Uma pessoa normal de grandes ou médios centros urbanos - como Santarém pretende ser – pode instalar-se confortavelmente em frente a um home theater em sua casa, pedir uma pizza delivery e assistir ao Big Brother. Ou ainda, vestir uma roupa baby look, baladear na Fun House ou no Escalper. Pode também pegar seu filho, que estuda no baby class de uma grande escola, para passear no shopping center (quando houver) e, depois de fazer compras aproveitando o off shore, saborear um milke shake no primeiro fast food. Mas se for uma pessoa mais culta, pode até participar de um workshop, em cujo intervalo saboreará certamente um coffee break, e depois retornará aos debates sobre um interessante tema: “A importância da língua portuguesa nos dias de hoje”.
Seria cômico se não fosse trágico, mas a cultura yankee se apossou do nosso dia-a-dia de tal forma que uma simples narrativa do cotidiano de um cidadão comum, como a que fiz acima, necessite de uma tecla SAP para o melhor entendimento do texto.
Num mundo marcado pela ideologia consumista, é quase impossível não aderir aos modismos da linguagem hi-tech com predominância do inglês, língua-mater de quem manda no mundo. Para isso contribuem também, programas de televisão que alimentam a cultura pop para a geração MTV ou os chats, flogs, blogs e outros “spaces” que permeiam nossa era digital, nos cybercafés de cada esquina. Hoje é mais fácil um adolescente saber de cor a música de grupos como Linkin Park ou System of a Down do que cantarolar (nem que seja uma estrofe incompleta) o Hino Nacional. Longe de mim fazer uma crítica ufanista e retrógrada, recheada de nacionalismo patriótico de caserna. Mas acho que se houvesse uma política educacional mais definida em nosso país, os exageros poderiam ser contidos.
O debate sobre os estrangeirismos da língua tem sido a tônica em algumas aulas do curso de jornalismo que freqüento e sempre se chega a uma triste constatação: como frear o avanço dessa invasão, se é que isso seja possível? Renomados lingüistas afirmam que a “língua vive em constante evolução” e que nesse processo pode sofrer as mais diversas influências, absorvendo ou não alguns dos termos que logo se tornarão abrasileirados. Não pode haver maior exemplo do que o nosso futebol, que já foi o foot ball dos ingleses e que aos poucos ganhou a ginga nacional.
Para se defender essa tese, usa-se até mesmo do exemplo dos estrangeirismos franceses, que tomaram conta do país no início do século XX, já que era très chic se expressar nessa língua, de tal forma que acabamos importando garçons, garçonières, bombonières, abajures e todo o glamour dessa língua prima do português, da família latina. O mesmo não se pode dizer da língua espanhola, o primo pobre, predominante na América Latina da qual também fazemos parte. Preferimos atravessar as fronteiras do México e cair nos braços do Tio Sam.
Falando nos franceses, eles nos dão uma luz de como iniciar um processo para evitar essa invasão, ao criarem leis que impedem tal aviltamento de sua língua.
Por aqui, um deputado chegou a apresentar um projeto no Congresso Nacional neste sentido, mas tem sido bombardeado por todos os lados. Não conheço a proposta, mas sou simpático a qualquer idéia que pelo menos coloque o tema em debate, muito embora não se possa imaginar que seja possível estancar abruptamente esse processo.
Tudo depende da educação que se possa ter, principalmente na escola, começando pelo velho jardim de infância. Depois de se fechar o tal “baby class”, onde tudo pode começar...
Seria cômico se não fosse trágico, mas a cultura yankee se apossou do nosso dia-a-dia de tal forma que uma simples narrativa do cotidiano de um cidadão comum, como a que fiz acima, necessite de uma tecla SAP para o melhor entendimento do texto.
Num mundo marcado pela ideologia consumista, é quase impossível não aderir aos modismos da linguagem hi-tech com predominância do inglês, língua-mater de quem manda no mundo. Para isso contribuem também, programas de televisão que alimentam a cultura pop para a geração MTV ou os chats, flogs, blogs e outros “spaces” que permeiam nossa era digital, nos cybercafés de cada esquina. Hoje é mais fácil um adolescente saber de cor a música de grupos como Linkin Park ou System of a Down do que cantarolar (nem que seja uma estrofe incompleta) o Hino Nacional. Longe de mim fazer uma crítica ufanista e retrógrada, recheada de nacionalismo patriótico de caserna. Mas acho que se houvesse uma política educacional mais definida em nosso país, os exageros poderiam ser contidos.
O debate sobre os estrangeirismos da língua tem sido a tônica em algumas aulas do curso de jornalismo que freqüento e sempre se chega a uma triste constatação: como frear o avanço dessa invasão, se é que isso seja possível? Renomados lingüistas afirmam que a “língua vive em constante evolução” e que nesse processo pode sofrer as mais diversas influências, absorvendo ou não alguns dos termos que logo se tornarão abrasileirados. Não pode haver maior exemplo do que o nosso futebol, que já foi o foot ball dos ingleses e que aos poucos ganhou a ginga nacional.
Para se defender essa tese, usa-se até mesmo do exemplo dos estrangeirismos franceses, que tomaram conta do país no início do século XX, já que era très chic se expressar nessa língua, de tal forma que acabamos importando garçons, garçonières, bombonières, abajures e todo o glamour dessa língua prima do português, da família latina. O mesmo não se pode dizer da língua espanhola, o primo pobre, predominante na América Latina da qual também fazemos parte. Preferimos atravessar as fronteiras do México e cair nos braços do Tio Sam.
Falando nos franceses, eles nos dão uma luz de como iniciar um processo para evitar essa invasão, ao criarem leis que impedem tal aviltamento de sua língua.
Por aqui, um deputado chegou a apresentar um projeto no Congresso Nacional neste sentido, mas tem sido bombardeado por todos os lados. Não conheço a proposta, mas sou simpático a qualquer idéia que pelo menos coloque o tema em debate, muito embora não se possa imaginar que seja possível estancar abruptamente esse processo.
Tudo depende da educação que se possa ter, principalmente na escola, começando pelo velho jardim de infância. Depois de se fechar o tal “baby class”, onde tudo pode começar...
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(*)Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada em 24.03.2006, no Diário do Tapajós, edição regional do Diário do Pará
Língua viva.
ResponderExcluirViva cultura.
Cultura língua.
Lingua liberta.
Liberta cultura
Viva libertae
Tempo língua
Cultura tempo
Vive língua.
Muda.