Lancei ontem, no suplemento regional do Diário do Pará, uma nova coluna jornalística: PERIPATOS. A partir de agora, todas as terças e sextas escreverei esta coluna no Diário do Tapajós, que agora terá como editora a colega Albanira Coêlho.
A coluna será divulgada aqui no blog sempre no dia seguinte à publicação. Eis o texto de estréia:
Um novo passeio filosófico
Começo aqui e agora um novo caminho jornalístico, nesta coluna de nome esquisito. Pra quem me conhece, ou estudou um pouco de filosofia grega, deve saber que a palavra é de origem grega, como eu.
Ao retornar da Grécia, onde vivi entre 1988/1991, imaginei trilhar novos caminhos baseados nos ensinamentos filosóficos de meus ancestrais gregos, principalmente Aristóteles de quem me tornei fã. Estudei na universidade que leva seu nome, em Salônica, visitei as ruínas do castelo onde Alexandre, o grande, recebeu seus ensinamentos e sempre que ia para Atenas, não deixava de visitar a ladeira norte da Acrópolis, onde podia andar no antigo peripatos, o caminho coberto que fazia parte do Liceu, ginásio dedicado a Apolo Lykeios no qual o filósofo teria começado a ensinar sua doutrina.
Segundo consta nos apontamentos históricos, as aulas e discussões ocorriam naquele passeio coberto (em grego, peripatos), surgindo assim a filosofia peripatética de Aristóteles, baseada no diálogo com seus discípulos, enquanto caminhavam.
Aristóteles premiava o diálogo e a divulgação do conhecimento para a consecução do saber, ou seja, tudo que saía dos debates nas longas caminhadas era transformado em algo escrito. A leitura de outras obras embasava suas teorias, deixando de lado o empirismo de outros sábios, como Platão, seu mentor.
Vai daí a idéia que eu tinha em escrever sobre esta cidade, a partir de caminhadas, filosofando sobre esta “pérola abandonada”, meu Olimpo de observações. Não que eu possa chegar aos pés de um Aristóteles! Nem é essa a intenção. Na verdade, através do que eu possa escrever, seja feita uma homenagem ao método empregado pelo grande mestre.
Como não tenho um veículo próprio há muito tempo e precisava caminhar para queimar “algumas gordurinhas”, me propus a conhecer a cidade de ponta-a-ponta vendo os detalhes bons ou maus e fazendo juízo de valor. Sem discípulos, encontro as pessoas que me contam estórias e me dão opiniões. Elas não buscam um sábio, mas querem um porta-voz jornalista para suas ansiedades.
No meu peripatos do dia-a-dia encontrei o primeiro percalço: as calçadas de Santarém. Como andar numa cidade cujas calçadas são extensão das casas e cada pessoa a molda à sua imagem e semelhança? Cheguei a pelo menos uma conclusão: se a filosofia ocidental, predominantemente marcada pelos ensinamentos aristotélicos, dependesse do “peripatos da pérola”, já teria se acabado num tropeção... Triste vida de um filósofo dos trópicos...
Mas continuarei por aqui, no Diário do Tapajós, andando neste peripatos, ou melhor, driblando todos os empecilhos que possa imaginar nossa vã filosofia...
Começo aqui e agora um novo caminho jornalístico, nesta coluna de nome esquisito. Pra quem me conhece, ou estudou um pouco de filosofia grega, deve saber que a palavra é de origem grega, como eu.
Ao retornar da Grécia, onde vivi entre 1988/1991, imaginei trilhar novos caminhos baseados nos ensinamentos filosóficos de meus ancestrais gregos, principalmente Aristóteles de quem me tornei fã. Estudei na universidade que leva seu nome, em Salônica, visitei as ruínas do castelo onde Alexandre, o grande, recebeu seus ensinamentos e sempre que ia para Atenas, não deixava de visitar a ladeira norte da Acrópolis, onde podia andar no antigo peripatos, o caminho coberto que fazia parte do Liceu, ginásio dedicado a Apolo Lykeios no qual o filósofo teria começado a ensinar sua doutrina.
Segundo consta nos apontamentos históricos, as aulas e discussões ocorriam naquele passeio coberto (em grego, peripatos), surgindo assim a filosofia peripatética de Aristóteles, baseada no diálogo com seus discípulos, enquanto caminhavam.
Aristóteles premiava o diálogo e a divulgação do conhecimento para a consecução do saber, ou seja, tudo que saía dos debates nas longas caminhadas era transformado em algo escrito. A leitura de outras obras embasava suas teorias, deixando de lado o empirismo de outros sábios, como Platão, seu mentor.
Vai daí a idéia que eu tinha em escrever sobre esta cidade, a partir de caminhadas, filosofando sobre esta “pérola abandonada”, meu Olimpo de observações. Não que eu possa chegar aos pés de um Aristóteles! Nem é essa a intenção. Na verdade, através do que eu possa escrever, seja feita uma homenagem ao método empregado pelo grande mestre.
Como não tenho um veículo próprio há muito tempo e precisava caminhar para queimar “algumas gordurinhas”, me propus a conhecer a cidade de ponta-a-ponta vendo os detalhes bons ou maus e fazendo juízo de valor. Sem discípulos, encontro as pessoas que me contam estórias e me dão opiniões. Elas não buscam um sábio, mas querem um porta-voz jornalista para suas ansiedades.
No meu peripatos do dia-a-dia encontrei o primeiro percalço: as calçadas de Santarém. Como andar numa cidade cujas calçadas são extensão das casas e cada pessoa a molda à sua imagem e semelhança? Cheguei a pelo menos uma conclusão: se a filosofia ocidental, predominantemente marcada pelos ensinamentos aristotélicos, dependesse do “peripatos da pérola”, já teria se acabado num tropeção... Triste vida de um filósofo dos trópicos...
Mas continuarei por aqui, no Diário do Tapajós, andando neste peripatos, ou melhor, driblando todos os empecilhos que possa imaginar nossa vã filosofia...
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