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sexta-feira, 20 de maio de 2005

Falhas

Nos dias de hoje, a competição pode cegar profissionais de uma mesma área levá-los à busca da perfeição a qualquer custo. Inclusive apontando apenas os erros dos outros, como se o mesmo não tivesse falhas.
Estava filosofando com meus botões sobre isso e ao navegar na net, acabei entrando na página criada pelo Prof. Júlio Clebsch, destinado a discutir o dia-a-dia da educação e encontrei esse primoroso texto que lhe foi enviado por outro professor e resolvi colocar à disposição dos leitores deste blog, para reflexão:

"Falhas
Você já viu alguém que se acha mais inteligente do que na realidade é? Falo daqueles insuportavelmente "certos". Do tipo papai-sabe-tudo (é, daquele seriado antigo). Sempre desconfie das pessoas que dizem saber tudo. Você deve conhecer alguns, claro. Eles nunca erram. Nunca falham. Sempre culpam alguém ou alguma coisa, mas eles... eles são perfeitos. Transmitem a idéia - e muitas vezes acreditamos - de que o universo conspira a favor deles. É como se tivessem um toque mágico, divino.

Há pouco, recebi do professor Eleutério Dallazen, do Centro Cultural Brasil Estados Unidos, uma mensagem muito bonita sobre pessoas e suas imperfeições. Tem tudo a ver com o parágrafo acima. Chama-se "Falhas", a qual repasso para vocês:

'Uma das coisas que fascina na cidade de San Francisco é ela
estar localizada sobre a falha de San Andreas, que é um desnível no terreno da
região que provoca pequenos abalos sísmicos de vez em quando, e grandes
terremotos de tempos em tempos.

Você está deslumbrado, caminhando pela cidade, apreciando
a arquitetura vitoriana, a baía, a famosa Golden Gate e, de uma hora para outra,
pode perder o chão. Ver tudo sair do lugar, ficar tontinho, tontinho. É pouco
provável que vá acontecer justo quando você estiver lá, mas existe a
possibilidade. Isso amedronta, mas ao mesmo tempo excita, vai dizer que não?

Assim são também as pessoas interessantes: têm falhas.
Pessoas perfeitas são como Viena, uma cidade quase perfeita.
Linda, sem fraturas geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio.

Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas.
É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com
personalidade, um vinco na testa que as caracterize.

Pessoas, como cidades, precisam ser limpas, mas não a ponto de não possuírem máculas. É importante suar na hora do cansaço. Também o é ter um cheiro próprio, uma camiseta velha para dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando você chorou.

Pessoas, como cidades, têm que funcionar, mas não podem
ser previsíveis. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser
insensatas, ligeiramente passionais. Devem demonstrar um certo desatino, ir
contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir perdão depois.
Aliás, pedir perdão sempre, para poder ter crédito e errar outra vez.

Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar,
devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser
calorosas, ser generosas e abrir suas portas. Devem nos fazer querer voltar,
porém não devem nos deixar 100% seguros, nunca.

Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar.
Nunca devem deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como cidades, têm
rachaduras internas. Portanto, podem surpreender.

Falhas. Agradeça as suas, que é o que humaniza você. E fascina os outros.'
Na próxima vez que você cruzar com o "senhor sabe tudo", mister perfeição, discretamente faça chegar às mãos dele esta mensagem. É melhor e mais prático do que você passar horas e horas discutindo e tentar convencê-lo de que ele não está certo."

Um comentário:

  1. Tenho este texto!!!!! Acho -o o bicho da goiaba!!!! Ehehehehehe... É, tio, todos nós temos nossos momentos "miss", mas tem gente que exagera e não toma chá de simancol em casa... Dia desses estive a ponto de recitar um outro proverbio menos nobre pra um certo senhor sabe tudo, mas decidi deixar pra lá...Pra que gastar saliva e português com pau torto que jura que é prumo...Beijocas.

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