixinguinha por pouco vimos músicos de renome como Jane Duboc tendo que usar guarda-chuva para escapar das goteiras do palco!
Recentemente foram criadas duas ong´s culturais (Alas – Academia de Letras e Artes e Instituto de Pesquisa e Promoção Cultural Kauré) que tentam resgatar as 7 artes, mas ainda estão longe de serem um movimento estruturado.
Será que vale a pena arriscar este patrimônio cultural em troca de apoio político?
Estou convencido de que administrar é coisa de administrador, no sentido lato da palavra. Se o pastor reunir estas condições, tudo bem.
Mesmo assim, fica a pulga atrás da orelha. E a torcida para que nome tenha maior afinidade com a cultura, como o do médico e compositor João Otaviano (também do PL), mas que pode ser carta fora do baralho.
[Em tempo: ontem mesmo a prefeita Maria do Carmo acabou empossando o novo coordenador. Como era esperado, deu o pastor Carlos Alberto Silva, responsável pela Igreja da Paz do Santarenzinho. A antecipação da posse, de certeza, foi para diminuir o desgaste poítico antecipado do novo coordenador, diante da reação dos setores culturais pela imprensa].
--------------------------
(*)Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada ontem (21.04.2006), no Diário do Tapajós, edição regional do jornal Diário do Pará.
Ótimo artigo,Jota.
ResponderExcluirE obrigado pelos seus sempre lúcidos comentários em meu blog.
Juro prá voce se eu ganhasse na Quina lhe pagava R$ 15 mil por mes para voce manter seu blog sem preocupações de tempo, dinheiro e outros compromissos..rs.
Abs
Vou torcer por você! Joga os números 13 (PT) e 40 (PSB). Tão na moda... rsrsr
ResponderExcluir