A cultura tapajônica precisa de espaço
As novas gerações culturais de Santarém viram surgir movimentos na década de 1980 como o Canto de Várzea, os grupos de teatro da ATAS e até uma iniciativa pioneira de um grupo denominado Arte Clube Acauã, que trouxe para Santarém sessões de filmes clássicos de cinema, numa tentativa de estabelecer um cineclube.
Mas estas manifestações encontraram a barreira da falta de espaços adequados para seu desenvolvimento. Se antes havia um Teatro Vitória, um Centro Recreativo ou ainda um Cinema Olímpia, onde a cultura parecia se perpetuar, a nova geração foi vendo seus espaços se minguarem, reduzindo-se a malfadada Casa de Cultura.
Recentemente participei de um interessante debate na internet sobre a possibilidade de criação de um novo espaço cultural, no que restou da antiga Fortaleza do Tapajós onde se situa o mais bonito mirante da cidade (foto). O problema é que lá existe o tradicional colégio Frei Ambrósio e qualquer movimento que seja feito neste sentido, recebe uma reação ruidosa que usa sempre o pretexto da tradição do colégio de 105 anos.
A escola Frei Ambrósio, apesar de ser de ensino fundamental, está vinculada ao Governo do Estado e o prédio faz parte do patrimônio estadual. Para que o município possa, efetivar qualquer projeto na área, seria necessário primeiro municipalizar o ensino e a administração municipal absorver todas as escolas de nível fundamental, inclusive as instalações, coisa que a atual administração estadual se recusa em providenciar.
Volto a defender aqui, repetindo o que já disse no debate na internet, três aspectos fundamentais que derrubam a tese da tradição do local para o colégio e espero ampliar este debate com o diretor do colégio, que se mostra sensível à cultura:
1) a Escola Frei Ambrósio realmente tem mais de 100 anos de fundação, mas o prédio original não foi construído neste espaço. Na verdade, segundo anotações históricas, este é o terceiro lugar onde funcionou a instituição e em nada afetaria a tradição do colégio uma nova mudança de local;
2) Os alunos que estudam no Frei Ambrósio, em sua imensa maioria vêm da periferia, onde inclusive já existem escolas para atendê-los. Nada contra alunos quererem estudar no centro, mas dentro de um processo de municipalização e levando-se em conta gastos com meia passagem, seria prudente que eles optassem por escolas mais próximas de suas residências.
3)Para finalizar, a construção de um centro cultural ou qualquer coisa do tipo naquele local, seria um benefício a toda a cidade e não somente a um grupo de alunos.
Será que é difícil se pensar em sentimentos mais coletivos e não segmentados?
As novas gerações culturais de Santarém viram surgir movimentos na década de 1980 como o Canto de Várzea, os grupos de teatro da ATAS e até uma iniciativa pioneira de um grupo denominado Arte Clube Acauã, que trouxe para Santarém sessões de filmes clássicos de cinema, numa tentativa de estabelecer um cineclube.
Mas estas manifestações encontraram a barreira da falta de espaços adequados para seu desenvolvimento. Se antes havia um Teatro Vitória, um Centro Recreativo ou ainda um Cinema Olímpia, onde a cultura parecia se perpetuar, a nova geração foi vendo seus espaços se minguarem, reduzindo-se a malfadada Casa de Cultura.
Recentemente participei de um interessante debate na internet sobre a possibilidade de criação de um novo espaço cultural, no que restou da antiga Fortaleza do Tapajós onde se situa o mais bonito mirante da cidade (foto). O problema é que lá existe o tradicional colégio Frei Ambrósio e qualquer movimento que seja feito neste sentido, recebe uma reação ruidosa que usa sempre o pretexto da tradição do colégio de 105 anos.
A escola Frei Ambrósio, apesar de ser de ensino fundamental, está vinculada ao Governo do Estado e o prédio faz parte do patrimônio estadual. Para que o município possa, efetivar qualquer projeto na área, seria necessário primeiro municipalizar o ensino e a administração municipal absorver todas as escolas de nível fundamental, inclusive as instalações, coisa que a atual administração estadual se recusa em providenciar.
Volto a defender aqui, repetindo o que já disse no debate na internet, três aspectos fundamentais que derrubam a tese da tradição do local para o colégio e espero ampliar este debate com o diretor do colégio, que se mostra sensível à cultura:
1) a Escola Frei Ambrósio realmente tem mais de 100 anos de fundação, mas o prédio original não foi construído neste espaço. Na verdade, segundo anotações históricas, este é o terceiro lugar onde funcionou a instituição e em nada afetaria a tradição do colégio uma nova mudança de local;
2) Os alunos que estudam no Frei Ambrósio, em sua imensa maioria vêm da periferia, onde inclusive já existem escolas para atendê-los. Nada contra alunos quererem estudar no centro, mas dentro de um processo de municipalização e levando-se em conta gastos com meia passagem, seria prudente que eles optassem por escolas mais próximas de suas residências.
3)Para finalizar, a construção de um centro cultural ou qualquer coisa do tipo naquele local, seria um benefício a toda a cidade e não somente a um grupo de alunos.
Será que é difícil se pensar em sentimentos mais coletivos e não segmentados?
Jotarraz,
ResponderExcluirEspecialmente a última frase de seu post remete a discussão a um novo patamar.mais elevado que o anterior.E,o que é melhor,encurrala os (vamos marquetar?) inimigos da cultura santarena...rsrsrs.Abraço
Jota,
ResponderExcluirCara, eu estava atrás de notícias sobre o Círio de Nazaré. Aí, um link me remeteu a outro e mais outro. Pronto! Cheguei ao teu blog para ler a polêmica sobre o Colégio Frei Ambrósio. Como, perto dele estava a estrelinha vermelha do PT, entrei na série das tuas memórias sobre a origem santarena do partido. Não consegui mais parar. Tu tens o talento de autor de novelas. Um capítulo chamava o outro. E eu fui, fui, de um por um, até... que acabou! Já estou na espera do próximo. Parabéns pelo jeito como tu contas a história, com emoção, graça e respeito pelos fatos. Me pareceu interessante porque falas de uma história que eu não conhecia, pois retornei dos estudos somente em 1996, quando comecei a me envolver com a criação da Reserva Extrativista (RESEX). De repente, muita coisa começou a se encaixar na minha mente. Até compreendi porque eu, um reles mortal que fui sempre um "simpatizante" do PT, a partir de 2001 virei "persona non grata" para os caras, a ponto de ser "triturado e queimado" de todo jeito. Tudo porque ajudei também na emergência política dos "índios" daí da região do Tapajós dentro da mesma RESEX. E os índios estariam "dividindo" o movimento dos trabalhadores rurais extrativistas. Como as comunidades indígenas não paravam de crescer (chegaram a 45, algo como 8 mil índios, em poucos anos), seria necessária uma maneira de neutralizá-los. E os índios e o Florêncio foram sacrifícados pelos tais "companheiros". Você devia ter me contado esta história antes...